Mas afinal, o que é a acne hormonal? E como tratá-la?
A acne vulgar difere da acne hormonal? Qual a sua origem e como acabar com ela? Procurámos saber a resposta a estas perguntas junto de Pedro Vasconcelos, dermatologista na Clínica de Santo António, Grupo Lusíadas Saúde.
Ao contrário do que a maioria das pessoas julga, a acne é um problema não só dos adolescentes mas também de mulheres adultas. Alguns estudos sugerem que 50% das mulheres entre os 20 e os 30 anos têm acne, ainda que sobretudo ligeira, e que entre os 40 e os 50 anos essa percentagem possa ser ainda de 25%.
O dermatologista Pedro Vasconcelos diz-nos que a “designação “acne hormonal” é usada frequentemente, muito embora não represente uma entidade clínica dermatológica concreta. Na verdade, a própria acne vulgar (que é a forma mais comum de acne e que habitualmente ocorre entre a puberdade e a juventude) tem incontornavelmente por base, entre outros fatores, as hormonas sexuais (masculinas e femininas)”.
No entanto, “mesmo após o período da vida em que é mais frequente ter acne, muitos indivíduos, sobretudo mulheres, mantém o aparecimento de lesões acneicas”, explica o especialista.
“A acne da mulher adulta é também denominada por “acne tardia da mulher” e é fortemente influenciada por questões do foro hormonal, daí também ser por vezes chamada de “acne hormonal”, embora este termo não seja inteiramente correto”, acrescenta.
Causas para o aparecimento da acne
Tal como nos explica o especialista, “a unidade pilossebácea, constituída pelos folículos pilosos e glândulas sebáceas a eles associadas, é muito influenciada pela ação das hormonas sexuais, sobretudo de tipo masculino. O funcionamento do eixo hipófise-ovário leva a que no organismo da mulher estejam permanentemente a ocorrer variações cíclicas envolvendo as hormonas sexuais. Por este motivo, mesmo após a adolescência, é frequente observar-se a erupção de acne nas mulheres, sobretudo nos dias em torno do período menstrual”.
Tal também acontece perto da menopausa, dadas as variações hormonais relevantes associadas a esta fase da vida feminina que pode levar ao surgimento da acne tardia na mulher.
O síndrome do ovário poliquístico é outra causa, relativamente frequente, da acne tardia ou persistente no sexo feminino, exigindo diagnóstico correto e acompanhamento em consulta de ginecologia, dado o seu potencial impacto na fertilidade e qualidade de vida da mulher.
Mais raramente, tumores do ovário ou da glândula suprarenal, podem ser produtores de hormonas sexuais de tipo masculino, o que pode levar, igualmente, ao aparecimento de acne tardia.
Como tratar acne hormonal
Este problema afeta a autoestima de muitas mulheres mas, felizmente, há algumas soluções disponíveis. O dermatologista enumera algumas.
Pedro Vasconcelos refere que “a acne tardia da mulher poderá ser tratada de forma distinta conforme a mulher se encontre em idade fértil ou na pós menopausa e, no primeiro caso, se pretende engravidar ou não. Apesar de na maior parte dos casos a acne tardia ser ligeira ou moderada, pode ser particularmente renitente às terapêuticas tópicas, respondendo melhor a tratamentos de toma oral”.
“Se a mulher está em idade fértil, não pretende engravidar e procura um método anticoncecional, a toma da pílula pode ser uma boa opção, sobretudo se a pílula integrar um componente progestativo com maior ação anti-androgénica (anti-hormonas masculinas)”, acrescenta.
“Alguns medicamentos são anti-androgénicos e podem oferecer bons resultados, mas os potenciais efeitos secundários ou contraindicações leva a que devam ser prescritos com especial cuidado. Após a menopausa, podem condicionar uma elevação temporária do colesterol no sangue, pelo que a sua prescrição terá que ser bem monitorizada na mulher de meia-idade”, alerta o especialista.
Há ainda outra forma de tentar combater este problema. Nalgumas situações, a utilização de peelings químicos superficiais específicos para pele acneica permite uma melhoria do problema.
Cuidados a ter
Os cuidados gerais de limpeza e hidratação com produtos apropriados para pele com tendência para acne são imprescindíveis, bem como a utilização de maquilhagem e protetores solares oil-free.
“Apesar da evidência científica não ser consensual nem conclusiva relativamente à associação entre alimentação e acne, alguns autores creem que os laticínios, as carnes vermelhas e os açúcares podem contribuir para o desenvolvimento de acne, dado o seu potencial metabólico pró-inflamatório”, conclui Pedro Vasconcelos.