Grande parte do meu percurso profissional tem sido realizado na área dos ditos recursos humanos, não porque sempre quis que assim fosse, mas porque fui agarrando as oportunidades que a vida me foi colocando à frente.
Foram 12 anos a trabalhar em empresas, seguidos de 8 anos a trabalhar por conta própria. Sempre em áreas conectadas com as pessoas, o destino assim o decidiu, e ainda bem. Aqui, por “destino” entendo as opções que fui fazendo, as indecisões que tive de ir resolvendo, porque acredito que o destino somos nós que o traçamos.
Tenho, ao longo destes 20 anos, acompanhado o mercado, as necessidades e as tendências das empresas e das pessoas. Tenho a certeza que neste momento estamos a assistir a uma enorme (mas discreta) revolução, em que as empresas valorizam cada vez mais as competências comportamentais, em detrimento das competências técnicas.
Mafalda Almeida, coachO “saber ser” é cada vez mais importante, e ainda bem, se me permite. Acredito que o “saber fazer” já é um dado adquirido, todos nós temos a obrigação de desempenhar bem as nossas funções, quer estejamos ao serviço de uma empresa, quer tenhamos um negócio próprio. O “saber fazer” é a base, e nem se coloca a questão de “não saber fazer” ou de “fazer de forma medíocre”. Temos de saber fazer bem. Ponto final.
A questão está em “saber ser”, e isto faz toda a diferença. Assisti ao longo da minha carreira a situações onde excelentes profissionais simplesmente não se conseguem adaptar a algumas empresas e ambientes. Assisti também a candidatos considerados perfeitos não serem selecionados para determinado cargo porque um outro candidato demonstrou melhor atitude. Leia-se “atitude”, como saber ser.
As chamadas soft skills passaram a ser power skills (competências de poder), porque são elas que neste momento marcam a diferença muitas vezes num processo de recrutamento.
Refiro-me a competências como por exemplo o trabalho em equipa, a coragem, a criatividade, a iniciativa, a confiança, a liderança, a capacidade de gestão de conflitos e de stress, empatia. Entre muitas outras.
Não se ensinam power skills nas escolas, e é uma pena. Porque o “saber ser” é neste momento a chave para se ter sucesso com clientes, parceiros, negócios.
Hoje, antes de se contratar alguém ou de se fechar um negócio, as competências são analisadas, valorizadas.
Isto leva-nos ao remate final desta crónica: invista em si, no seu desenvolvimento pessoal. Desenvolva as competências necessárias para se tornar insubstituível. Mesmo que perca algum emprego, ou que enfrente uma situação desafiante, se tiver as competências certas, mais facilmente vai conseguir gerir a situação.
E, da mesma forma, mesmo que já deseje ser ainda mais visível no seu cargo ou inclusive conseguir uma promoção no seu emprego, quem sabe ser tem vantagem. Não tenha vergonha de saber ser!
Mafalda Almeida é a coach pioneira em Desenvolvimento Feminino, afirmando-se assim no mercado do desenvolvimento pessoal. É ainda autora dos livros ‘Veja em si a Melhor Mulher do Mundo’ (Marcador, 2018) e ‘Torne-se insubstituível’ (Contraponto, 2024).
