Mariana Santos não é só artista na área da fotografia e da dança, é-o também no universo da cosmética. Foi ela que decidiu tentar acabar com a má reputação das ervas daninhas e, por isso, criou uma marca dedicada a estas pequenas plantas: a Herbes Folles.
É uma marca natural, preocupada com o ambiente, 100% vegan, cruelty-free, livre de fragrâncias sintéticas e conservantes artificiais. Neste momento, é composta por quatro produtos: um óleo de limpeza equilibrante, uma esponja KONJAC, um bálsamo protetor e uma loção bifásica iluminadora e nutritiva.
Sabia que as ervas daninhas estão repletas de benefícios? A Saber Viver falou com a fundadora da marca que nos explica tudo sobre a Herbes Folles.
Leia tudo em baixo.
Entrevista a Mariana Santos, fundadora da Herbes Folles
Qual é a missão da Herbes Folles na rotina de skincare das mulheres portuguesas?
A missão da Herbes Folles, para além de desafiar preconceitos sobre as ervas espontâneas/comuns/daninhas, é a de oferecer cuidados simples e eficazes para a pele, criados em harmonia com a natureza.
Obter a certificação NATRUE foi muito importante, visto ser um selo de confiança e de exigência quanto à “naturalidade” e sustentabilidade dos produtos cosméticos.
Como é que surgiu esta ideia? Sentia que havia esta lacuna no mercado?
A ideia nasceu no primeiro ano de vida da minha filha. Foi nascendo enquanto estudava. Apercebi-me que de facto não existia nenhuma marca que brincasse com esta ideia de ervas “daninhas”, apesar de várias as utilizarem na composição dos seus produtos.
São plantas medicinais que foram ganhando esta má reputação devido a práticas agrícolas intensivas, à obsessão por “relvados limpos” e devido a uma vontade humana de controlar aquilo que nos rodeia sem muita escuta pelo que existe.
Sentindo já uma certa afinidade pela flora espontânea, pela sua beleza, simplicidade e potência, achei que fazia sentido criar uma marca de cuidados para a pele com elas.
Qual é o background da Mariana? Como é que se interessou por esta área?
A minha formação é maioritariamente artística, na área da fotografia e da dança. No campo da cosmética e das plantas, para além de ser autodidata, segui igualmente dois cursos online durante um ano, o que me ajudou a aprofundar o meu conhecimento, ter acesso a mais fontes de estudo e pesquisa, e a ter o acompanhamento de professores/as nos meus projetos.
Sempre me interessei por estas duas áreas, nomeadamente por influência da minha avó e mãe, mas foi apenas após o nascimento da minha filha que decidi dedicar-me a elas.
Visto que a indústria da cosmética é bastante competitiva, que dificuldades sentiu em lançar a marca?
É uma indústria de facto bastante competitiva, mas penso que ao mesmo tempo há uma vontade das pessoas em apoiar pequenos negócios, onde a proximidade e a transparência dos produtos são fomentadas e fazem parte da comunicação. Aquilo que proponho é bastante único, e acho que também desperta curiosidade.
Ainda assim, julgo que demora um certo tempo para uma marca ganhar confiança junto do/as consumidores/ as, mas estamos a trabalhar para isso!
Um dos maiores desafios é o estabelecimento de parcerias com marcas e/ou criadores/as alinhadas com o nosso propósito, tanto para alargar o nosso alcance como para sublinhar os valores que defendemos.
Que ingredientes e tipos de ervas é que são utilizadas nestes óleos?
Para além dos extratos das ervas ditas “daninhas”, entram também na composição dos nossos produtos óleos, ceras e manteiga de origem vegetal, hidrolatos e umectantes, que são ingredientes cosméticos que ajudam a manter a hidratação da epiderme, como o lactato de sódio e o sódio PCA, por exemplo.
Que benefícios é que se pode esperar das ervas daninhas?
Os mesmos de plantas “normais”: fontes de antioxidantes, vitaminas, ácidos gordos e outros princípios ativos que protegem e contribuem para a manutenção de uma pele saudável e bonita.
São estes produtos indicados para todos os tipos de pele?
O bálsamo e o óleo de limpeza sim, são adequados a todos os tipos de pele. A loção bifásica, no entanto, não é aconselhada nem a peles muito reativas nem oleosas.
A gama de produtos é produzida na Bélgica. Em Portugal ainda não é possível fazer este tipo de produção?
É, sim. A minha escolha de produzir na Bélgica foi tomada há muito tempo e teve a ver com o facto de nessa altura ter decidido voltar a morar lá. Entretanto a minha vida mudou, escolhi ficar em Portugal, mas a relação e o compromisso já estavam estabelecidos com o laboratório. E visto este ser pequeno — o que implica relações próximas —, bastante engajado a nível ambiental e altamente comprometido e exigente com a qualidade daquilo que produz, decidi manter essa escolha. Isto não quer dizer que no futuro não venha a mudar, mas por enquanto estou satisfeita.
Que cuidados ambientais é que a Herbes Folles tem?
Para além de fazermos parte da rede 1% for the Planet, e da já referida escolha de termos como parceiro um laboratório comprometido a nível ambiental, vários dos nossos fornecedores têm a sustentabilidade como prioridade.
Tive também o cuidado, tanto ao nível do packaging como dos ingredientes, de escolher maioritariamente matérias primas e produtos europeus — usando o mínimo possível de plástico.
Considero que o facto de criarmos cosméticos com plantas que precisam de poucos recursos e que muita gente procura erradicar faz igualmente parte da nossa procura pela sustentabilidade. Para mim, a sustentabilidade é mesmo uma pesquisa constante, um caminho cheio de perguntas e ajustes, sempre com o objetivo primeiro de um planeta melhor para todos/as.
Onde é que gostava que a Herbes Folles chegasse?
Gostava que nos tornássemos uma marca de produtos cosméticos naturais de referência a nível europeu e de contribuir para dar uma nova reputação às plantas abundantes que nascem de forma espontânea – erradicando assim o termo “daninhas”.