Como os cabelos grisalhos estão a dominar o mundo
Mulheres de 30, 40 ou 50 anos pararam, orgulhosamente, de pintar os cabelos brancos e dizem que foi a melhor decisão que tomaram. Ser escrava da beleza é um conceito ultrapassado e os cabelos grisalhos ganham cada vez mais adeptas. Até as mais jovens estão a aderir ao tão trendy tom cinza.
Antes escondiam-se o brancos, agora mostramo-los ao mundo. Os cabelos grisalhos não têm de estar disfarçados em tinta, não fossem estes assumidos por centenas de mulheres no mundo – que os usam orgulhosamente! Tanto que, agora, parece que é tendência.
Como? Jovens de 20 e 30 anos começaram a pintar o cabelo de cinza e a assim espalham a tendência de que o tom gray (grisalho) veio para ficar. E porquê? Talvez por uma simples razão: as mulheres de 40 e 50 anos deixaram de pintar o cabelo e começaram a aceitá-lo como um sinal do tempo. O curioso é o tom especifico dos cabelos grisalhos é tão peculiar que agora toda a gente quer ter igual!
O que têm de especial os cabelos grisalhos?
À priori nada. Mas eis que surgem histórias de influenciadoras que são, acima de tudo, modelos a seguir. Ora, vejamos. Sarah Harris, diretora da Vogue britânica, começou a ter cabelos brancos aos 16 anos.
Ao jornal Telegraph conta que se lembra perfeitamente do dia em que viu os seus primeiros cabelos brancos. “Estava no lugar do pendura do carro do meu pai, a aplicar máscara de pestanas em frente a um espelho, quando vi um conjunto de cabelos brancos. Tinha três pequenas manchas cinza no meio do meu cabelo castanho. Tinha 16 anos e fiquei aterrorizada”.
Sarah assumiu desde logo a sua cor natural e só pintou uma vez o cabelo por brincadeira com as amigas – as tendências dos anos 90 “obrigaram-na” a isso. Ainda que a diretora da Vogue inglesa tenha sido um caso à parte, são muitas as mulheres que escolhem deixar de pintar o cabelo de vez.
Sophie Fontanel, conhecida jornalista francesa (trabalhou para a Elle francesa), escritora e estrela de Instagram, tem 54 anos e decidiu deixar de pintar o cabelo em 2015. Numa entrevista à Vogue americana, confessou que pintava o cabelo desde os 20 para parecer mais nova. Mas assim que deixou de pintar o cabelo, parece que tudo mudou.
Ao ser questionada se era fácil ser ela, Sophie respondeu: “Sim. Sabe, antes era invisível e agora sou alguém estranho. Todos reparam em mim”.
E isto é mesmo verdade. Com mais de 50 anos, a jornalista é uma verdadeira it woman nas redes sociais. No Instagram podemos acompanhar o seu estilo inconfundível no dia a dia, o que já lhe valeu 124 mil seguidores.
A experiência de parar com a coloração e assumir o seu tom natural foi relatado por Fontanel no livro Une Apparition. A jornalista diz-se, hoje, ”mais feliz do que nunca”. Admite que cada vez mais vê mulheres com cabelos grisalhos e que recebe várias mensagens privadas com fotos onde escrevem: “Olha o que fiz. Foste tu que me deste coragem!”
Mas há outras razões…
Neste caso, deixar de pintar o cabelo não é só uma questão estética ou monetária. Tem, muitas vezes, a ver com a mensagem que se quer passar. É um símbolo de força que pode influenciar quem está à nossa volta. É o caso de Camila Palmer, jornalista do The Guardian, que conta o porquê de ter deixado de pintar o cabelo.
“Esta decisão para mim é também política. Quero que os meus filhos vejam como é que as mulheres de meia idade são. Aos olhos do público, não há mulheres com cabelos grisalhos abaixo dos 50 anos – onde estão as mulheres que têm cabelos brancos mais cedo? Eu sei que elas existem. Vejo-as regularmente”, comenta.
Como o tom cinza se tornou tendência
As mulheres reivindicam o uso do tom de cabelo natural e declaram isto como uma revolução. Na verdade, existe mesmo um site intitulado “Revolution Gray“, que encoraja as mulheres a aceitarem a sua cor de cabelo natural. Além de várias sugestões de produtos e partilhas de histórias, funciona também como um “conselheiro” de penteados e de cuidados para o cabelo.
“Mulheres com 20 anos perguntavam-me quem é que me pintava o cabelo. Tenho a certeza que muitas delas achavam que eu não queria revelar quando lhes dizia que a cor era natural”, contou Sarah Harris.
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