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Crónica. O Yin e Yang na casa e na pessoa

Crónica. O Yin e Yang na casa e na pessoa

O Yin e o Yang são termos orientais que nos ajudam a entender que tudo na vida tem complementaridade, ou que cada face tem as suas costas e que as relações entre opostos são sempre inversamente proporcionais.

Por Mar. 9. 2022

Na filosofia oriental que é a base do Feng Shui, o Yin e o Yang são duas forças opostas e complementares que funcionam sempre por comparação e relatividade. Uma não existe sem a outra e quanto maior for uma, menor será a outra.

Em termos práticos, o Yin é mais suave, sensível e adaptável, enquanto o Yang representa o lado mais brusco, forte e inflexível.

É ao Yang da vida que vamos buscar a vontade, a ação, a firmeza, a confiança e o sentido de direção, assim como a luz e o dia, mas é no Yin que acalmamos, que nos ajustamos, que encontramos conforto e estabilidade, assim como a sombra ou a noite.

Todos os espaços por nós utilizados têm caraterísticas mais Yin ou mais Yang, tão somente por terem mais sol ou mais sombra.

O Yin e Yang é uma ferramenta fundamental quando estudamos os perfis emocionais ou psicológicos dos indivíduos.
Alexandre Gama

Sempre que abordo o tema do Yin e da Yang há muita confusão no ar, pois no mercado há (felizmente) muita informação disponível. Num texto podemos ler que certa zona é Yin e, noutro texto, que a mesma zona pode ser Yang. E quase sempre os dois textos estão corretos. Apenas os contextos são diferentes.

Então não basta saber que algo Yin tem o seu oposto Yang. É necessário entender que algo que é Yin à direita tem de ser mais Yang pela esquerda. Que algo que é Yin por dentro, mostra-se mais Yang por fora. E fazer também distinção entre massa e energia, ou corpo e movimento.

Yin e Yang na casa

Assim, na casa, uma sala de uma cave com pouca janelas é mais Yang do ponto de vista de estrutura (forte, robusta e protetora) e, naturalmente, vai ser mais Yin do ponto de vista da energia ou da forma como nela nos movimentamos (tudo mais calmo, parado, lento e pesado).

O exemplo oposto será o último piso de um edifício com muitas janelas e bastante aberto, onde a sua estrutura se mostra mais Yin (frágil, aberta, pouco protetora) e onde a nossa vida nesse espaço adquire qualidades mais Yang (rápida, ativa e até cansativa).

Yin e o Yang na pessoa

Também no nosso corpo o tema do Yin e o Yang é bastante explorado.

Pela lateralidade:

O nosso lado esquerdo é catalogado por ser Yin (ligado ao nosso emocional), mas isso acontece porque nele circula a maior quantidade de energia Yang (energia do céu ligada à intuição), e o nosso lado direito é catalogado de Yang (a ação e controlo) porque nele corre a maior quantidade de energia Yin (energia da Terra ligada ao apoio e segurança).

Pela frente e costas:

À frente temos uma estrutura mais frágil, mas energia mais ativa. Nas costas, uma estrutura mais forte e robusta, acompanhada de energia mais passiva.

Este mesmo tema do Yin e Yang é ferramenta fundamental quando estudamos os perfis emocionais ou psicológicos dos indivíduos.

Quando me sinto forte e seguro comigo próprio (Yang no interior) autorizo-me a ter comportamentos de tolerância e flexibilidade, de doçura e empatia (Yin por fora).

Quando me sinto frágil, inseguro (Yin interior) tenho invariavelmente comportamentos de rigidez, violência e inflexibilidade (Yang exterior).

Mas cuidado, pois também posso ser completamente inflexível e exigente comigo (Yang interior em demasia), o que me leva a vitimizar e a sentir-me um frangalho (Yin exterior em excesso).

Tal como temos o dia e a seguir a noite, também na vida precisamos de intercalar momentos de mais Yang seguidos de momentos mais Yin
Alexandre Gama

Ao entender este conceito, conseguimos mais facilmente estar em harmonia connosco e com os outros e também criar e desfrutar dos espaços com muito mais qualidade.

Como seres completos que somos, podemos estar atentos ao que sentimos e, depois, tentar compensar com o tipo de ambientes que escolhemos.

Alguém que esteja demasiado inflexível não vai flexibilizar por decreto. É verdade que a tomada de consciência já é meio caminho, mas podemos também ajudar com a alimentação e com o Feng Shui.

Assim, alguém que está muito inflexível pode escolher alimentos menos concentrados e mais fluidos (evitar grãos de cereais e sementes e preferir folhas de vegetais) e procurar passear na Natureza, em zonas de floresta ou perto de água.

Alguém que se sente com menos sentido de direção ou dificuldade em assinalar limites pode procurar alimentos que promovam o seu Yang (procurar sementes e cereais em vez de alimentos expandidos e também preferir alimentos integrais em vez de industrializados, evitar lacticínios e açúcar). Pode também procurar ambientes mais cosmopolitas ou caminhos na Natureza, com montanha, pedra, rocha ou deserto.

Sendo um tema tão vasto, resumo…

  • Quem precisar de estar mais Yang (decidido e firme) pode procurar viver em ambientes com mais luz.
  • Quem precisar de estar mais Yin (confortável e seguro) pode procurar ambientes mais sombrios ou com luz suave.

De qualquer forma, tal como temos o dia e a seguir a noite, também na vida precisamos de intercalar momentos de mais Yang seguidos de momentos mais Yin. A vida em harmonia depende da circulação destes dois estados.

Alexandre Saldanha da Gama é consultor de Feng Shui e autor do livro ‘Feng Shui @ Lares e Costumes Portugueses’. Estudioso de pessoas e da sua energia, criou a marca Feng Shui Integrativo através da qual orienta seminários, cursos, palestras e faz consultas de astrologia do ki das 9 estrelas. Desenvolve e acompanha in loco projetos de decoração, dá consultas de Feng Shui e faz limpezas energéticas de espaços.

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