Querer cheirar bem não é um desejo moderno, antes pelo contrário. Esconder os odores naturais produzidos pelo organismo é uma técnica que mereceu variadíssimas tentativas e erros, antes de chegarmos aos perfumes e desodorizantes.
Já os egípcios usavam alfarrobra e incenso como desodorizante, enquanto as mulheres colocavam bolas de cera perfumada nas axilas para espalhar o aroma por onde passavam (e para esconder o possível mau odor). Porém, as fórmulas foram aperfeiçoadas ao longo dos anos e chegou-se, hoje, a vários tipos de produtos que camuflam os aromas do corpo.
Falamos de desodorizantes. O produto diário usado por homens e mulheres composto por uma série de químicos que têm sofrido críticas ao longo dos tempos. Afinal, o que é que devemos ter em conta quando compramos um desodorizante?
“Penso que os fatores mais importante a ter em conta serão: a sensibilidade da pele, que é especialmente relevante em produtos perfumados ou contendo álcool; e a abundância de suor, uma vez que há produtos de maior poder anti-transpirante, sem contudo comprometer a saúde da pele”, explica-nos Marta Ferreira, farmacêutica, e autora do blogue A Pele que Habito.
Além de tentar perceber o que resulta ou não na sua pele, deve, antes de mais, conhecer a diferença entre desodorizante e antitranspirante. Ambos têm formas diferentes de atuação, ainda que possam ser usados por todos os tipos de pele – excetuando raros casos.
Desodorizante versus antitranspirante
É curioso saber que “originalmente, o suor não tem qualquer odor”, diz-nos Marta Ferreira. “Contudo, em algumas zonas do corpo; o suor excretado é metabolizado por microorganismos que habitam à superfície da nossa pele e libertam substâncias com um odor desagradável”.
No que diz respeito à escolha entre os dois produtos, fique a saber que:
• Os desodorizantes focam-se sobretudo no odor. “Os desodorizantes possuem apenas ingredientes que camuflam o odor do suor (por exemplo, os perfumes), ingredientes que absorvem a humidade (por exemplo, o talco) ou ingredientes de ação antimicrobiana (por exemplo, o álcool)”, explica a especialista.
• Os antitranspirantes ajudam a controlar o suor. “Já os antitranspirantes podem incluir todos estes ingredientes [acima mencionados], mas possuem também sais de alumínio e/ou zircónio, que tornam o suor mais viscoso, como se de um gel se tratasse, retardando a sua saída; além de contrairem um pouco a saída do canal.”
Estes ingredientes têm uma ação eficaz na redução do mau odor e, na verdade, a maioria dos produtos do mercado já possuem esta ação antitranspirante. Além disso, são indicados para todos os tipos de pele.
No mundo dos ingredientes, o alumínio é o vilão?
“De forma alguma!”, garante Marta Ferreira. “Caso contrário, a sua utilização não seria permitida”.
Muito se disse sobre o alumínio nos desodorizantes nos últimos tempos, sendo que esteve associado ao cancro da mama. As notícias foram-se espalhando, embora não existam estudos que comprovem a relação entre o produto de redução de mau odor e esta doença. O National Cancer Institue publicou mesmo no seu site que isto não passa de um mito e que não há investigações que sustentem estas informações.
“É importante reforçar que de acordo com a legislação europeia, antes de qualquer produto cosmético entrar no mercado, a sua segurança é obrigatoriamente avaliada por um profissional com formação em toxicologia“, acrescenta a especialista.
Quanto aos ingredientes a que devemos estar atentas quando compramos um desodorizante, Marta Ferreira refere apenas o álcool. “Especialmente nos dias que seguem a depilação”, e ainda “as fragrâncias ou óleos essenciais, para quem tem pele sensível a estes ingredientes.”
Se quando se veste ainda nota que fica com manchas brancas na roupa (especialmente nas de cor escura), Marta Ferreira assegura que “já existem formulações que minimizam a ocorrência deste fenómeno”. De qualquer forma, limpe bem as axilas no banho, aplique o produto na pele seca, deixe absorver totalmente e só depois vista a roupa.
A opção (talvez não muito) viável dos desodorizantes naturais e biológicos
Com certeza ouviu falar da variante destes produtos, livres de químicos, formulados a partir de ingredientes naturais que, contudo, não surtem grandes efeitos. “Provavelmente porque não contêm ingredientes de ação antitranspirante”, explica.
Além de não controlarem a saída do suor por não conseguirem criar uma barreira protetora, podem também trazer outros problemas de pele. “A presença de alguns óleos essenciais, comuns neste tipo de produto, pode mesmo despoletar fenómenos de irritação intensa, ou impossibilitar o uso do produto após a depilação das axilas“.
Marta Ferreira menciona ainda que, ao contrário do que poderemos achar, alguns destes produtos podem ser considerados menos ecológicos. A sua produção implica o uso de recursos naturais não renováveis e a exploração de grandes áreas de cultivo.
Conselhos de utilização
• Se usar desodorizante em spray, vire o rosto para não inalar o produto.
• Utilize desodorizante/antitranspirante na pele limpa e seca, seguindo os conselhos na embalagem.
• Em caso de sudação intensa, há produtos que devem ser usados apenas à noite e em dias espaçados. Isto para não irritar a pele.
Que tipo de desodorizante costuma usar? Aprenda ainda a ler o rótulo dos seus produtos de cosmética.