A compostagem é um processo biológico em que os microrganismos transformam a matéria orgânica numa substância semelhante ao solo, à qual chamamos de composto.
Funciona como corretor agrícola e, sendo rico em nutrientes, nutre o solo, melhorando assim as suas propriedades físicas, químicas e a sua estrutura.
Este método não é propriamente uma novidade. Sempre foi utilizado pelos agricultores para aumentar a atividade microbiana e a capacidade de retenção de água, ou seja, enriquecer os solos.
A diferença é que agora a sustentabilidade ambiental é, sem dúvida alguma, um dos principais desafios do século XXI. Felizmente, há cada vez mais pessoas a alterar comportamentos e a querer dar o seu contributo para reduzir a própria pegada ecológica.
Este método — simples, natural e economicamente sustentável — não só reduz o volume de lixo que vai para aterro (este produz gás metano), como evita a compra de adubos ou fertilizante para a sua horta, quintal, jardim, vasos e floreiras.
Para que a compostagem funcione bem, é fundamental ter a maior diversidade de resíduos possível, numa proporção igual de resíduos verdes e castanhos.
Cerca de dois ou três meses depois, um aparente amontoado de lixo transformar-se-á num material uniforme capaz de transformar qualquer horta e passará a cheirar a terra fresca. Tudo isto sem custos, de forma totalmente natural e orgânica e sem recurso a químicos.
O que pode ser compostado?
Resíduos verdes geralmente húmidos e ricos em azoto
- Folhas verdes;
- Aparas de relva fresca;
- Flores e ervas daninhas sem sementes;
- Restos de vegetais crus e frutas;
- Cascas de ovo esmagadas;
- Borras de café, incluindo os filtros e sacos de chá;
- Pão.
Resíduos castanhos geralmente secos e ricos em carbono
- Folhas secas e serradura;
- Relva cortada seca, palha e erva seca;
- Resíduos de cortes e podas secos;
- Aparas de madeira;
- Restos de frutos secos;
- Agulhas de pinheiro;
- Guardanapos e outros papéis não plastificados;
- Cascas de batata.
O que não pode ser compostado?
O objetivo da compostagem doméstica é promover a estrutura, porosidade e fertilidade dos solos, por isso, há resíduos domésticos que não deve compostar, como por exemplo:
- Restos de carne, peixe e marisco (provocam odores desagradáveis e inviabilizam o composto);
- Laticínios;
- Beatas de cigarros;
- Medicamentos;
- Resíduos de plantas doentes ou tratadas com produtos químicos (as temperaturas da compostagem não eliminam substâncias tóxicas);
- Excrementos de animais domésticos (podem conter microrganismos patogénicos que sobrevivam ao processo de compostagem);
- Resíduos não biodegradáveis como o plástico, vidro, metal, pilhas, tintas e têxteis;
- Comida com gordura.
Como fazer compostagem
- Escolha o local, de preferência à sombra, com um ponto de água e sem vento (para que o composto não seque);
- Prepare o fundo, colocando uma camada de pequenos ramos para possibilitar o arejamento e impedir a compactação;
- Coloque os resíduos verdes e castanhos em camadas alternadas, sendo a última sempre de resíduos castanhos para evitar a proliferação de odores, insetos e outros animais indesejáveis;
- Coloque a pilha de resíduos orgânicos em contacto com a terra para permitir a entrada de microrganismos e a drenagem da água;
- Mantenha o composto húmido, regando-o sempre que necessário.
Cuidados a ter
Controle a temperatura periodicamente, sendo que a ideal situa-se entre os 60 e os 65ºC.
Para que os microrganismos possam atuar eficazmente, a pilha de resíduos orgânicos deverá ter alguma humidade. Para a controlar, pegue, regularmente, numa porção da pilha de resíduos orgânicos e aperte-a. As suas mãos deverão ficar húmidas. Se escorrer água, é sinal de que há excesso de humidade e, nesse caso, adicione resíduos secos.
Se, pelo contrário, perceber que está demasiado seco, junte resíduos verdes e água.
Quanto ao arejamento, certifique-se que mexe o composto pelo menos uma vez por semana. Sem oxigénio, os microrganismos não conseguem respirar e, por conseguinte, não vão realizar a compostagem. Desta forma, é essencial revirar a pilha de resíduos orgânicos para o arejar.
Compostagem Comunitária
Não ter espaço para colocar o compostor ou espaço verde próprio não significa que não possa fazer compostagem. Caso não tenha espaço com terra para instalar o seu compostor, poderá ainda assim inscrever-se e demonstrar interesse pela compostagem comunitária.
A Câmara Municipal de Lisboa, por exemplo, iniciou a instalação de compostores comunitários piloto nas freguesias da Ajuda, Areeiro, Campolide e Olivais.
Lisboa a Compostar é um projeto que visa a formação em compostagem, a oferta de um compostor doméstico aos munícipes que têm espaço para o instalar e o apoio continuado da CML aos munícipes que, através de inscrição, manifestem o interesse em reduzir os seus resíduos domésticos.
Já a Valorsul desenvolveu um projeto inovador de compostagem comunitária. Todos podem compostar já distribuiu um compostor comunitário em cinco espaços verdes da área metropolitana de Lisboa, nomeadamente no Parque Central da Amadora; no Parque Integrado da Ribeirada, em Odivelas; no Parque Verde das Colinas do Cruzeiro, Odivelas; na Quinta Pedagógica dos Olivais, em Lisboa; e no Jardim do Ecobairro, em Vila Franca de Xira.
Se pretender aderir, pesquise sobre compostagem comunitária na sua área de residência.