Eczema, psoríase e rosácea: como tratar estes problemas de pele comuns

Tanto o eczema como a psoríase e a rosácea são doenças cutâneas comuns, mas pouco faladas. Estivemos à conversa com Leandro Silva, dermatologista no Hospital Egas Moniz, para descobrir mais sobre estes problemas de pele.

Por Out. 19. 2023

Certamente, já ouviu falar sobre rosácea, eczema ou psoríase, mas sabe o que são? Como distingui-as ou cuidar destes problemas de pele?

Descubra tudo, abaixo.

Eczema

O que é?

Também conhecida por dermatite atópica, é a principal doença cutânea inflamatória crónica, chegando a afetar até 20 por cento das crianças e entre 2-10 por cento dos adultos.

O eczema corresponde a áreas de vermelhidão, descamação, secura e prurido, sendo possível ocorrer sobreinfeção das lesões por microrganismos, como vírus e bactérias.

As manifestações clínicas variam consoante a idade: nos bebés, atinge mais a face e superfícies extensoras dos membros, enquanto, nas crianças a partir dos dois anos, afeta as superfícies flexoras, como as pregas do braço, joelhos e cervical.

Já nos adultos, o mais típico é um padrão de envolvimento das pregas cutâneas com outras áreas como as mãos e as pálpebras.

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Quais são as principais causas?

O eczema atópico tem uma forte componente genética e associa-se também a fatores ambientais.

A sua incidência tem vindo a aumentar e ocorre mais em crianças que vivem em cidades, apoiando assim a hipótese de que devem existir fatores externos que condicionam o aparecimento do eczema.

Existem gestos preventivos?

Sim, qualquer pessoa com eczema atópico deve adotar algumas medidas gerais para prevenir a ocorrência de crises, como tomar banho com água tépida e de curta duração, aplicar emolientes para restaurar a barreira cutânea, evitar o uso de produtos irritativos e utilizar roupa larga e sem fibras sintéticas.

Como se pode tratar?

Além destes cuidados, é fundamental ter esquemas de tratamento para as crises de eczema, que podem ser feitos através de cremes com corticosteroides ou de cremes com inibidores da calcineurina, que permitem uma utilização mais prolongada sem os efeitos adversos dos corticosteroides.

Nos últimos seis anos, assistiu-se a uma revolução no tratamento de situações mais graves do eczema atópico com a introdução de fármacos biotecnológicos.

Estes novos tratamentos são seguros e eficazes, uma vez que se tem verificado uma redução da gravidade do eczema, menos episódios de crise, redução da sensação de prurido e uma melhoria global na qualidade de vida dos doentes.

Rosácea

O que é?

A rosácea é uma doença cutânea inflamatória crónica que se estima afetar cerca de cinco por cento da população, sendo mais frequente nas mulheres.

Costuma surgir a partir dos 30 anos e é mais comum em pessoas de pele clara.

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Como se caracteriza?

A rosácea pode manifestar-se de diferentes formas, sendo a mais comum a vermelhidão persistente nas maçãs do rosto, frontes, nariz e queixo.

No entanto, existem outras características físicas que podem surgir, como a presença de pápulas e pústulas, episódios de ruborização facial, pequenos vasos na pele, secura e ainda alterações faciais, como um nariz mais proeminente.

Por que surge?

Tal como outras doenças cutâneas, pode existir uma disfunção do sistema imunitário acompanhada de alterações no sistema neurocutâneo, que podem ser agravadas por alguns estímulos, como a mudança de temperatura, utilização de cosméticos inadequados, ingestão de bebidas quentes, comida picante, álcool, entre outros.

Como pode ser tratada?

O tratamento começa na prevenção de fatores desencadeantes, na utilização diária de protetor solar com FPS 30 ou superior e uma rotina dermocosmética adequada para uma pele mais sensível.

Quanto a opções medicamentosas, existem cremes com antibióticos e antiparasitários tópicos, importantes sobretudo na presença de borbulhas; nos casos mais graves podem ser utilizados antibióticos e retinoides orais.

Além destes, existem tratamentos com laser vascular ou luz pulsada, fundamentais para um melhor controlo da rosácea, sobretudo na eliminação dos pequenos vasos na pele que não são tratáveis com cremes ou comprimidos.

Psoríase

O que a define?

A psoríase é uma doença inflamatória da pele que ocorre devido a vários fatores imunológicos e genéticos, podendo ser desencadeada ou agravada por infeções, medicamentos ou stresse.

Pode ocorrer em qualquer idade, apesar de ter dois principais picos de incidência, entre os 20-30 anos e os 50-60 anos.

Existem ainda outras doenças associadas encontradas nos doentes com psoríase, como a hipertensão, obesidade, dislipidemia e depressão.

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Como se manifesta na pele?

A sua apresentação clássica é a de placas vermelhas e descamativas em áreas típicas como os cotovelos, joelhos, couro cabeludo, face, região lombar, região genital, palmas e plantas.

Além das manifestações cutâneas, que podem impactar de forma muito negativa a qualidade de vida dos doentes, a psoríase pode envolver as articulações, algo designado como artrite psoriática.

Como pode ser tratada?

Estão disponíveis vários tratamentos para a psoríase, consoante a sua gravidade e outras patologias que se apresentem em simultâneo.

Em casos mais ligeiros, existem tratamentos com cremes, pomadas, loções ou espumas com componentes como corticosteroides.

Em casos moderados ou graves, existem opções como a fototerapia, retinoides orais ou imunossupressores orais.

Nos últimos 20 anos, deu-se um grande avanço no tratamento da psoríase com a introdução dos fármacos biotecnológicos. Administrados por via subcutânea, na sua maioria, permitem um controlo total ou quase total da mesma.

A versão original deste artigo foi publicada na revista Saber Viver nº280, outubro de 2023.
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