De acordo com um artigo publicado no jornal da Social Psychological and Personality Science, quatro estudos relacionados tentaram avaliar os perfis de mulheres negras e brancas, com diversos tipos de penteados, em várias entrevistas de emprego. Aperceberam-se que as mulheres negras com cabelo natural foram referidas como “menos profissionais, menos competentes e menos aptas” para serem chamadas para uma nova entrevista de emprego do que mulheres negras com o cabelo liso.
Apesar deste artigo falar muito para além de cabelo, hoje quero focar-me no preconceito que existe em relação ao cabelo natural com textura.
Um cabelo considerado “normal”
Quando esticava o cabelo diariamente, sentia muita pressão para o ter perfeito: sem qualquer onda, frizz ou volume. Ter o cabelo liso fazia-me sentir mais respeitável no contexto de trabalho e sentia que precisava de o ter o mais liso possível para ser levada a sério.
A minha preocupação era sempre que o meu cabelo natural indicasse que eu era pouco cuidada na minha imagem ou pouco profissional. Estas ideias não surgem do nada, visto que uma vez fui a uma entrevista de emprego e perguntaram-me se estava num “bad hair day“, se costumava esticá-lo ou se ele era sempre assim.
Por vezes recebia comentários relativamente ao meu frizz e volume excessivo, e a verdade é que isso pode suscitar dúvidas sobre o nosso progresso capilar e até mesmo sobre a nossa autoconfiança.
Existe ainda um estigma grande que pressupõe que devemos ter cabelo liso para pertencer a um padrão “sofisticado” e “perfecionista”. Alisamos o cabelo durante anos com ferros de alisar, fazemos alisamentos no salão, relaxamentos e uma infinidade de procedimentos no cabelo e temos mil e uma frustrações por termos um cabelo considerado fora do que é “normal” para a sociedade.
Eu acredito que as mulheres que fazem um alisamento se sintam melhores, mas porque estão a alcançar estes padrões de beleza que a sociedade impõe. Há mulheres que simplesmente não têm ninguém com quem falar sobre isto abertamente, que acham normal a sociedade considerar o seu tipo de cabelo “rebelde”, pouco sofisticado, desgrenhado, etc. Mas isso é preconceito!
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A revolução capilar
Pode ser uma tarefa difícil assumir o cabelo ao natural nos primeiros dias numa empresa, mas será um passo significativo no combate ao preconceito e para uma mudança de hábitos nas instituições.
Seja um cabelo ondulado, encaracolado ou crespo, todos têm a sua beleza. No entanto, se o seu tipo de trabalho pede um visual específico, como acontece, por exemplo, com as hospedeiras de bordo, é possível assumir o cabelo natural com um penteado, em vez de o alisar.
No meu projeto, o que vejo muitas vezes como razão e motivo principal para se fazerem estes alisamentos é o facto de simplesmente muitas mulheres não saberem cuidar do cabelo ao natural. Será que uma mudança nos hábitos capilares poderia mudar esta ideia de que o liso perfeito é mais bonito?
Quando me dizem que o cabelo natural não é prático – será mesmo isso? Ou será que estão a projetar o cabelo natural no cabelo liso que tinham antes? Vai continuar numa procura incessante pela perfeição do liso?
Quando mudamos o nosso cabelo, também temos que mudar a nossa mentalidade.
É uma decisão que, na verdade, só cada pessoa pode decidir: está disposta a ver-se com o cabelo natural? Está disposta a aprender a cuidar do cabelo natural? Muitas vezes só aprendemos isto no decorrer do caminho, por isso, é preciso procurar estas respostas dentro de si, independentemente do que os outros pensam.
Ninguém pode julgar ninguém pelas sua decisões, cada uma faz com o seu cabelo aquilo que a fizer sentir melhor! Mas o mais importante: nunca se sinta pressionada para fazer algo por causa dos outros!
Se necessitar de mais ajuda, pode espreitar o serviço de Consultoria Capilar personalizado que a Marta faz, através de uma análise da rotina capilar, produtos usados, estado do cabelo e avaliação de cuidados capilares. Para além de mentorias capilares, conheça também a Academia Miss Curly, que inclui vários módulos para ensinar tudo sobre cabelo.