Beleza

Skinfluencers, uma nova geração de especialistas

As redes sociais apresentaram-nos um maravilhoso mundo novo, mas neste universo desconhecido tivemos algumas desilusões. Porém, depois da tempestade vem a bonança e com ela chegou uma nova geração de especialistas. Descubra quem são as skinfluencers.

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Skinfluencers, uma nova geração de especialistas Skinfluencers, uma nova geração de especialistas
Mariana Nave
Escrito por
Mai. 31, 2021

O número de seguidores não é aquilo que as move, nem tão pouco as marcas que possam procurar colaborações. O que as move é a paixão e o conhecimento pela indústria de beleza e, nas contas pessoais de Instagram, o que publicam é sinónimo de transparência e honestidade com quem as segue.

São estes e outros motivos que fazem com esta nova geração de especialistas – um híbrido entre as influencers de beleza e farmacêuticas – tenha cada vez mais adesão.

A nível internacional as skinfluencers já são relativamente conhecidas e em Portugal, apesar de ainda serem poucas, já deram provas de que representam aquilo que os seus seguidores procuram.

Com a indústria a mudar rapidamente, evoluem também os consumidores e, se antes olhávamos para as rotinas de beleza de celebridades para procurar conselhos, hoje damos prioridade a especialistas.

A realidade é que, com cada vez mais marcas a surgirem diariamente e bloggers a comunicarem diferentes produtos simultaneamente, é impossível encontrar qualquer tipo de consistência. De manhã, o melhor desmaquilhante para o seu rosto é da marca ‘A’, mas ao final do dia, o melhor desmaquilhante é da marca ‘B’.

É precisamente por este motivo que as skinfluencers são cada vez mais procuradas, pessoas especializadas, com formação dentro da área, que comunicam com transparência e esclarecem quem os segue.

Ventos de mudança

No Instagram, hashtags como #skincare devolvem milhares de resultados e todas as semanas é possível encontrar publicações novas. Navegar neste oceano de vídeos e fotografias com milhares de produtos, pode ser uma tarefa difícil para o consumidor e encontrar aquilo que vai de acordo às necessidades de sua pele é algo que raramente conseguem. Ou talvez não.

Graças a mulheres como Joana Nobre (@joana__nobre), Ana Oliveira (@anacbalexandre), Marta Ferreira (@apelequehabitoblog) ou Andreia Neto (@andreianeto), as redes sociais tornaram-se um lugar um pouco mais seguro, onde podemos partilhar sugestões, tirar dúvidas e até pedir algum tipo aconselhamento.

@andreianeto

Para Joana Nobre, publicar conteúdos de beleza foi algo que surgiu naturalmente. “Desde que tenho Instagram e pelo facto de trabalhar na indústria, fui sempre partilhando conteúdo informalmente nesta área. Porém, desde 2018 faço-o de modo mais regular através de fotografias, stories ou posts mais informativos. Gosto sempre de misturar ciência e tecnologia com a comunicação. Tanto pelas funções que desempenho na indústria, como pelas aulas que leciono em contexto académico, estudo diariamente e sinto-me tão empolgada com determinados temas que os partilho com os meus seguidores”.

Licenciada e mestre em Ciências Farmacêuticas e pós-graduada em Dermofarmácia, Joana é uma apaixonada pelo universo de beleza e defende que “nunca a ciência foi tão importante para a nossa saúde e bem-estar, a cosmética é ciência. Comunico sempre com o objetivo de dar uma perspetiva completa e neutra sobre o tema que estou a abordar, sem associação a marcas. Algo que realmente acrescente conhecimento a quem ler. Acima de tudo, sou cientista e sê-lo-ei sempre. Penso que quem me segue percebe que o rigor é a minha imagem de marca”.

joana nobre@joana__nobre

Já para Ana Oliveira, licenciada em Farmácia e trabalhadora na área de dermocosmética há seis anos, a partilha de conteúdos surgiu por necessidade.

A acne, dermatite seborreica e a dermatite atópica de que sofria levaram-na a procurar soluções, “o facto de pesquisar para mim, acabou por me interessar na área. Sou de farmácia, mas a dermocosmética é apenas uma das áreas e antigamente não tinha grande interesse. Porém, esta pesquisa acabou por me aguçar a curiosidade e percebi que tinha ali uma plataforma onde podia arranjar soluções para as pessoas que não tinham o mesmo acesso e a mesma literacia científica do que eu”.

Para Marta Ferreira, mestre em Tecnologia Farmacêutica e pós-graduada em Cosmetologia Avançada, a partilha de conteúdos surgiu em 2015, quando ainda estava a terminar o curso. “Parece-me que as pessoas estão mais interessadas em conhecer a constituição dos seus cosméticos, com base em informação credível, de forma a fazerem escolhas mais informadas”, refere.

@apelequehabitoblog

Beber conhecimento

Apesar da abordagem positiva, as três especialistas referem que ainda há muito espaço para melhorar dentro deste universo.

Segundo Joana Nobre, “o meu objetivo é promover a literacia nesta área. Quando vejo ou leio algo que vá no sentido contrário, sinto-me incomodada porque sei que o consumidor sairá prejudicado. Esta indústria tem um pé na saúde física e outro na saúde mental, mas falamos sempre de saúde. Incomodam-me estilos de comunicação que não distinguem uma review pessoal de um aconselhamento farmacêutico fundamentado. É muito perigoso analisar cosméticos e fazer diagnósticos, sem saber formular um produto nem o nome das células da pele”.

Já as restantes especialistas estão de acordo num aspeto, a ascensão das campanhas que incutem medo nos consumidores, é uma das características que menos gostam na indústria.

Para Ana Oliveira, “a moda de vender através do medo – também chamado de fearmongering –, onde as marcas vendem-se dizendo que o produto não tem determinados ingredientes e que por isso é melhor, não é tóxico, é seguro ou clean. Existe legislação, apesar de muita gente tentar fazer passar que não existe e que usar produtos cosméticos é um risco”.

@anacbalexandre

Marta Ferreira concorda com esta afirmação e refere que, “todas as campanhas que se baseiam no ato de incutir medo nos consumidores para vender, seja relativamente a parabenos, sais de alumínio, sulfatos ou derivados do petróleo, é enganosa e resulta da incapacidade de algumas marcas para se destacar por aquilo que os seus produtos efetivamente contêm. Infelizmente, grande parte dos consumidores interiorizou, erradamente, que estes e outros ingredientes são nocivos, e nos dias que correm é um verdadeiro desafio vender cosméticos com estes ingredientes tão seguros, mas tão demonizados”.

Apesar do desafio, todas adoram aquilo que fazem e a prova disso está nas suas redes sociais. Logo, se também é apaixonada por beleza ou começou a dar os primeiros passos neste universo não deixe de as seguir e espreitar o que por lá se passa.

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