5 mitos e verdades sobre o cabelo encaracolado
Ainda acredita que lavar o cabelo todos os dias faz mal? Este e outros mitos são passados a pente fino por uma expert em caracóis.
Mais conhecida como Miss Curly, Marta Teixeira é consultora capilar especialista em caracóis e tem como missão ajudar a cuidar do cabelo natural, tornando-o saudável, com definição e volume máximo. Neste artigo desvenda cinco grandes mitos associados ao cabelo encaracolado.
5 mitos sobre o cabelo encaracolado
1. Máscaras caseiras com alimentos no cabelo
O nosso organismo tem a capacidade de fazer a digestão no intestino delgado, onde consegue absorver nutrientes de alimentos como o mel, abacate, banana, ovo, etc. Já o nosso cabelo, não – estas moléculas são demasiado grandes para que o cabelo absorva seja o que for.
Quando se diz, por exemplo, que o ovo tem proteína e é ótimo para o cabelo, sim, de facto é, mas apenas se for ingerido. Se colocado no cabelo, é improvável que exista qualquer vantagem.
Para além disso, esta mistura pode favorecer fungos/bactérias no couro cabeludo, exacerbar patologias como dermatite seborreica ou caspa e, para resolver, é necessário um champô clarificante para tirar todo o mel e outros condimentos que se colocaram no cabelo.
O melhor será guardar os alimentos que normalmente são feitos nestas misturas ou receitas caseiras e usá-los para nutrir o organismo, que consequentemente irá nutrir de certeza absoluta os folículos capilares.
2. Produtos/suplementos que fazem o cabelo crescer mais rápido
Existe pouca evidência científica que sugira que usar champôs para esse efeito ou tomar suplementos faz o cabelo crescer mais rápido.
A velocidade de crescimento do cabelo é algo predisposto pela nossa genética, não existe nada que possamos fazer relativamente a esse aspeto. Contudo, há vários fatores que podem influenciar a velocidade de crescimento do cabelo, tais como:
- A idade – entre os 15 e os 30 o cabelo cresce com maior velocidade;
- O sexo – o cabelo no sexo masculino tem tendência a crescer mais rápido;
- Uma boa alimentação e exercício físico – estar o mais saudável possível é a melhor forma de se conseguir obter uma boa velocidade de crescimento no cabelo.
E, já agora: cortar o cabelo também não o faz crescer mais rápido. O cabelo é um tecido quimicamente morto, não tem terminações nervosas ou vasos sanguíneos (é por isso que não dói quando se corta), por essa razão, o folículo capilar não tem forma de descobrir que levou uma tesourada. Mas sem dúvida que um cabelo com um corte regular cresce mais saudável.
3. Lavar o cabelo diariamente faz mal
Do ponto de vista dermatológico, o champô elimina a gordura produzida pelas glândulas sebáceas, onde ficam presas as células mortas do couro cabeludo, a sujidade ou as substâncias que aplicamos sobre o cabelo, como cremes e géis. Esta gordura ou sebo deve ser eliminada periodicamente, por razões que vão para além da mera estética, já que constitui uma importante fonte de microrganismos que podem favorecer as infeções.
O cabelo extremamente sujo pode levar a outros problemas. Existe um fungo chamado Malassezia Globosa que se alimenta do sebo produzido nos folículos e multiplica-se quando o couro cabeludo está mais oleoso. São libertados resíduos produzidos pelo fungo e que podem levar a caspa ou dermatite seborreica.
A maioria dos champôs são aniónicos, ou seja, agarram muito bem a sujidade, enquanto que os condicionadores são altamente catiónicos e vão, por isso, ser atraídos para as partes mais estragadas do cabelo (que têm carga mais negativa por perderem ligações dissulfeto). Por isso, é sempre necessário, após cada lavagem com champô, usar condicionador.
É também importante referir que lavar o cabelo diariamente não o torna mais oleoso. Vários estudos mostraram que a quantidade de sebo que surge depois da pele ser limpa vem maioritariamente de um reservatório no folículo pilossebáceo e não de qualquer feedback de estimulação da glândula sebácea.
4. Danos por usar utensílios quentes apenas acontecem quando usados regularmente
Danos na fibra capilar podem acontecer apenas por uma única utilização incorreta, seja pelo uso de ferros de alisar, secador ou escova alisadora, e podem ter um efeito permanente no cabelo.
Dependendo da temperatura do utensílio (muitos chegam a 250 graus), poderá mesmo existir desnaturação da proteína do cabelo, ou seja, poderá fragilizar o cabelo.
Isto não depende simplesmente do utensílio utilizado, porque se for usado com a intenção de alisar o cabelo, irá existir sempre algum tipo de dano estrutural, simplesmente porque modificam a fibra capilar com o calor.
O que diz a ciência…
Em alguns artigos científicos tentaram procurar fissuras na cutícula e perda de proteína no cabelo após o alisamento. Referem que cabelos secos com secadores, com temperatura entre 75ºC e 95ªC e durante pelo menos 10 segundos, produziam mais danos no cabelo.
Estas fissuras ocorrem devido à rápida mudança de húmido para seco. A evaporação repentina da água faz com que as escamas da cutícula se contraiam e se tornem rígidas e, consequentemente, quebrem. Isto leva assim a um aumento da porosidade e maior perda potencial de proteína. A situação piora se o cabelo for seco muito rapidamente.
Referem ainda que com utensílios com temperatura abaixo de 50ºC não surgiram fissuras durante a secagem, enquanto que entre 75ºC a 95ºC e acima já produzem danos nas cutículas.
Não nos podemos esquecer que, quanto mais curvatura fechada tem o cabelo, mais áreas de tensão tem sob o fio capilar. Isto torna-o mais frágil e, consequentemente, mais propício a danos.
No cabelo ondulado/encaracolado, quando se usa o difusor, a água no cabelo baixa a temperatura. A água absorve o calor extra durante a evaporação e isso reduz a temperatura do ar à volta do cabelo. À medida que este seca, há cada vez menos água para moderar o calor do difusor, levando a possíveis danos na cutícula, dependendo da temperatura, claro.
Com os outros utensílios com o intuito de alisar o cabelo isto já não funciona desta forma, sendo que poderá ser, neste sentido, mais danoso para o cabelo.
5. Achar que apenas o cabelo alisado é bonito
Muitas mulheres não conseguem perceber que o seu ‘liso estranho’, ou uma parecença com cabelo volumoso e frisado, é simplesmente cabelo ondulado/encaracolado à espera de ‘ser descoberto’.
Embora existam cabelos encaracolados que mesmo quando estão molhados mantêm a curvatura, no cabelo ondulado isto não acontece, e é aqui que muitas mulheres não colocam a hipótese de ter um cabelo ondulado.
No cabelo ondulado e encaracolado, o folículo capilar não se encontra perpendicular ao couro cabeludo, mas sim oblíquo, e os cabelos são “achatados”. Isto permite que, ao longo do seu crescimento, a haste capilar forme “espirais” mais ou menos apertadas, que formam desde os ondulados até aos caracóis.
Por esse motivo, num cabelo encaracolado o sebo não “escorre” tão facilmente, o que torna o seu comprimento e pontas mais secos, sensíveis ao dano e, também, a embaraçar.
Finalizar o cabelo e estimular as ondas ou caracóis com as mais variadas técnicas ajuda a ter um cabelo naturalmente mais bonito e ajuda a potencializar a sua forma natural. Por isso, não se esqueça de investir em alguns cuidados para obter uma cabeleira natural e com textura.