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“A ideia de construir a nossa tiny house surgiu quando apareceu a pandemia”

Quando surgiu a pandemia e sentiram necessidade de viajar, o casal Joana e António Laranjeira tiveram a ideia de construir a sua própria tiny house. Descubra, na primeira pessoa, como correu esta aventura.

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“A ideia de construir a nossa tiny house surgiu quando apareceu a pandemia” “A ideia de construir a nossa tiny house surgiu quando apareceu a pandemia”
© shutterstock
Escrito por
Jul. 17, 2021

A ideia de construir a nossa tiny house surgiu quando apareceu a pandemia, juntamente com a necessidade que sentimos de viajar. Uma caravana, ou mesmo uma autocaravana, era algo que não encaixava na nossa ideia e forma de ver uma casa, pois os nossos conceitos de decoração e de nos sentirmos bem com os materiais à nossa volta são um fator muito importante para a nossa vivência.

O minimalismo, e o facto de cada vez termos menos coisas na nossa casa (já que ano após ano fomos doando e vendendo muitas coisas que não nos faziam falta no dia a dia) aliado à solução de ter algo transportável para viajarmos, conseguindo conjugar a questão de levar os materiais e conceito de decoração da nossa casa connosco sempre numa casa com rodas, era a solução perfeita.

O principal desafio é, sem dúvida, o facto de nunca termos construído nada do género antes, mas os profissionais e várias empresas têm-nos ajudado, e o YouTube também

A nossa inspiração é, essencialmente, o sentimento de casa e o objetivo é conseguir sentir (na tiny house) aquilo que sentimos num espaço que é nosso.

A nossa tiny house tem 2,20 metros de largura, por três de altura máxima útil interior e cerca de seis metros de comprimento. As divisões foram pensadas de forma a aproveitar ao máximo aquilo que podemos usar perante a lei dos Atrelados em Portugal, pois sendo uma casa rolante, neste caso uma casa em cima de um atrelado de transporte de mercadorias, temos de nos sujeitar às medidas da Lei, o que nos fez aproveitar em altura para ter um piso intermédio, tipo mezanine, onde serão as camas.

A área central do piso principal é o espaço comum, uma zona de sofá e mesa, a casa de banho e a cozinha.

Organizar tudo numa casa pequena é, por si só, um grande desafio, mas torna-se maior ainda quando falamos numa tiny house sobre rodas.

Tudo tem de estar muito bem pensado, a porta tem de trancar, os pratos têm de ter uma divisão própria para não escorregarem e estarem presos, etc.

Os desafios e apoios

O principal desafio é, sem dúvida, o facto de nunca termos construído nada do género antes, mas os profissionais e várias empresas têm-nos ajudado, e o YouTube também. Lá fora existem muitas pessoas com projetos idênticos e, através deles, conseguimos aprender e, por vezes, até comunicar para tirarmos dúvidas.

É muito desafiante para nós saber mais sobre os processos construtivos, desde a estrutura à impermeabilização, até aos sistemas solares fora de rede, depósitos e bombas de água.

Em Portugal, a nível legal não existe, para já, uma alínea específica onde se enquadre o nosso projeto, já que estamos a falar de uma estrutura amovível, num atrelado de mercadorias, estrutura esta que é completamente fora da rede, que não se liga à rede, e que, por exemplo, para despejar um depósito utilizaremos os locais próprios onde uma caravana ou autocaravana o faz.

A sustentabilidade é para nós um fator muito importante, desde a escolha dos materiais ao sistema que estamos a desenvolver Offgrid, baterias, painéis solares, aproveitamento de águas, sanita não química, entre outros.

São tudo escolhas ponderadas e muito discutidas com amigos e influencers do ramo da sustentabilidade que nos ajudam e com os quais aprendemos sempre mais alguma coisa.

A verdade é que é um tema importantíssimo no mundo em que vivemos, pois existem muitas soluções para tornar uma casa sustentável, mesmo que esta esteja sobre rodas.

Próximos passos

Estamos na fase do revestimento exterior, a estrutura já é autoportante e até já consegue não ter o atrelado por baixo, o que nos permite melhores acabamentos e impermeabilizações exteriores até por baixo, onde, na sua base/laje, estão alojados os depósitos de águas e baterias.

Agora estamos a caminho da fase de canalizações e isolamentos das paredes, mas encaramos um dia de cada vez.

Uma atitude sustentável também é comprar em Portugal. Nós temos cá tudo, muito boas empresas e profissionais prontos a ajudar e com materiais de ótima qualidade que exportam para todo o mundo

Para este projeto não temos um dead line porque estamos a aprender e a estudar a cada passo que damos. Além disso, somos apenas dois (e um mini ajudante) e temos os nossos trabalhos.

Num mundo sem pandemia iria ser diferente, porque a nossa comunidade quer muito participar e ajudar, mas de momento ainda não é possível, nem seguro.

Quanto ao orçamento, o estimado são cerca de 10 mil euros, mas nós aproveitámos um atrelado que já tínhamos, que custa cerca de cinco ou seis mil euros.

O propósito da construção da nossa tiny house não foi algo definido desde o início, mas temos duas opções: para as férias e, quem sabe, para colocarmos num terreno nosso num futuro próximo.

Para saberem mais sobre o projeto, estamos a publicar uma série da construção da tiny house no nosso canal de YouTube. Podem acompanhar o passo a passo, tirar dúvidas e aprender um pouco mais de como estamos a construir a nossa ‘pequena casa’ sobre rodas.

Conselhos para quem quer construir uma tiny house

Diríamos que, no mínimo, a fazerem com as próprias mãos, contem em gastar entre 15 a 20 mil euros – no caso de ser uma tiny house da mesma dimensão que a nossa (e sobre rodas).

Não tenham medo de pôr mãos à obra, de pôr a mãos na massa, nem de pedir ajuda e aprender!

Uma atitude sustentável também é comprar em Portugal. Nós temos cá tudo, muito boas empresas e profissionais prontos a ajudar e com materiais de ótima qualidade que exportam para todo o mundo!

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