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Tudo o que precisa de saber antes de fazer uma cirurgia plástica

Tudo o que precisa de saber antes de fazer uma cirurgia plástica

Remodelar o rosto e o corpo não só se tornou possível, como é mais seguro, simples e rápido. Descubra os avanços tecnológicos da cirurgia plástica, as intervenções mais procuradas e as perguntas a fazer antes de se submeter a qualquer procedimento.

A cirurgia plástica é uma especialidade médica que engloba desde as intervenções estéticas até aos tratamentos reconstrutivos. Inclui tanto o combate ao evelhecimento e outros objetivos estéticos como malformações, reconstruções pós-tumorais, anomalias de desenvolvimento, entre outros.

Os números são claros e revelam que há cada vez mais pessoas a procurar as soluções deste tipo de cirurgia para corrigir imperfeições e melhorar a sua imagem.

Os últimos dados divulgados pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (iSaP) confirmam o crescimento da cirurgia plástica a nível mundial.

O último relatório anual, referente a 2017, revelou um aumento de 5% na realização dos procedimentos cirúrgicos estéticos a nível global. E cirurgias como o rejuvenescimento vaginal, a abdominoplastia, a gluteoplastia e a rinoplastia cresceram entre 11 e 23%.

Por outro lado, há também uma procura cada vez maior pelos tratamentos minimamente invasivos para o rejuvenescimento facial e corporal com resultados eficazes e duradouros. Segundo a iSaP, em 2017, foram realizados mais de 10 milhões de tratamentos não invasivos de rejuvenescimento facial em todo o mundo.

Mas será que qualquer pessoa se pode submeter a uma cirurgia plástica?

Perguntas a fazer antes de uma cirurgia plástica

Antes de decidir fazer uma cirurgia plástica, perceba se é uma boa candidata respondendo a estas perguntas.

1. A minha saúde mental e física é boa, estou a alimentar-me bem e não fumo?

2. Estou preparada para mudanças necessárias no estilo de vida, como deixar de fumar, para realizar a cirurgia plástica?

3. Terei expetativas realistas em relação aos resultados da minha cirurgia?

4. A motivação para fazer este procedimento parte de mim ou das opiniões dos outros?

5. Dediquei tempo a testar os meus conhecimentos sobre a cirurgia plástica que quero fazer e a explorar cirurgiões plásticos qualificados (consulte a lista destes especialistas portugueses no portal da Ordem dos Médicos)?

6. Informei o meu cirurgião dos meus antecedentes clínicos, alergias a medicamentos e tratamentos que fiz ou estou a fazer (incluindo os que envolvem infiltrações ou Botox)?

7. O cirurgião plástico conhece os medicamentos, vitaminas ou suplementos naturais que tomo? Ele sabe do meu consumo de álcool ou drogas?

8. Estarei preparada para fazer a minha parte para assegurar o sucesso da cirurgia?

9. Estou bem informada dos efeitos pós-operatórios e do período de recuperação?

10. Tenho alguém que me possa auxiliar pelo menos 24 horas (ou pelo tempo recomendado) após a cirurgia?

11. Todas as minhas dúvidas foram bem respondidas pelo meu cirurgião plástico?

12. Já li, entendi e assinei o termo de consentimento informado da minha cirurgia?

Na primeira consulta, não se esqueça também de perguntar…

Qual é a experiência do cirurgião na realização desta cirurgia plástica?

Quais são os riscos e como é que a equipa médica lidará com eles?

Qual é o tempo previsto de recuperação e que tipo de ajuda irei precisar durante esse período? Terei de faltar ao trabalho? Por quanto tempo?

Existem procedimentos alternativos que possa considerar? Quais são os prós e os contras?

Quais são as minhas opções caso não fique satisfeita com o resultado?

Qual é o custo da cirurgia?

Fonte: Adaptado da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica 

Os maiores avanços da cirurgia plástica. O que mudou?

Os avanços tecnológicos e bioquímicos da medicina também trouxeram mudanças para a cirurgia plástica. Os procedimentos cirúrgicos são executados muito mais rapidamente, os períodos pós-operatório transformaram-se e não só o regresso à rotina normal é muito mais rápido, como há tratamentos que nem sequer requerem internamento.

Ao mesmo tempo, as metodologias utilizadas são também menos invasivas. De acordo com cirurgiã plástica Fátima Baptista Fernandes, os maiores avanços da cirurgia plástica são visíveis em vários procedimentos, mas essencialmente num dos tratamentos de rejuvenescimento mais procurados, o lifting, nas lipoaspirações e nos lipofillings (infiltrações de gordura).

“Hoje, os liftings são realizados com endoscópios, através de pequenas incisões, e com recurso a uma grande variedade de materiais biocompatíveis. As lipoaspirações são feitas com aparelhos de última geração que vibram ou que utilizam lasers incorporados e com cânulas mais eficazes. Nos lipofillings, utilizam-se novos métodos de extração, purificação e introdução de gordura que tornam o procedimento mais rápido, mais uniforme e mais duradouro”, indica a especialista.

Outro dos grandes avanços é claramente percetível na qualidade e variedade de implantes mamários que temos atualmente disponíveis. “Nunca tivemos tanta qualidade, nem variedade de formas, tamanhos e projeções como temos hoje, e nunca a tecnologia de fabrico foi tão aperfeiçoada”, assegura a cirurgiã plástica.

Os novos tratamentos não invasivos

No que toca aos procedimentos minimamente invasivos, assistimos a uma transformação na abordagem do rejuvenescimento facial. “Todos os anos, aparecem novos produtos, cada vez mais específicos e que, usados em conjunto, potenciam os efeitos de rejuvenescimento”, refere Fátima Batista Fernandes.

Atualmente, estes procedimentos são realizados tanto por mulheres como por homens, de todas as idades, mas têm sido cada vez mais procurados por um público bastante jovem – Luísa Magalhães Ramos, cirurgiã plástica

A especialista aponta como principais tendências nesta área: os ácidos hialurónicos, utilizados para o preenchimento facial; o botox; o peeling; a radiofrequência; a neuroestimulação e os fios tensores PDO que melhoram a flacidez. E outros ingredientes, como o ácido sucínico ou o ácido l-polilático, que estimulam a formação de colagénio. Ou ainda o hidroxiapatita de cálcio, utilizado para dar volume e revitalizar a pele do rosto.

De acordo com a cirurgiã plástica Luísa Magalhães Ramos, estes tratamentos minimamente invasivos proporcionam “bons resultados e são uma excelente alternativa para as pessoas que não desejam realizar uma cirurgia”.

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O perfil de pessoas que procura este tipo de tratamentos também mudou.

Segundo a especialista, “atualmente, estes procedimentos são realizados tanto por mulheres como por homens, de todas as idades, mas têm sido cada vez mais procurados por um público bastante jovem que pretende prevenir os efeitos do tempo, melhorar e remodelar os contornos faciais, como depressões cutâneas, aumento de lábios e maçãs do rosto, remodelação do nariz e do queixo, definição do contorno da mandíbula e correção de assimetrias faciais”.

As cirurgias mais procuradas em Portugal e no mundo

Em Portugal

De acordo com Luísa Magalhães Ramos, as cirurgias que ocupam o topo da lista das mulheres portuguesas são as cirurgias mamárias, a lipoaspiração e a cirurgia de remodelação do contorno corporal pós-parto, sendo que a labioplastia (cirurgia íntima) e as cirurgias faciais são muito procuradas.

Já no caso dos homens, são a lipoaspiração, a ginecomastia (redução da mama masculina) e a rinoplastia as cirurgias mais procuradas.

O rejuvenescimento genital feminino registou o crescimento mais rápido entre as cirurgias mais procuradas. “O novo papel da mulher na sociedade e a preocupação com o seu bem-estar e, em particular, com a sua intimidade, contribuíram para o aumento exponencial desta cirurgia”, explica Luísa Magalhães Ramos.

A postura dos pacientes que procuram as técnicas da cirurgia plástica também mudou e hoje as consultas são muito mais “descontraídas e descomplicadas”, aponta a cirurgiã plástica Fátima Baptista Fernandes.

No mundo

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Mulheres:

1. Implante de mamas (prótese de silicone)
2. Lipoaspiração
3. Blefaroplastia
4. Abdominoplastia
5. Mastopexia (lifting mamário)

Homens:

1. Blefaroplastia
2. Ginecomastia (redução mamária)
3. Rinoplastia
4. Lipoaspiração
5. Transplante capilar

Fonte: iSaP

Continua a valer a pena recorrer à cirurgia?

Com os últimos avanços tecnológicos permitiram tornar os tratamentos minimamente invasivos mais eficazes, optar por um tratamento cirúrgico pode tornar-se uma escolha menos frequente. Contudo, é preciso refletir antes de tomar qualquer decisão.

“Os procedimentos minimamente invasivos não subsituem a cirurgia plástica e não estão indicados para todos os casos. O coolsculpting (tratamento não invasivo para remoção de gordura localizada) é um excelente exemplo disso”, indica Luísa Magalhães Ramos.

A atual procura da cirurgia plástica por camadas mais jovens fará com que se utilize desde muito cedo processos não invasivos eficazes que podem acabar por retardar a realização de qualquer cirurgia – Fátima Baptista Fernandes

E explica que “uma paciente jovem com pele tensa e elástica, próxima do peso ideal e com pouca gordura localizada na zona da barriga, poderá beneficiar deste tratamento. Porém, se estivermos perante uma paciente da mesma idade com filhos, com uma quantidade significativa de gordura na barriga e com flacidez, é indicada uma lipoabdominoplastia”. Lembra ainda que “cada caso é um caso e que é necessário avaliar o estado inicial do corpo ou do rosto e perceber quais são as expectativas do paciente para definir qual o tratamento ou cirurgia que melhor se adequa”.

Por outro lado, os tratamentos não invasivos podem ser um complemento em determinadas cirurgias. De acordo com a cirurgiã Fátima Batista Fernandes, a combinação da cirurgia com técnicas minimamente invasivas acontece muito nos casos de rejuvenescimento facial.

“Em alguns, sabe-se que a solução é cirúrgica, mas antes de se avançar para a cirurgia, são realizados vários procedimentos para melhorar a cor, a textura e a vitalidade da pele, como peelings ou cocktails de vitaminas. Usados isoladamente ou em conjunto com a cirurgia, criam resultados espetaculares”, assegura a especialista.

Por outro lado, “a atual procura da cirurgia plástica por camadas mais jovens fará com que se utilize desde muito cedo processos não invasivos eficazes que podem acabar por retardar a realização de qualquer cirurgia”.

Quanto ao futuro, as especialistas preveem “técnicas menos invasivas, realizadas em regime ambulatório, com recuperação rápida e menor índice de complicações”.


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A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 226, abril de 2019.