Joana Duarte: “A Kitchenette é onde a comunicação e a comida se encontram”
É a cara por trás da Kitchenette, o novo espaço em Campo de Ourique que é ao mesmo tempo um cowork de comida, uma agência de comunicação para marcas que trabalham com comida e uma pop up store para amantes de comida.
Foi no famoso bairro de Campo de Ourique que Joana Duarte abriu as portas do seu novo projeto: a Kitchenette, que nasceu da enorme vontade de ter um espaço para confecionar os seus bolos e que também servisse de ponto de recolha das encomendas de forma a profissionalizar o contacto com os clientes.
O que é a Kitchenette?
A Kitchenette é uma montra para novas marcas de comida e a fachada de uma agência que as quer pôr nas bocas do mundo.
Já tinhas esta ‘ideia no forno’ há quanto tempo? Em que é que te inspiraste?
A Kitchenette é onde a comunicação e a comida – dois percursos que fui fazendo em paralelo durante mais de 10 anos – se encontram. A vontade de os juntar sempre existiu, mas só agora ganhou verdadeiramente um sentido.
Se mantive a Cupcakes Bazaar [marca de cupcakes que criou há uns anos] durante este tempo todo não foi por amor à pastelaria, mas sim porque um dia sabia que me queria dedicar à comunicação de comida. Era isso que me dava realmente gozo – construir e manter uma marca com a qual as pessoas se quisessem relacionar.
A inspiração para a Kitchenette nasceu da minha vontade de ter um espaço (desde pequena que sempre sonhei ter uma loja) para confecionar os meus bolos e que também servisse de ponto de recolha das encomendas de forma a profissionalizar o contacto com os clientes. Quando aluguei o espaço onde é hoje a Kitchenette Pop Up Store foi a pensar na Cupcakes Bazaar.
Durante muitos anos senti uma frustração enorme porque tinha noção que montar uma cozinha profissional envolvia um investimento que eu não conseguia fazer e isso fez com que pesquisasse alternativas – espaços mais pequenos ou cozinhas partilhadas. Foi nesse processo de pesquisa que fiquei a conhecer conceito de cozinhas comerciais e coworks de comida.
A Kitchenette é um cowork de comida à medida das minhas possibilidades atuais. Também a Kitchenette é uma startup que tem como objetivo crescer de forma sustentável, o que significa abrir mais espaços ou ter um espaço maior.
Gostas mais de comida ou de comunicação?
Gosto mais de comunicação, mas por escassos pontos de diferença.
Os sabores salgados ainda não destronaram a tua paixão por doces?
Jamais trocaria uma tábua de enchidos e queijo por qualquer coisa doce. A não ser que fosse um litro de gelado de manjericão!
Desde que abriste já tiveste várias parcerias e pop ups. Foi fácil encontrar parceiros interessados em aderir a este conceito?
No início, ainda antes de ter aberto a loja, foi mais complicado. O espaço ajuda a credibilizar o conceito porque as pessoas ainda precisam dessa validação. É por isso que nesta fase grande parte do meu trabalho passa por garantir uma programação regular de eventos na Pop Up Store. Isto serve de alavanca para as outras áreas, nomeadamente a consultoria de comunicação.
Atualmete, a loja e o Instagram são as facetas mais visíveis da capacidade que a Kitchenette tem e quer continuar a construir para dar a conhecer novas marcas de comida. No futuro teremos outros canais para suportar esta divulgação dos projetos e assim chegar ainda a mais pessoas.
Portugal está preparado para receber estes conceitos mais fora da caixa?
Acima de tudo, acho que Lisboa está preparada porque vivemos uma fase de completa ebulição e, a meu ver, a forma como nos relacionamos hoje com a comida reflete isso mesmo.
E não me refiro só ao facto de estarmos cada vez mais atentos ao que é novidade, mas sim à atenção cada vez mais seletiva para o que realmente interessa a cada um dentro do que é novidade.
Quem é que te procura? Os teus amigos? Os amigos dos teus parceiros? Os moradores de Campo de Ourique? Ou, simplesmente, foodies?
O público que visita a Pop Up Store é um misto de tudo isso e é muito bom.
Os moradores receberam-me muito bem, eu adoro fazer parte da vida daquele bairro que é também o meu.
Como é o dia a dia no Kitchenette?
Na minha cabeça, separo a Kitchenette da Kitchenette Pop Up Store e como, nesta fase, o meu foco está sobretudo nesta última, o dia a dia passa muito por dar respostas a pedidos de informação sobre o conceito e funcionamento da loja, fazer visitas, manter a página de Instagram, criar os conteúdos de divulgação dos pop ups agendados e identificar projetos que considero interessantes para receber no espaço.
Desde que abriste o espaço, fazes mais comunicação para novas marcas ou cozinhas mais?
Ultimamente quase não cozinho, seja em casa ou na Kitchenette…
E de todas as parcerias que já levaste a cabo, de qual mais gostaste ou teve mais sucesso?
O sucesso de um pop up pode ser avaliado de várias formas. A mais óbvia é a adesão do público e a sua tradução em vendas.
No entanto, para mim e, felizmente, para quase todos os projetos que já por lá passaram, a presença na Kitchenette Pop Up store é acima de tudo um momento de comunicação e a hipótese de, além de venderem os seus produtos, terem um contacto direto com o público.
Já aconteceu, por exemplo, no caso do Pão do Pastor, este ser visitado por pessoas que representam outros projetos e que o abordaram para passarem a vender o seu pão.
Vais conseguir viver só da Kitchenette?!
É para isso que trabalho todos os dias.
Quem é que gostavas que te ligasse a pedir para fazer um evento contigo?
A Kerry Diamond, da Cherry Bombe.
E para o Natal? Há muitas surpresas?
Estou em fase de negociação com algumas marcas para dezembro, mas, para ser sincera, já me sinto em 2020.
Projetos para o futuro?
Um podcast produzido em pareceria com uma amiga que vai dar cartas nessa área.
Já tens a agenda cheia para 2020?
Era bom!
Algum evento/parceria já marcada que esteja no segredo dos deuses e queiras partilhar connosco?
Há um projeto para o próximo ano que pode ter uma dimensão doida, mas que por ainda não ser certo não posso divulgar.