Uma revolução verde tem vindo a surgir nos últimos tempos, onde os consumidores exigem das marcas de beleza mais transparência sobre os ingredientes, fórmulas e uma abordagem sustentável.
Segundo o estudo The Courage to Change, realizado pelo British Beauty Council, anualmente, são produzidos cerca de 120 biliões de embalagens pela indústria de beleza a nível mundial. Muitas destas embalagens acabam no lixo comum e são desperdiçadas, uma vez que não podem ser recicladas por causa da cor ou do material com que são feitas.
Enquanto consumidores, as nossas ações diárias têm peso e contribuem para a perpetuação do desperdício. É fundamental quebrar padrões e interromper o ciclo da poluição, mudando de comportamento.
De acordo com o estudo já citado, 91% dos inquiridos deseja produtos com menos embalagens e 88% tem interesse em que estas sejam refill. Mais do que isto, o consumidor atual (cerca de 90%) quer informação simplificada e clara sobre como reciclar as embalagens, enquanto 86% quer informação sobre a cadeia de fornecimento dos ingredientes.
Já não é suficiente um produto ter um selo vegan ou cruelty free, hoje em dia as pessoas querem perceber se o protetor solar que usam contribui para a destruição dos corais ou se os ingredientes naturais que uma marca comunica são realmente sustentáveis.
A sustentabilidade já não é apenas uma escolha, é uma necessidade
Mais do que um, vários problemas
No que toca aos produtos, a maioria dos consumidores já começa a adotar uma postura e mentalidade verde. Ingredientes orgânicos e naturais estão a tornar-se cada vez mais populares pelo seu impacto positivo, tanto na saúde como no meio ambiente. Mas não basta um para fazer a mudança, é preciso que tanto os consumidores como as marcas tomem uma atitude para proteger as pessoas e o planeta.
O modo como os ingredientes derivados de plantas são cultivados afeta as comunidades locais, o ecossistema dessa zona e a pegada de carbono de um produto. O caso mais notável é o óleo de palma, cujos derivados surgem em cerca de 70% dos cosméticos.
Para a sua plantação, alguns fornecedores dizimaram grande parte das florestas tropicais. A desflorestação é altamente destrutiva e acaba por gerar uma libertação de dióxido de carbono para a atmosfera superior à produzida pelos carros.
Além disto, o ‘ar’ emitido pelos sprays, perfumes e desodorizantes polui igualmente a atmosfera, contribuindo para o aumento do buraco na camada de ozono.
Mas não são apenas os ingredientes que têm um impacto negativo no ambiente, os materiais usados também. Grande parte do plástico utilizado acaba no fundo do oceano, poluindo não só a água como todo o sistema marinho, onde muitos animais acabam por ingerir estes microplásticos.
Aliado ao plástico em excesso está ainda o desperdício de água utilizada para desenvolver produtos.
Como ajudar em casa
Enquanto consumidor, existem pequenos gestos que pode realizar diariamente para reduzir o impacto no planeta:
- Recicle os cosméticos corretamente;
- Dê uma segunda vida às embalagens: pode usá-las para guardar pincéis ou como jarras para flores;
- Dê prioridade a marcas com uma atitude ecológica;
- Escolha produtos com ingredientes orgânicos ou de origem natural;
- Quando escolher um protetor solar, opte por aqueles com filtros amigos do ambiente;
- Poupe água quando toma banho, lava o cabelo e escova os dentes;
- Visite o site fooprintcalculator.org para conhecer a sua pegada de carbono e formas de reduzi-la.
As marcas precisam de começar a comunicar com clareza e integridade
Mais transparência, por favor
Honestidade está na ordem do dia e a boa notícia é que os consumidores não procuram perfeição, mas sim transparência.
O progresso e o caminho que as marcas de beleza fazem nesse sentido influencia a compra (ou não) de um cosmético. Para levantar o véu sobre o que está presente nos seus cremes, as marcas precisam de deixar de comunicar de forma pouco clara.
Uma pesquisa rápida no Instagram com a palavra clean beauty devolve mais de três milhões de resultados, mas não existe consenso sobre o que significa. A obsessão da indústria com estes conceitos – beleza verde, orgânica, limpa, natural – tem gerado alguma confusão nos consumidores, que exigem uma explicação concreta sobre cada palavra.
As marcas precisam de começar a comunicar com clareza e integridade. Infelizmente, em Portugal, não há uma definição legal para estes conceitos, o que abre espaço para a criação de certificações privadas.
No entanto, existem alguns selos que nos podem ajudar a conseguir a orientação de que precisamos:
- O coelho com as orelhas em coração ou o logótipo da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) garantem que um produto não foi testado em animais;
- O girassol é uma certeza de que é vegan;
- O da Ecocert garante que o produto em questão tem 95% de ingredientes de origem vegetal e 10% de ingredientes orgânicos.