Muito se escreve sobre cuidados de pele, mas será que estamos a fazer tudo para ter uma tez saudável? E em relação à prevenção do envelhecimento cutâneo? Será que estamos a usar os ingredientes certos?
Sofia Borges, médica dermatologista no Hospital Lusíadas e na clínica My Moment, responde a algumas questões relacionadas com este tema.
A verdade é que, embora sejamos mais novas até mais tarde, o que se reflete tanto na saúde do corpo como na da pele, convém adotar alguns gestos e rotinas de beleza para que nos sintamos bem.
O que acontece à pele a partir dos 40?
Quando falamos de envelhecimento do rosto, é importante perceber que não é só a pele que envelhece, mas também os ossos e os tecidos moles. Existe um envelhecimento natural que se caracteriza por uma diminuição progressiva da síntese de colagénio pelos fibroblastos, geralmente a partir dos 30 anos, que pode ser agravado por fatores ambientais externos. Isto significa que, mesmo que uma mulher siga uma alimentação saudável, beba água e não apanhe sol, perde alguma tonicidade e manifesta flacidez da pele a longo prazo.
Porém, não vivemos numa bolha e, dos principais agentes externos que levam ao envelhecimento, o tabaco e a exposição solar são os principais responsáveis pela textura cutânea irregular, aparecimento de manchas, falta de brilho e flacidez.
Com o passar dos anos, dá-se também alguma reabsorção óssea, principalmente a nível malar, a pessoa perde aquele efeito de blush natural, há uma maior concavidade da olheira e um efeito de sombra, principalmente quando combinado com a perda das bolsas de gordura naturais existentes no rosto.
Pode prevenir-se o envelhecimento?
Neste caso, as medidas preventivas são óbvias: utilizar protetor solar sempre, independentemente da idade, se vai apanhar sol ou não, até porque a luz visível tem-se manifestado como um potenciador do envelhecimento cutâneo. O exercício físico, a boa alimentação e não fumar são outros pilares fundamentais.
No que respeita a rotinas para melhorar a qualidade da pele, deve fazer-se a limpeza diária do rosto, utilizar antioxidantes, como o ácido ferúlico e a vitamina C, usar hidratante, sem nunca esquecer a hidratação interna através da ingestão de água e o já referido fotoprotetor.
Que ingredientes devemos priorizar?
Devemos procurar produtos que possam levar à estimulação de colagénio. A nível tópico, o retinol é, sem dúvida, a primeira linha de defesa e, se for associado a outros componentes não antioxidantes, como o ácido ferúlico ou o resveratrol, dá-se um efeito antienvelhecimento bastante bom.
Quais os tratamentos mais eficazes?
Em relação aos dispositivos, o laser é dos que apresenta uma maior estimulação dos fibroblastos, mas outros procedimentos como o microneedling, a mesoterapia ou o IPL também apresentam bons resultados. Para repor a perda das bolsas de gordura e do ácido hialurónico presente na pele existem os fillers e a sua introdução de forma precoce pode mesmo prevenir o aparecimento de rugas mais marcadas, como os sulcos nasogenianos, ou corrigir a perda significativa de algumas bolsas de gordura, por exemplo a nível malar ou no preenchimento de olheiras.
Já o botox é dos procedimentos mais utilizados a nível mundial e vai inibir a expressão através da eliminação das rugas de expressão, mas cada vez mais se defende a sua utilização como um papel preventivo. Isto porque a pele é um bocadinho como a roupa, se a deixarmos amarrotada durante muito tempo, é mais difícil tirar os vincos.
A nossa expressão, ao longo dos anos, associada ao movimento dos músculos sobre a pele, vai fazendo com que esta fique vincada. Se não formos inibindo ou descontraindo estes músculos, chega a um ponto em que as rugas, sobretudo as frontais e periorbitais, ficam de tal forma marcadas que a sua eliminação ou diminuição torna-se muito difícil.