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“Cabelo encaracolado não é profissional”. O que é que isto significa?

Infelizmente, ainda são muitos os preconceitos associados ao cabelo encaracolado natural, principalmente no contexto de trabalho. Para desmistificar algumas ideias sobre o tema, contámos mais uma vez com a especialista em ondas, Marta Teixeira, mais conhecida no Instagram por Miss Curly.

Por Ago. 3. 2021

De acordo com um artigo publicado no jornal da Social Psychological and Personality Science, quatro estudos relacionados tentaram avaliar os perfis de mulheres negras e brancas, com diversos tipos de penteados, em várias entrevistas de emprego. Aperceberam-se que as mulheres negras com cabelo natural foram referidas como “menos profissionais, menos competentes e menos aptas” para serem chamadas para uma nova entrevista de emprego do que mulheres negras com o cabelo liso.

Apesar deste artigo falar muito para além de cabelo, hoje quero focar-me no preconceito que existe em relação ao cabelo natural com textura.

Um cabelo considerado “normal”

Quando esticava o cabelo diariamente, sentia muita pressão para o ter perfeito: sem qualquer onda, frizz ou volume. Ter o cabelo liso fazia-me sentir mais respeitável no contexto de trabalho e sentia que precisava de o ter o mais liso possível para ser levada a sério.

A minha preocupação era sempre que o meu cabelo natural indicasse que eu era pouco cuidada na minha imagem ou pouco profissional. Estas ideias não surgem do nada, visto que uma vez fui a uma entrevista de emprego e perguntaram-me se estava num “bad hair day“, se costumava esticá-lo ou se ele era sempre assim.

Por vezes recebia comentários relativamente ao meu frizz e volume excessivo, e a verdade é que isso pode suscitar dúvidas sobre o nosso progresso capilar e até mesmo sobre a nossa autoconfiança.

Quando mudamos o nosso cabelo, também temos que mudar a nossa mentalidade
Marta Teixeira, Miss Curly

Existe ainda um estigma grande que pressupõe que devemos ter cabelo liso para pertencer a um padrão “sofisticado” e “perfecionista”. Alisamos o cabelo durante anos com ferros de alisar, fazemos alisamentos  no salão, relaxamentos e uma infinidade de procedimentos no cabelo e temos mil e uma frustrações por termos um cabelo considerado fora do que é “normal” para a sociedade.

Eu acredito que as mulheres que fazem um alisamento se sintam melhores, mas porque estão a alcançar estes padrões de beleza que a sociedade impõe. Há mulheres que simplesmente não têm ninguém com quem falar sobre isto abertamente, que acham normal a sociedade considerar o seu tipo de cabelo “rebelde”, pouco sofisticado, desgrenhado, etc. Mas isso é preconceito!

A revolução capilar

Pode ser uma tarefa difícil assumir o cabelo ao natural nos primeiros dias numa empresa, mas será um passo significativo no combate ao preconceito e para uma mudança de hábitos nas instituições.

Seja um cabelo ondulado, encaracolado ou crespo, todos têm a sua beleza. No entanto, se o seu tipo de trabalho pede um visual específico, como acontece, por exemplo, com as hospedeiras de bordo, é possível assumir o cabelo natural com um penteado, em vez de o alisar.

Ninguém pode julgar ninguém pelas sua decisões, cada uma faz com o seu cabelo aquilo que a fizer sentir melhor
Marta Teixeira, Miss Curly

No meu projeto, o que vejo muitas vezes como razão e motivo principal para se fazerem estes alisamentos é o facto de simplesmente muitas mulheres não saberem cuidar do cabelo ao natural. Será que uma mudança nos hábitos capilares poderia mudar esta ideia de que o liso perfeito é mais bonito?

Quando me dizem que o cabelo natural não é prático – será mesmo isso? Ou será que estão a projetar o cabelo natural no cabelo liso que tinham antes? Vai continuar numa procura incessante pela perfeição do liso?

Quando mudamos o nosso cabelo, também temos que mudar a nossa mentalidade.

É uma decisão que, na verdade, só cada pessoa pode decidir: está disposta a ver-se com o cabelo natural? Está disposta a aprender a cuidar do cabelo natural? Muitas vezes só aprendemos isto no decorrer do caminho, por isso, é preciso procurar estas respostas dentro de si, independentemente do que os outros pensam.

Ninguém pode julgar ninguém pelas sua decisões, cada uma faz com o seu cabelo aquilo que a fizer sentir melhor! Mas o mais importante: nunca se sinta pressionada para fazer algo por causa dos outros!

Se necessitar de mais ajuda, pode espreitar o serviço de Consultoria Capilar personalizado que a Marta faz, através de uma análise da rotina capilar, produtos usados, estado do cabelo e avaliação de cuidados capilares. Para além de mentorias capilares, conheça também a Academia Miss Curly, que inclui vários módulos para ensinar tudo sobre cabelo.

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