Beleza

Qual é a diferença entre os produtos biológicos e naturais? E por que razão devemos escolhê-los?

O mundo da cosmética está repleto de designações que podem suscitar alguma confusão na hora da compra. Como é que podemos ter a certeza do que estamos a comprar? Uma especialista responde.

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Qual é a diferença entre os produtos biológicos e naturais? E por que razão devemos escolhê-los? Qual é a diferença entre os produtos biológicos e naturais? E por que razão devemos escolhê-los?
© pexels
Marta Chaves
Escrito por
Mai. 28, 2022

Natural, biológico, vegan, quais são as diferenças? Estamos rodeadas de designações no universo da beleza, mas talvez não estejamos assim tão bem informadas sobre o seu verdadeiro significado.

Os produtos naturais, com fórmulas plant-based, ganharam terreno nos últimos anos, mas parece que hoje em dia há cada vez mais marcas que se apoderam deste título, sem que este esteja totalmente correto. Ou, pelo menos, os consumidores podem achar que estão a comprar um produto 100% natural, mas, se olharem para o rótulo, os ingredientes sintéticos ocupam a restante parte da percentagem.

Fomos perceber junto de Cátia Curica, fundadora da Organii e da marca de cosmética Unii, como é que, no dia a dia, podemos saber o que estamos a comprar.

Cosmética biológica vs. natural

Como é que podemos distinguir a cosmética biológica da natural?

Um cosmético natural é qualquer produto que tenha um extrato natural, independentemente da sua percentagem, da forma como foi extraído ou dos restantes ingredientes que o acompanham – que na generalidade são sintéticos. Desta forma a cosmética natural pode conter produtos mais ou menos naturais dentro desta mesma designação.

A cosmética biológica defende a integridade e pureza de todo o processo de transformação, da matéria-prima à formulação final do produto; do uso de ingredientes biológicos à forma como são obtidos os extratos (sem solventes químicos), à manipulação e conservação do produto. Além disso não são permitidos produtos de síntese considerados nocivos e que excluem grande parte da formulação sintética convencional, como por exemplo, os parabenos, o fenoxietanol, os ftalatos, o lauryl sulfato de sódio (entre outros da mesma família), a vaselina e a parafina (derivados do petróleo), os corantes, os perfumes, etc.

A cosmética biológica integra um vasto conjunto de marcas e produtos produzidos com base em ingredientes biológicos cultivados sem pesticidas e herbicidas, dos quais se consegue retirar os extratos mais puros e ativos.

A forma de o consumidor distinguir é saber identificar certificações de cosmética biológica, de outra forma facilmente é enganado.

''O facto de um produto cosmético se afirmar como natural não quer dizer que os seus constituintes não estejam contaminados, nem tão pouco evita a adição de substâncias sintéticas usadas como solventes, conservantes ou antioxidantes no seu processo de fabrico''

Há alguma forma de os consumidores saberem a diferença?

A inexistência de regulamentação específica para a elaboração de cosméticos biológicos (por oposição à legislação já existente para a produção e cultivo de produtos alimentares biológicos), dificulta a definição dos parâmetros que estes produtos devem seguir. Sem uma entidade legal que proteja e garanta os padrões defendidos pela cosmética biológica, as certificações independentes são a única forma de assegurar ao consumidor final a integridade e autenticidade do produto.

Na ausência de certificação, a qualidade e veracidade do cosmético bio ou verdadeiramente natural depende exclusivamente da competência e honestidade dos laboratórios que os desenvolvem, razão pela qual defendemos a certificação.

Na verdade, é a forma mais segura de garantir ingredientes de grande qualidade e a utilização de produtos livres de químicos sintéticos, prejudiciais à saúde. O facto de um produto cosmético se afirmar como natural não quer dizer que os seus constituintes não estejam contaminados, nem tão pouco evita a adição de substâncias sintéticas usadas como solventes, conservantes ou antioxidantes no seu processo de fabrico; natural apenas quer dizer que contém extratos naturais.

O logótipo de uma certificação num produto permite ao consumidor identificar se está perante um cosmético bio ou verdadeiramente natural, sem ter que analisar exaustivamente a lista de ingredientes.

Os químicos sintéticos utilizados na maioria dos cosméticos, ao serem absorvidos, não são reconhecidos pelo nosso organismo – Cátia Curica, fundadora da Organii e da Unii

Estes dois tipos de cosmética descartam ingredientes sintéticos ou podemos encontrá-los nas suas fórmulas? Estes podem ser prejudiciais?

Apesar de um produto cosmético se dizer natural não quer dizer que os seus constituintes não estejam contaminados, com a adição de substâncias químicas. Natural apenas quer dizer que contém extratos naturais. A cosmética biológica certificada proíbe o uso destes ingredientes e assim está garantida a sua não utilização.

Alguns dos ingredientes sintéticos utilizados são não biodegradáveis, como os derivados do petróleo, sendo muito prejudiciais para o meio ambiente. Outros têm sido indicados como disruptores hormonais, encontrados acumulados em tecidos humanos ou até na urina. São potencialmente prejudiciais e não se conhecem os efeitos cumulativos de longo prazo e do uso de vários cosméticos juntos (champô, gel duche, amaciador, desodorizante, perfume, creme, etc.).

Porque é que devemos optar por estes tipos de cosméticos?

A pele constitui o maior órgão do corpo humano. É um tecido vivo que respira, que nos defende das agressões externas e absorve mais de metade do que nela colocamos, entrando na nossa circulação sanguínea. Os químicos sintéticos utilizados na maioria dos cosméticos, ao serem absorvidos, não são reconhecidos pelo nosso organismo, tentando eliminá-los, provocando sobrecarga dos órgãos que desempenham esta função, como é o caso do fígado ou dos rins. Muitas destas substâncias permanecem no organismo, algumas provocando distúrbios como os disruptores hormonais, outros tem efeitos mutagénicos, outras ficam acumuladas em tecidos do corpo.

Pelo contrário, o processo de metabolismo das células das plantas ocorre de forma semelhante ao das células da pele humana. Os ingredientes ativos atuam do mesmo modo quando entram no corpo humano. O nosso organismo reconhece e compreende, assim, os ingredientes ativos das células das plantas e é por esta razão que se torna biologicamente possível o seu envolvimento nos processos da vida celular da pele, melhorando o bem-estar celular, bem como da saúde em geral. Por isso mesmo, a maior das vantagens é haver uma compatibilidade automática, uma tolerância por parte das peles mais sensíveis e de propriedades hipoalergénicas.

Aliam-se também vantagens que se prendem com o comércio justo e sustentabilidade, uma vez que este tipo de cosmética zela pelo comprimento desses parâmetros. É por isso que quando compramos um destes produtos é-nos dada a garantia de que, por exemplo, não foi testado em animais, de que os processos de fabrico são mais seguros e não poluentes e de que as embalagens devem ser escolhidas com o maior respeito pelo meio ambiente, utilizando formatos recicláveis e com baixo consumo de energia.

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