Será que o botox de prevenção funciona? Falámos com um especialista
O botox ajuda a atenuar as rugas do rosto, mas sabia que esta toxina pode também ser usada na prevenção precoce das mesmas? David Valverde, médico especializado em Medicina Estética na Valverde Clinic, explica tudo sobre este procedimento.
As expressões que fazemos no dia a dia não só marcam a tez, como favorecem o aparecimento de rugas. Uma das soluções para combater este problema surgiu em 2002, a denominada toxina botulínica, mais conhecida como botox. Atualmente, este é um dos procedimentos estéticos mais procurados em todo o mundo.
Se já pensou em recorrer a este tratamento, não está sozinha. No entanto, é necessário informar-se sobre o tema e aconselhar-se sempre com um médico especializado.
Para a ajudar, a Saber Viver conversou com David Valverde, da Valverde Clinic. Com um mestrado em Bioquímica e estudos pós-graduados em Medicina Estética e Cosmética, o especialista explicou tudo o que precisa de saber sobre botox preventivo.
Descubra tudo.
Botox de prevenção: funciona ou não?
O que é o botox e como atua
“A toxina botulínica, ou botox, é uma substância que atua sobre os nervos, ou seja, o neurónio pode lançar um sinal, mas a toxina impede que a informação chegue ao músculo e este não contrai. Naturalmente, ao não contrair os músculos da face, a pele fica mais lisa“, começa por explicar o especialista em Medicina Estética.
Em conversa com David Valverde ficámos a saber que existem dois tipos de rugas, as dinâmicas e as estáticas, e as primeiras são as conhecidas como ‘rugas de expressão’, uma vez que surgem quando sorrimos, quando estamos com ar de espanto, etc., e as segundas, as rugas estáticas, são as que surgem com o envelhecimento natural da pele, visto que a partir dos 25 anos esta começa a perder a elasticidade.
Posto isto, “quando se fala então de botox preventivo é numa tentativa de evitarmos que a ruga que é dinâmica passe a estática”, esclarece.
Benefícios associados à sua aplicação
Quando questionado acerca dos benefícios, há claramente um que se destaca entre todos. “Um dos grandes benefícios do botox, para além de prevenir o aparecimento de rugas estáticas, é o impacto na autoestima”, afirma David Valverde.
De acordo com o especialista, há já alguns estudos que comprovam que muitas pessoas se sentem melhor com a sua aparência depois da aplicação de botox, o que, consequentemente, leva a um boost de confiança. Afinal, quem nunca se sentiu desconfortável na sua pele?
Quando começar e em que zonas aplicar
Apesar de depender do estilo de vida de cada um, David Valverde acredita que “começamos a aplicar o botox a partir dos 25, 30 anos, visto que a pele já está um pouco mais carregada por volta dessas idades”.
Em relação às zonas de aplicação, o especialista diz que “o botox está autorizado a ser trabalhado no terço superior do rosto, apesar de existirem profissionais um pouco mais arrojados que trabalham noutras zonas da face”.
A toxina pode então ser usada em três zonas: a região frontal, na zona ocular (ou pés de galinha) e no centro das sobrancelhas.
Quantidade, durabilidade e regularidade indicada para prevenir o envelhecimento
Para perceber e atingir o objetivo pretendido, ou seja, se o paciente ainda quer um pouco de movimento no rosto ou não, David Valverde aconselha a fazer uma avaliação, de forma a decidir qual a quantidade certa de botox a usar.
“O botox é aplicado por unidades, por isso depois da avaliação vemos então quantas unidades são necessárias. Uma pessoa que já esteja muito carregada, precisa de mais naturalmente.”
O especialista explica que, depois da aplicação, “a toxina geralmente dura quatro meses e convém não reaplicar antes desse período mesmo que o efeito já esteja a passar, pois o corpo pode produzir anticorpos contra o botox”.
É doloroso?
O procedimento é minimamente evasivo, o que significa “que o paciente vai sentir as picadas“, garante David Valverde. No entanto, existem formas de diminuir a dor, como uma anestesia tópica ou com gelo.
“Pode ainda ser usada a vibração, já que os recetores da mesma são mais rápidos do que os da dor, o que faz com que o cérebro se foque na vibração e não na picada.”
Riscos associados à aplicação
Recorrer a um médico especializado para a aplicação de botox é um passo essencial no procedimento, “já que uma toxina mal aplicada pode causar a perda de força de um músculo”, afirma o especialista em Medicina Estética.
Outro passo importante e que não deve deixar de ser feito é passar por uma consulta médica, para perceber se existe alguma doença que não permita a aplicação da toxina botulínica.
Já no processo de aplicação, garante que os efeitos adversos são passageiros. “Claro que a pessoa pode ficar com pequenos hematomas na zona da picada, mas este desaparecem rapidamente”, acrescenta.
Mitos associados ao botox
Segundo o especialista, são vários os mitos associados à toxina. O principal “é que uma pessoa com lábios grandes está cheia de botox“, quando, na verdade, este não é aplicado nos lábios.
“Há uma diferença entre um filler, que é um preenchimento, e uma toxina botulínica. São procedimentos totalmente diferentes e é importante desmistificá-los”, esclarece David Valverde.
A expressão facial é outro tópico de debate. Ainda que algumas pessoas acreditem que a aplicação de botox impede o movimento do rosto, o especialista em Medicina Estética afirma que nem sempre é o caso.
Por fim, confirma que não é obrigatório fazer aplicações contínuas da toxina. “Se o paciente quiser deixar de a fazer, pode fazê-lo sem problema”, acrescenta.
O veredicto final
Em resposta à questão que originou este artigo, sim, o botox preventivo funciona, visto que, e de acordo com o especialista, ajuda a evitar que a ruga que é dinâmica passe a estática, como referimos acima. “A nossa pele é como um elástico, e ao longo do tempo perde colagénio, elastina, etc., e isso começa a notar-se. Uma pele que está constantemente com forças de tração vai ficar com as chamadas rugas estáticas.”
Ou seja, a aplicação da toxina botulínica a partir dos 25 anos ajuda a reduzir o aparecimento deste tipo de rugas, retardando, assim, o envelhecimento natural da pele.