As mudanças corporais durante o cancro são inúmeras, mas possivelmente a mais impactante (esteticamente) é a queda do cabelo. Tal acontece devido a tratamentos de quimioterapia, que são não só intimidantes, como dolorosos, tanto fisicamente como psicologicamente.
E, na verdade, cabelo não é apenas ter madeixas na cabeça – o cabelo faz parte da nossa identidade, da nossa autoestima e da forma como nos apresentamos para o mundo. Por isso, ficar sem o mesmo é um acréscimo angustiante ao já doloroso diagnóstico de cancro.
Todavia, atualmente existem opções que podem ajudar a contornar este problema. Para os conhecer, a Saber Viver falou com a hairstylist Mafalda Perfeito, que desmistificou algumas questões em relação ao cabelo e a quimioterapia.
Mitos e verdades sobre o cabelo e a quimioterapia
Verdade: o cabelo cresce com textura diferente depois da quimioterapia
Todas sabemos que a queda de cabelo é um dos primeiros sintomas visíveis dos tratamentos de quimioterapia. De acordo com a hairstylist Mafalda Perfeito, na verdade “existem tratamentos de pós remoção de tumores em que o cabelo não cai tanto, mas, pelo menos densidade perde-se sempre”.
“Nos casos em que há total perda de cabelo, este volta todo novo, completamente virgem, e, em muitos casos, vem de forma diferente, ou seja, com uma textura diferente. A maioria das vezes nasce até bastante encaracolado, com uma densidade mais forte”, termina a especialista.
Mito: a quimioterapia faz o cabelo crescer mais devagar
Visto que não é uma queda de cabelo normal, pode parecer que o mesmo demora mais tempo a crescer. No entanto, e como afirma Mafalda Perfeito, “não é que o cabelo cresça mais devagar, é que ele cresce de dentro, como se fosse a primeira vez. E, portanto, demora um pouco mais”.
Mito: a escolha do champô não importa
Os tratamentos de quimioterapia deixam o cabelo e o couro cabelo sensibilizados e vulneráveis, por isso, “a escolha do champô é super importante”, realça a hairstylist. Efetivamente, “para que o cabelo nasça saudável e com força, é preciso ter em conta o couro cabeludo também”, remata.
Verdade: tratamentos orgânicos podem ajudar a fortalecer o cabelo
Não, não é preciso utilizar cosméticos agressivos no cabelo para o fortalecer! Como afirma Mafalda Perfeito, “existem produtos orgânicos que podemos utilizar – eu prefiro honestamente – não só pelos efeitos no cabelo, mas também porque a cliente se vai sentir mais segura“.
Mito: as perucas de colar não afetam o crescimento do cabelo
Existem dois tipos de perucas: as de colocar e tirar, e as que são coladas ao cor cabeludo com cola. Como nos explica a especialista “eu, pessoalmente, acho que é preferível as que se põem e tiram, porque as de colar impedem um pouco o crescimento do cabelo normal”.
Mafalda Perfeito aconselha, então, as próteses (ou toppers) de colar a quem tenha alopécia total ou local.
Verdade: é preciso ter um pouco de comprimento de cabelo para aplicar extensões
Antes de desmistificar este mito, a hairstylist confirma que “a aplicação de extensões deve sempre ser feita em cabelo natural, para que a pessoa consiga lidar em casa com as mesmas, como se o cabelo nascesse originalmente da sua própria cabeça”.
Contudo, “existe um tamanho mínimo (de comprimento de cabelo) que é necessário para conseguir colar ou coser as extensões, visto que existem várias formas de as aplicar”. Seja como for, “o método deve ser sempre personalizado, dependendo da pessoa, da sua textura, densidade e tipo de cabelo“, termina.
Mito: a frequência de troca de perucas, toppers ou extensões é a mesma
De acordo com a especialista, é importante realçar que os toppers devem ser utilizados em pequenas zonas da cabeça, e não em casos de perda total de cabelo. A manutenção destes deve ser feita, então, mensalmente ou quinzenalmente, dependendo da cliente.
Já no caso das perucas (de colocar e tirar), a manutenção é feita em casa pela própria pessoa.
Por fim, e em relação às extensões, Mafalda Perfeito explica que “no início, quando o cabelo é curto, a manutenção terá de ser feita com mais frequência, ou seja, de dois em dois meses no máximo“.
No entanto, “quando o mesmo já tem algum crescimento, três a quatro meses de intervalo entre manutenções é suficiente”. Neste caso das extensões, a especialista afirma ainda que opta “sempre por escolher um cabelo mais ondulado, nunca liso, porque o encaixe do cabelo na extensão é muito mais natural”.