As tendências de decoração oscilaram (e bem) nos últimos anos. O que se usava no tempo dos nossos avós, agora também queremos na nossa casa. No que às paredes dizem respeito, as tintas têm sido as favoritas das casas dos portugueses mas, mais recentemente, temos visto o papel de parede a ganhar terreno.
A Saber Viver falou com Ricardo Seguro Pereira, arquiteto de interiores, fundador do projeto Ant’s Basket e um dos decoradores do programa da Sic Mulher E Agora O Que é Que Eu Faço?, e conta-lhe tudo sobre esta técnica.
As tendências em papel de parede
Não é difícil perceber que, tal como na moda, a decoração também é cada vez mais efémera. Ou seja, é imperativo que se volte a arriscar em padrões e cores mais ousadas.
Mas com conta, peso e medida. É que nos anos 70, a sua aplicação do papel de parede era feita por toda a casa. Hoje, é visto em apenas uma outra divisão. “Marcas do tempo”, refere Ricardo Seguro Pereira.
“A tendência no uso das riscas parece continuar com bastante força e não quer desaparecer. As riscas, além de serem extremamente fortes como elemento decorativo, ajudam-nos a alterar a percepção do espaço de uma maneira bastnte intuitiva. É fácil perceber que, dependendo da posição das mesmas, podemos ficar com um espaço ‘mais alto’ (riscas verticais) ou com um espaço mais alongado (riscas horizontais)”, explica o arquiteto.
Mas não fica por aqui. Se não é fã de riscas, há ainda um outro padrão que, certamente, irá levar mais vida à sua casa.
“Estamos numa época em que o floral/tropical está a marcar posição e faz com que os decoradores e ‘interioristas’ usem cada vez mais este tipo de motivo nas suas decorações”, alerta.
Como aplicar papel de parede (sem enganos)
Ricardo Seguro Pereira refere quais são os materiais que deve ter para a aplicação do papel.
Materiais necessários
• Rolo de papel de parede;
• Balde para a cola;
• Esponja e recipiente com alguma água para lavar a parede e excesso de cola;
• Trincha de cola (pincéis que parecem vassouras com cabo menor);
• X-acto;
• Rolo ou rolete para os cantos;
• Escova de espalhamento;
• Espátula de revestimento;
• Mesa de apoio;
• Escadote;
• Pano limpo;
• Régua;
• Nível ou fio de prumo
Passo-a-passo
Antes de começar, avalie o tipo de parede em que vai aplicar o papel. Se for uma parede porosa, deve aplicar uma sub-camada para gesso ou um cola de papel pintado 24 horas antes. Isto para que a descolagem do papel seja mais simples e não danifique a parede.
As paredes pintadas devem ser lavadas com um detergente especial. Já as paredes que já têm papel de parede aplicado, deve utilizar um produto de descolagem diluído em água quente e deixar atuar durante 10 minutos (deve sempre descolar o papel de cima para baixo com a ajuda de uma espátula). Se preferir, pode ainda utilizar uma máquina de lavagem a vapor.
Para paredes húmidas, aplique uma sub-camada própria para este tipo de parece e veja qual o seu tempo de secagem.
1.º Prepare a primeira faixa. Meça a altura da parede (sem contar com o rodapé), assinale e trace essa altura no rolo. Não se esqueça de contar com mais cinco a 10 centímetros para os cortes.
2.º Deve iniciar a aplicação a partir de uma janela ou porta e ir seguindo sempre a mesma ordem até dar a volta à divisão ou chegar ao limite da zona que queremos revestir.
3.º Utilize um fio de primo para traçar uma linha vertical a 50 centímetros da janela. Depois, coloque as várias faixas de papel com o padrão virado para baixo e prepare a cola. Quando estiver pronta, deixe-a repousar durante 10 minutos antes de proceder à utilização.
4.º Cole uma boa metade da faixa à parede, a partir do centro para as extremidade, com uma escova para alisar o papel. Vá aplicando sempre mais cola.
5.º Dobre a parte colada sobre si mesma, sem passar por cima da dobra formada.
Sabia que….
O papel de parede nasceu na China, no século II A.C. Era inicialmente feito com papel de arroz e não tinha qualquer motivo. Era simples, dispensava adornos e, apesar de conferir mais conforto às casas, era totalmente branco.
Ainda assim, não se manteria minimalista para sempre. O papel deixou de ser feito em arroz, e passou a ser em pergaminho. A técnica proliferou-se e foi a Europa a criar a primeira fábrica em papel, em Roven, França, chamada Papel-Toutisses, em 1630.
“O papel de parede foi-se tornando cada vez mais elaborado mas também, à medida que a produção em série chega aos nossos tempos, também ele começa a distanciar-se da antiga técnica feita pela mão de artesãos”, explica Ricardo Seguro Pereira.
Porém, foi com a chegada do movimentos Arts & Crafts, na segunda metade do século XIX, com William Morris, pintor e escritor, que o papel de parede se tornou numa referência na decoração. E aqui, sim, os padrões florais e feitos à mão marcaram esta técnica que muito impactou a decoração das casas da época (e de agora).
O papel decorativo voltou a ganhar estatuto nas casas de todo o mundo e é hoje, tal como diz o arquiteto, “um elemento decorativo de bastante prestígio”.
Já alguma vez aplicou papel de parede? Saiba ainda quais as 6 dicas simples a ter em conta para decorar qualquer espaço.
