© Getty Images
Cuidado com os produtos que aplica na pele durante a gravidez

Cuidado com os produtos que aplica na pele durante a gravidez

Por mais romântica que seja a nossa visão de maternidade, nem sempre nos sentimos confortáveis com as nossas “novas curvas”. Não há nada de errado nisso. Mas deverá saber que produtos pode ou não aplicar na pele durante a gravidez.

Por Jun. 8. 2019

Já todas sabemos que a gravidez não é a melhor altura para nos preocuparmos com o lado mais estético do corpo. Até já aceitamos e convivemos bem com a ideia de que podemos ficar com estrias, celulite e manchas – valores mais altos se levantam!

Ainda assim, é fundamental sentirmo-nos bem com a nossa imagem. Por isso, se pode prevenir ou atenuar algumas destas consequências, por que não fazer algo que esteja ao seu alcance e, claro, que não prejudique nem a gravidez nem o bebé?

Cuidados a ter na gravidez

Manchas

Durante a gravidez, a pele da mulher sofre inúmeras mudanças devido às alterações hormonais. A hiperpigmentação é talvez das mudanças que mais preocupa a mulher.

O melasma, o chamado “pano da gravidez”, surge entre o primeiro e o segundo trimestre. Aparece maioritariamente na zona da testa, maçãs do rosto, parte superior do lábio e queixo, e torna-se mais evidente com a exposição ao sol.

Dependendo das suas atividades diárias e dos cuidados que tem com a pele, as manchas podem ficar mais claras ou mais escuras. A maioria é superficial e desaparece nos meses seguintes ao parto. No entanto, algumas podem atingir uma camada mais profunda da pele e tornarem-se permanentes.

Após o nascimento do bebé, pode usar cremes clareadores, fazer tratamentos a laser ou peelings.

Como todos os produtos e técnicas abrasivos, os esfoliantes devem ser usados com proteção solar subsequente – Joana Nobre, farmacêutica

Durante a gravidez, a aposta será na prevenção, com os mesmos cuidados habituais para tratar as manchas da pele. Isto é, a grávida pode e deve usar cosméticos para prevenir ou atenuar estas imperfeições.

Regra n.º 1– evite as horas de maior calor, use óculos de sol, chapéu, protetor solar e um bom cosmético antimanchas.

Provavelmente já ouviu falar de que é desaconselhada a esfoliação facial, porque potencia o aparecimento de manchas. Nada de mais errado! Joana Nobre, farmacêutica e especialista em dermocosmética, refere que fazer esfoliação só ajuda a pele a eliminar as células mortas superficiais e a estimular a hidratação natural da pele.

Acrescenta, no entanto, que, “como todos os produtos e técnicas abrasivos, os esfoliantes devem ser usados com proteção solar subsequente”.

Celulite

O aparecimento da celulite gestacional é outra das alterações muito comuns. Noutras alturas, não hesitaria em aplicar um creme para a celulite para evitar o tão indesejado efeito “casca de laranja”. Mas quando se está grávida, surge o receio de causar algum mal ao bebé.

Esta questão tem sido largamente discutida não só no universo das grávidas, mas também junto das comunidades científicas. E, embora não haja muitos estudos que comprovem em que medida estas substâncias podem ser absorvidas na pele, a verdade é que alguns especialistas desaconselham a aplicação de anticelulíticos por conterem na sua maioria retinol e cafeína.

Joana Nobre garante que “salvo alguma exceção devidamente assinalada, os cosméticos podem ser usados na gravidez a partir do 3.º mês ou até mesmo antes. “Um produto cosmético não é um medicamento e portanto não penetra na circulação sanguínea. Como tal, não vai afetar o bebé.”

O ideal será a grávida continuar com os seus produtos, aos quais sabe não ser alérgica, e escolher produtos específicos e dedicados a esta etapa tão especial

No entanto, ressalva que “a gravidez não é uma boa altura para fazer grandes experiências cosméticas, de forma a evitar reações indesejadas e, consequentemente, a hipotética toma de medicação, essa sim, muitas vezes contraindicada na gravidez. O ideal será a grávida continuar com os seus produtos, aos quais sabe não ser alérgica, e escolher produtos específicos e dedicados a esta etapa tão especial”.

Se ainda assim não se sentir segura em aplicar um anticelulítico, há outros cuidados que pode e deve ter para atenuar o aspeto da celulite: ter uma alimentação equilibrada, rica em vitaminas, aumentar o consumo de água, evitar as gorduras, sal e açúcar e praticar atividade física, como a hidroginástica e ioga.

De acordo com Margarida Machado, terapeuta da clínica Dr. Wells de Telheiras, “há imensos tratamentos para a celulite que pode fazer depois do parto, mas durante a gravidez (e após o 4.º mês), aconselha as massagens drenantes e/ou a pressoterapia adequadas a grávidas”.

No caso das massagens, são realizados movimentos com recurso a óleos essenciais neutros que ajudam a eliminar a retenção de líquidos responsável também pelo agravamento da celulite.

Já a pressoterapia é possível fazer com equipamento que atua só nas zonas das pernas e não no abdómen. Estes tratamentos ajudam a diminuir o desconforto provocado pela retenção de líquidos tão comum na gravidez e melhorar o aspeto da sua pele, acrescenta Margarida Machado.

Estrias

As estrias são cicatrizes cutâneas que resultam da rutura das fibras de colagénio e elastina na derme causada pela sua distensão excessiva. Não são exclusivas da gravidez, mas nesta fase são muito comuns.

Geralmente aparecem na zona do peito, abdómen, ancas e parte interna das coxas e, uma vez instaladas, são irreversíveis. Há tratamentos e cosméticos que ajudam a suavizar a sua aparência, mas para eliminá-las por completo só através de cirurgia.

Começam por ter um tom avermelhado e arroxeado e com o tempo vão-se tornando mais esbranquiçadas. Para evitar o seu surgimento, é crucial controlar o peso, para que a pele não precise ceder além do necessário, fazer exercício, e claro, tratar da sua pele.

Escolha um verdadeiro antiestrias e não apenas um óleo, que só terá ação emoliente, mas que não tem capacidade de penetração na pele, ficando apenas à superfície

Cuide da sua pele mantendo-a hidratada, faça uma esfoliação regular (uma vez por semana) e privilegie cosméticos que na sua formulação contenham ureia, vitamina E, lanolina e óleos e aplique-os duas vezes ao dia.

Há inúmeras opções antiestrias no mercado. Joana Nobre aconselha“a usar um creme antiestrias rotineiramente e escolher um produto agradável, sem perfume. Escolha um verdadeiro antiestrias e não apenas um óleo, que só terá ação emoliente, mas que não tem capacidade de penetração na pele, ficando apenas à superfície. Contrariamente ao que se pensa, um hidratante não é um produto capaz de prevenir estrias”.

Margarida Machado sugere também “sessões de refirmação cutânea, beber muita água e manter um peso saudável”. Depois da gravidez, pode recorrer a várias técnicas – laser, peeling que permitem melhorar o aspeto estético das estrias – suavizar a coloração, reduzir a largura e melhorar a textura.


Já teve algum destes problemas? Veja ainda 7 dicas para uma gravidez feliz.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº 227, maio de 2019.
Mais sobre gravidez , pele