Antes confinados às quatro paredes das clínicas de estética ou gabinetes de dermatologia, os tratamentos com fototerapia estão a tornar-se cada vez mais comuns e várias marcas começam a desenvolver este tipo de dispositivos para utilizarmos em casa.
Ideais para combater o envelhecimento, acne e até algumas marcas de cicatrizes, este género de tratamentos tem vindo a ganhar popularidade entre a maioria das celebridades. Porém, o seu preço elevado torna mais difícil o acesso e suscita algumas dúvidas no resto da população.
Para esclarecer as suas dúvidas, estivemos à conversa com Rita Travassos, dermatologista no Hospital CUF Descobertas e deixamos-lhe todas as respostas aqui.
Fonte de luz
Para perceber como funcionam estes dispositivos, é fundamental compreender que a fototerapia “engloba fontes de luz com diferentes comprimentos de onda, desde o uso de radiação ultravioleta (UVB e UVA) – usado frequentemente no tratamento dermatológico de doenças como psoríase, eczema, ou vitiligo –, mas também o uso mais recente de fontes de luz visível. Como fonte de luz podem ser usados LEDs – que emitem comprimentos de onda diferentes do ultravioleta –, luz visível e infravermelho próximo”, refere a especialista.
Este tipo de tecnologia já existe há algumas décadas; no fundo, são usados comprimentos de onda específicos para diferentes condições cutâneas com o objetivo de criar alterações nas células da pele, modular processos de inflamação e promover a regeneração celular.
Estudo da cor
Para tratar cada condição cutânea, devem ser usadas luzes e comprimentos diferentes.
- No caso da acne, os dispositivos podem ser de luz vermelha, azul ou ambas. A vermelha penetra profundamente na pele e reduz a inflamação, enquanto a azul, menos penetrante, destrói a bactéria da acne;
- No caso de prevenção do envelhecimento, é usado LED de luz vermelha e infravermelho próximo;
- Quanto à luz azul, demonstrou-se in vitro a sua capacidade de gerar stresse oxidativo, o que pode ser útil na prevenção de cicatrizes hipertróficas.
Os dispositivos de fototerapia caseiros combatem diferentes doenças ou condições de pele
Potência extrema?
Se, por um lado, nos questionamos sobre a segurança destes aparelhos para usar em casa, por outro, pomos em causa a sua eficácia.
A realidade é que devido aos baixos custos de produção e à facilidade com que se tem acesso aos materiais necessários, as máscaras de fototerapia tiveram um crescimento notável nos últimos anos. Porém, será a sua eficácia semelhante à dos tratamentos numa clínica de estética ou consultório de dermatologia? Talvez não.
Para Rita Travassos, “existem várias condicionantes no uso dos dispositivos caseiros, que podem comprometer a obtenção de resultados equivalentes aos obtidos em clínica. Para garantir a sua segurança, estes são menos potentes, logo, para obter resultados equivalentes, a exposição cumulativa terá de ser maior.”
“Além disso, quando realizados por um médico, estes tratamentos podem ser combinados. Os LED podem ser usados para o rejuvenescimento em conjunto com procedimentos com lasers, IPL ou radiofrequência, para melhores resultados e para reduzir a inflamação provocada pelos primeiros. Para a acne, quando o tratamento LED é realizado em consultório, este pode ser combinado com uso de fotossensibilizadores, com resultados mais evidentes”, esclarece.
Apesar de seguros, o uso destes dispositivos continua a gerar algum debate entre especialistas. Até agora, os estudos mais consistentes são os relativos aos dispositivos LED para o tratamento da acne, estes podem ser uma alternativa para os pacientes que têm contraindicação para outros tratamentos, como isotretinoína e antibióticos. Já no caso do uso destes dispositivos como estratégia de rejuvenescimento, os resultados dos estudos são pouco consistentes.
Cuidados a ter…
- Evite a exposição solar nas 48 horas seguintes.
- Aplique fotoprotetor após a utilização.
- Leia atentamente as instruções, uma vez que existem dispositivos que exigem proteção ocular durante a utilização.
- Evite estes dispositivos se tem epilepsia, enxaquecas ou patologias oculares.