A semana de trabalho de cinco dias tem quase um século de existência. Esta forma de organização do tempo de trabalho não partiu de uma iniciativa governamental. Terá sido o industrial Henry Ford quem primeiro introduziu a medida.
Algumas empresas privadas e instituições públicas nos EUA já testaram esta abordagem. “Em 2008, o estado do Utah introduziu a semana de trabalho de quatro dias nos serviços públicos, como medida de poupança financeira em resposta à crise económica. Ao fim de seis meses, os utentes já se tinham adaptado e o bem-estar dos funcionários melhorou. Há dois anos, 43 por cento das companhias norte-americanas já tinham adotado a semana de trabalho comprimida, ainda que apenas dez por cento a tivessem disponibilizado à maioria dos empregados. A beleza disto é que não é um projeto governamental”, comenta Jerzy Ciechański, especialista no tema e um grande defensor da semana de trabalho de quatro dias.
“É uma forma a proporcionar mais flexibilidade. Em princípio, isto significa que os trabalhadores passam a ter mais um dia de folga, um fim de semana de três dias, por exemplo”, avança Najati Ghosheh, investigador do Programa de Condições de Trabalho e Emprego na Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O que acontece se trabalharmos menos um dia?
“Tende a haver uma diminuição de baixas médicas, menos acidentes de trabalho e menos absentismo, um aumento da motivação e do empenho dos trabalhadores, uma maior produtividade e melhoria da qualidade do trabalho”, enumera Jorge Cabrita, gestor de projetos de investigação na Eurofound.
Porquê? Mais um dia livre permite que os indivíduos possam dedicar-se mais a cuidar da família. Isto é importante para quem tem filhos pequenos ou idosos a seu cargo.
Da teoria à prática
Ainda assim, a proposta de condensar o tempo de trabalho em quatro dias pode não ser a mais adequada. “A conciliação da vida laboral com a vida privada é dificultada por horários de trabalho muito longos”, comenta Jorge Cabrita.
“Dias de trabalho de dez horas podem gerar fadiga nos trabalhadores e devem ser monitorizados para esse limite não ser excedido e se tornarem dias de 14 horas de trabalho, sistematicamente. Além disso, criam problemas na esfera familiar, sobretudo no acompanhamento das crianças. E algumas empresas de pequena dimensão ainda alertam para o facto de poderem existir dificuldades de agendamento, por falta ou número insuficiente de empregados”, concorda Najati Ghosheh, professor de Economia Política na Universidade de Varsóvia.
Um outra hipótese
Alternativamente, poderá fazer sentido para algumas empresas e instituições reduzir a carga laboral de oito para seis horas de trabalho por dia. Isto perfaz um total de 30 horas semanais. Esta hipótese já foi ensaiada com sucesso em alguns países nórdicos Na Suécia foi testada nos setores privado e público.
Acha que trabalhar menos um dia seria uma medida positiva? Saiba ainda quais os prós e contra de trabalhar em casa.