Já lhe aconteceu entrar na casa de um amigo ou familiar e ficar assoberbada com a decoração interior? Ora porque as paredes estão pintadas de um cor demasiado forte, criando um ambiente desconfortável, ora porque está cheia de móveis e desorganizada.
A verdade é que, depois de um longo dia de trabalho, tudo o que queremos fazer chegadas a casa é relaxar, e existem certas escolhas de decoração que nada contribuem para isto (embora, como já temos vindo a referir, gostos não se discutem).
É aqui que o design biofílico pode ajudar. Numa sociedade que vive num loop constante de afazeres, e com cada vez mais diagnósticos de stress e ansiedade, torna-se urgente encontrar soluções que ajudem a mitigar estes problemas, e uma delas passa por termos um espaço onde nos sintamos seguros e relaxados. Por norma, é o nosso lar.
Design biofílico: o que é?
Embora seja uma tendência na arquitetura e na decoração de casas, espaços públicos e de trabalho, não é uma novidade. Tem como grande objetivo criar ambientes naturais para melhorar o bem-estar e o relaxamento de quem deles desfruta, e para isso recorre a elementos da natureza.
“A palavra biofilia é de origem grega, significa ‘amor à vida‘ e é usada para indicar o amor pela vida ou sistemas vivos associados à natureza no geral”, explica à Saber Viver Rita Salgueiro, arquiteta de interiores. “Foi usado pela primeira vez pelo psicanalista alemão Erich Fromm e mais tarde pelo biólogo Edward O. Wilson. De acordo com uma pesquisa em 2020, o design biofílico ajuda a reduzir o stress e a ansiedade, com efeito imediato após a interação com o mesmo, embora o seu efeito varie conforme os elementos utilizados”.
A importância da natureza
“A natureza tem um papel fundamental no comportamento humano, tanto a nível de relaxamento como de produtividade”, diz Rita Salgueiro.
São vários os estudos que ligam a sensação de bem-estar, quer física quer mental, à presença de elementos verdes na arquitetura e na decoração:“Percebeu-se a necessidade de reintroduzir a natureza nos edifícios de forma a criar espaços naturais em zonas urbanas, algo que tinha desaparecido após a revolução industrial”.
A presença destes elementos “estimula os sentidos inatos do ser humano na busca de paz e relaxamento, essencialmente em hospitais. Estudos já revelaram que quem fica nas camas junto às janelas, e com vista para as árvores, precisa de menos medicação para as dores e recupera cerca de um dia mais cedo do que os pacientes que ficam em quartos sem vista para o exterior”, explica.
“Em termos práticos, a exposição à luz natural ajuda no equilíbrio do ritmo cardíaco, assim como o uso de materiais naturais reduz o efeito de toxinas que contribuem para a poluição do ar. Segundo um estudo de 2016, o acesso ao ar livre, a ventilação natural e espaços verdes ajudam a respirar melhor”, continua a arquiteta.
Características do design biofílico
- Materiais naturais como pedra, madeiras e bambu;
- Elementos orgânicos como cristais, conchas, búzios e elementos da própria natureza;
- Uso de cal com pigmento, em vez de estuque, ou estuque biológico pintado com tintas orgânicas;
- Janelas com dimensões generosas e, sempre que possível, clarabóias em espaços centrais onde a luz tem mais dificuldade em chegar;
- Plantas que renovem o ar, como o lírio da paz, fetos e plantas que precisem de menos exposição solar para colocar em zonas mais escuras;
- Os jardins verticais são o ideal para quem tem espaços mais reduzidos;
- Sons da natureza como pássaros ou vento;
- Aromas ligados a ambientes naturais, como velas com aroma de praia ou elementos naturais;
- Cores calmantes e ligadas à natureza.