A pandemia trouxe não só novos hábitos, como novas rotinas que nem sempre foram muito benéficas para a saúde mental e para o bem-estar geral. O teletrabalho, por exemplo, mostrou inúmeros desafios – desde trabalhar com crianças em casa, o não cumprimento do horário laboral que colmatou em horas extra, a desorganização, entre outros – que vieram a mostrar-se um verdadeiro problema para os trabalhadores.
Agora, um novo estudo conduzido por Géraldine Fauville, da Universidade de Gotemburgo, provou que as reuniões de Zoom, que foram também introduzidas na nossa rotina, estão a afetar todos os trabalhadores, mas em específico mais as mulheres.
A investigação juntou 10.500 entrevistas para perceber como era a experiência de cada pessoa em videochamadas. Foi usada a escala de Exaustão e Fadiga do Zoom, criada pela mesma instituição, que analisa os diferentes níveis de cansaço.
Os resultados revelaram que 13,8% das mulheres relataram sentir-se entre “muito” a “extremamente” cansadas, ao invés dos homens que ficaram abaixo dos 6%.
É ainda importante dizer que neste estudo, homens e mulheres tinham o mesmo número de reuniões por dia, sendo que as das mulheres tendiam a durar mais tempo e tinham intervalos mais curtos pelo meio.
Quanto às razões que levariam as mulheres a estarem mais cansadas, podem ser: a diferente forma de trabalhar online, comparando com as dos homens, e um fenómeno chamado “ansiedade do espelho”.
Chegou-se ainda à conclusão que os mais jovens ficavam mais cansados do que as pessoas mais velhas
Segundo o estudo, as mulheres relataram sentir uma maior pressão para manterem uma aparência adequada, sendo mais suscetíveis ao “autofoco prolongado”, ou seja, estarem frequentemente a olharem para si próprias.
Esta constante avaliação à aparência e o constrangimento com a imagem levam as mulheres a sentirem-se mais ansiosas e nervosas durante e após as reuniões.
“Todos nós já ouvimos histórias sobre a ‘fadiga do Zoom’ e vimos provas anedóticas de que as mulheres seriam mais afetadas, mas agora temos dados quantitativos que provam, de facto, que isto é pior para o público feminino e, mais importante, sabemos o porquê”, escreveu Jeffrey Hancock, um dos co-autores.
Mas não ficou por aqui. Ao analisarem também a idade dos participantes, chegou-se à conclusão que os mais jovens ficavam mais cansados do que as pessoas mais velhas. Todos estes grupos mostraram-se mais ansiosos e exaustos quando as reuniões chegavam ao fim.