A importância do consumo de água para a pele e bom funcionamento do organismo
Certamente já ouviu a expressão “água é vida”. Sofia Santareno, diretora clínica da The Dr. Pure Clinic e cirurgiã plástica, explica neste texto a importância deste elixir para o ser humano e como é essencial na sua existência.
“Beber água melhora a hidratação da pele” é uma expressão clássica e que ouvimos muito. No entanto, não basta por si só. Nunca tantas pessoas se dirigiram a mim, quer em consulta, quer através das redes sociais, para pedir orientações sobre como manter a pele mais estável e hidratada, seja devido à utilização de máscara ou por verificarem que, devido à idade e às várias alterações (entre elas o stresse psicológico), a pele resseca e repuxa.
Uma pele seca (xerose) é menos elástica, provoca comichão e é mais propensa a infeções e inflamação. Além disso, recupera mais lentamente após uma agressão.
A água é um bem essencial à vida. Alimenta os processos de fotossíntese das plantas e garante as trocas celulares em todos os seres vivos. Num ser vivo complexo como o ser humano, a água representa sem dúvida um papel central nas nossas funções vitais.
Devemos ingeri-la em quantidade suficiente para garantir a nossa saúde. Para tal, contamos com um mecanismo de regulação da água no nosso corpo, que funciona quase como um tanque de compensação de uma piscina ou de um autoclismo: a hipófise coordena a sede junto com os sistemas urinário, gastrointestinal, respiratório e ainda com a pele.
A barreira cutânea é a nossa primeira proteção do mundo exterior – considerada uma defesa primária -, e garante não só a defesa em relação aos agentes externos, como a manutenção da nossa homeostasia – em Medicina significa equilíbrio saudável.
A pele dá sinais ao nosso sistema interno sobre a temperatura exterior e consegue, através de um sistema reflexo inteligente, produzir suor que garante que a sensação térmica à superfície é mais suportável e que a nossa microbiota (conjunto de bactérias e leveduras amigas que vivem na nossa pele) não sofre grandes baixas.
A microbiota cutânea é, na verdade, um ecossistema complexo, que funciona numa fantástica simbiose connosco, seres humanos (e garantiu-nos uma vantagem evolucionista).
Imaginem uma população de micro seres vivos que funcionam num sistema autorregulado e inteligente à superfície da nossa pele, garantindo ainda uma melhor defesa primária de cada ser humano. Estas bactérias e fungos mudam nos formatos e nomes conforme a zona do corpo – as que vivem na pele dos pés são diferentes das que vivem nas mucosas (outro tipo de pele especial), por exemplo.
Para garantirmos que a nossa microbiota se mantém saudável e nos defende, temos de garantir que ela cresce e vive em cima de uma pele hidratada e com os prebióticos (alimentos) que necessitam.
Por sua vez, se a nossa pele cuidar bem da microbiota, este ecossistema cuida bem da nossa pele e, por sinal, de cada um de nós. É um dar e receber.
E como podemos ajudar? Através da hidratação oral, da correta limpeza da pele com prebióticos (como os das barras LILAC Sensitive Skin – os detergentes de limpeza não devem ser agressivos para o pH, senão acabam por matar algumas destas bactérias amigas) e da utilização de protetor solar, que previne o efeito da radiação na pele.
Devemos ainda garantir a aplicação de hidratantes adaptados a cada condição. Na pele oleosa, preferir os cremes à base de ácido hialurónico, e na pele seca, os cremes com vitamina E e mais ricos.
A correta hidratação da pele evita que o colagénio do tipo I (o mais valioso, que herdámos das origens marinhas e que começa a diminuir a partir dos 30 anos) se parta e surjam as rugas. Os passos mais avançados para hidratar a pele podem incluir a suplementação oral com ácido hialurónico e colagénio hidrolizado tipo I marinho, ou então injetáveis com os mesmos componentes – ácido hialurónico e bioestimuladores de colagénio.
Em 2015, foi publicado um estudo no Journal of Cosmetic Dermatology que comprova que a ingestão de colagénio oral por um período de oito semanas aumenta significativamente a hidratação da pele e a densidade do colagénio na derme. Por outro lado, diminui significativamente a fragmentação do colagénio dérmico, ou seja, as rugas diminuem logo após as quatro semanas de ingestão. Estes efeitos mantiveram-se no tempo.
A ingestão de água é o passo mais simples, mais acessível e transversal para cuidarmos da nossa pele e da nossa saúde, embora continuem a existir cerca de 2,1 biliões de pessoas sem acesso a água potável no mundo. Todos os outros fatores são cuidados extra que ajudam a ter uma pele mais aveludada e de excelência, com menos rugas e menos vermelhidão, para destacar a beleza natural da nossa pele.