Ao longo da História, o que não faltam são exemplos de mulheres que utilizaram o cabelo para mostrarem quem eram, a que classe pertenciam, qual o seu estado civil, entre outros.
Através de tranças ou perucas, usar as madeixas à vista ou completamente tapadas, o cabelo está associado a coisas tão diferentes como empoderamento ou opressão, com milhares de emoções à mistura que o tornam parte integrante da nossa identidade.
Talvez por isso, quando fica mais fraco ou cai, vivemos um misto de emoções que nos deixam, literalmente, com os nervos em franja.
Queda de cabelo crónica ou ocasional
Como nos explica David Valverde, médico estético com mestrado em Tricologia e Microtransplante Capilar, existem diferentes tipos de queda causadas por diversos problemas, que podem ser ocasionais ou crónicos.
“É preciso saber que perdemos, em média, cem cabelos por dia. Podemos ter uma queda ocasional, a que chamamos eflúvio telógeno agudo, ou pode-se ter uma queda progressiva e prolongada, designada eflúvio telógeno crónico”, esclarece.
Além disso, “existe a queda que está ligada a distúrbios hormonais ou componentes genéticos, como a alopecia androgenética, e ainda aquela perda de densidade e massa capilar, a que chamamos alopecia senescente, muito relacionada com o envelhecimento”, completa.
Mas, como se não bastasse, ainda há episódios ao longo da vida que podem potenciar o problema.
“É muito comum as mulheres experienciarem eflúvio pós-parto, geralmente uns meses a seguir ao nascimento do bebé; existe também o eflúvio anágeno, que acontece em pessoas que fazem quimioterapia…”, enumera David Valverde.
E se pensa que é apenas o stresse, a genética ou algum tratamento que podem causar a queda, está enganada.
“Existe outro tipo de alopecia, a alopecia de tração, que é muito comum em quem usa tranças apertadas junto ao couro cabeludo ou apanhados do género”, adverte o médico estético. É que a tensão prolongada numa determinada zona acaba por danificar os folículos.
Na raiz do problema
As causas para a queda de cabelo, na maioria, estão fora do nosso controlo, mas falar com um especialista pode ajudá-la a chegar à raiz do problema, ao mesmo tempo que deita por terra alguns mitos e evita problemas mais graves.
“Sabemos que o stresse é um dos piores inimigos do cabelo e são muitas vezes fatores stressantes que fazem com que este caia. Além disso, a queda pode ser provocada por fadiga acentuada, alimentação desequilibrada, até pela mudança de estação”, salienta.
“Nas restantes causas pode estar a falta de ferro, selénio, magnésio, vitamina D, ou outros componentes que fazem bem ao cabelo. Geralmente, nas minhas consultas, começo sempre por pedir análises, precisamente para poder averiguar esses níveis”, refere o especialista.
Para evitar a queda de cabelo, deixamos-lhe alguns conselhos para evitar que isto aconteça.
10 dicas para travar a queda de cabelo
1. Evite deitar-se com o cabelo molhado e penteá-lo em demasia quando ainda está húmido. Utilize apenas um pente de dentes largos e uma toalha para retirar o excesso de água.
2. Quando usar gadgets, como secadores e pranchas, é conveniente deixar secar o cabelo “ao natural”, não o deixar preso durante muito tempo e sempre que possível evitar produtos de styling.
3. Evite água muito quente, principalmente se lava o cabelo todos os dias. Temperaturas quentes estimulam a oleosidade do couro cabeludo.
4. Cuidado com o que ingere. Deverá ter uma alimentação rica em antioxidantes, minerais, vitaminas B e C, zinco e ferro.
5. Procure proteínas de extratos marinhos. São compostos ricos que atuam a partir do folículo da fibra capilar e que ajudam a garantir um crescimento saudável.
6. Faça desporto, pelo menos duas/três vezes por semana. É importante exercitar o corpo e serenar a mente, colocar o coração a bombear mais, nem que seja por pouco tempo. A boa circulação sanguínea permite que os fios de cabelo recebam os nutrientes necessários e consequentemente cresçam de forma mais rápida e saudável.
7. Tente não usar tranças regularmente.
8. Tenha cuidado para não usar produtos abrasivos e escolher apenas aqueles que sejam dermatologicamente testados, para manter a saúde do couro cabeludo.
9. Em clínica, “aquilo que mais fazemos é o plasma rico em plaquetas, é quase uma mesoterapia, mas com o sangue do próprio paciente. Pode ainda fazer-se mesoterapia com vitaminas próprias para o cabelo ou terapias com luzes LED, que ativam uma parte das células responsáveis por produzir energia. Além disso, é possível fazer microagulhamento para estimular a produção de colagénio e alterar a microvascularização”, explica David Valverde.
10. Produtos tópicos, como séruns, loções e ampolas podem ser sempre utilizados, mas o especialista alerta que o “uso de medicação, seja tópica ou oral, deve ser avaliada medicamente”. “Quando se fala de alopecia mais grave, é fundamental recorrer a um médico especializado para que se possa tratar. Isto porque, às vezes, pode-se estar a fazer um tratamento sem um diagnóstico correto, o que só vai atrasar a progressão de uma doença que pode evoluir para uma alopecia irreversível”.
