A grande maioria de nós tem medo de mostrar a sua verdadeira personalidade, os seus limites, os seus gostos, os seus sonhos e planos.
Acreditamos que se mostrarmos quem realmente somos vamos deixar de ser amados e aceites por alguém. Vamos perder a nossa “tribo” (será que é a “tribo” ideal para nós?). Crescemos a acreditar que existe um caminho que é suposto percorrer, caso queiramos ganhar ou manter uma vida segura, protegida. Nada de mais errado.
Somos ensinados a pensar como toda a gente, a querer o que toda a gente quer. A seguir modas só porque sim, e porque queremos (mais uma vez) ser aceites. Percorremos logos anos da nossa vida a acreditar que tem de ser assim. Mas não tem.
Todos nascemos com uma impressão digital. Cada um de nós tem a sua, e nem as impressões digitais dos gémeos são iguais. Isto diz-nos que todos somos diferentes, e por isso defendo a ideia de que temos de assumir essa diferença, sem medos e com orgulho. Nada mais “físico” e metafórico ao mesmo tempo: a nossa impressão digital, que simboliza tanto.
Quando, nos nossos empregos, por exemplo, perdermos o medo de ser quem realmente somos (com o devido filtro que a sociedade requer, obviamente) corremos o “risco” de libertar a nossa mente para o desenvolvimento de power skills (soft skills, como lhes costumamos chamar – competências comportamentais), tais como a criatividade e a comunicação, bem como a autoestima e confiança. Esta são as poucas maravilhas que podem acontecer caso decidamos correr este risco.
Acredito que mais facilmente mostramos o nosso EU mais autêntico no âmbito privado e pessoal. É normal.
Inclusive nos testes de análise comportamental (como o teste DISC – referente, em português, às palavras dominância, influência, estabilidade e conformidade), é recorrente obter dois resultados diferentes: um que diz respeito ao chamado “perfil natural” e outro ao “perfil adaptado”. Todos temos filtros e máscaras, faz parte, e não tem mal nenhum.
A grande questão acontece quando os dois perfis ( o natural e o adaptado) diferem muito um do outro. Como o sol e a lua, como o preto e o branco, como o azeite e a água.
Quando assim é dizemos que a pessoa está em esforço, o que pode revelar um alerta de burnout (esgotamento), por exemplo. Isto significa que faz diariamente um enorme esforço por tentar mostrar ser uma pessoa que não é. Este comportamento, mais cedo ou mais tarde, tem as suas consequências para a saúde, e para os resultados profissionais.
Agora que comprovei com fundamentos mais técnicos a minha “tese” de que devemos ser mais autênticos também na realidade profissional, atrevo-me a terminar esta crónica com algumas questões para reflexão:
• Como seria a sua vida, e os seus resultados, se deixasse de ter medo de ser autêntica?
• Como seria a sua realidade profissional?
• Já pensou onde poderia estar se decidisse mostrar o quão diferente é?