A etiqueta made in Portugal não está só no calçado e peças de roupa produzidas em território nacional. Também o mobiliário tem uma palavra a dizer sobre o sucesso no estrangeiro, com exportações de relevância, muito em parte devido à qualidade exímia que esta indústria apresenta em relação à concorrência.
Os últimos anos têm sido muito positivos para o mobiliário português e nem a pandemia parece ter travado o seu sucesso. Só no primeiro trimestre de 2021, o mobiliário cresceu 5%, sendo que março foi registado como o melhor mês de sempre.
Em relação a 2020, também 80% das empresas mantiveram ou aumentaram o número de colaboradores e apenas 20% registaram uma diminuição de clientes.
Estes dados positivos vêm também com algumas más notícias para o setor. A pandemia, a implementação do teletrabalho e o aumento de tempo passado em casa vieram alterar a rotina dos consumidores que precisaram de reajustar as peças de mobiliário em casa.
A procura por conforto e por peças mais funcionais para o dia a dia levaram a que muitas empresas não conseguissem responder em tempo útil às necessidades dos consumidores. Consequentemente, isto traduziu-se numa escassez de matérias-primas que vieram afetar a produção e, claro, os custos para as empresas.
Em comunicado, citado pelo Jornal de Negócios, o presidente da APIMA (Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins), Joaquim Carneiro, referiu: “Os primeiros meses de 2021 demonstram que há um conjunto de consequências da pandemia, como a escassez e subida vertiginosa dos custos das matérias-primas, bem como dos transportes e fretes marítimos, que continuaram a prejudicar e a condicionar seriamente a atividade económica deste cluster [um cluster consiste num conjunto de empresas que se agregam por possuírem características semelhantes e coabitarem no mesmo local]. O objetivo é conseguirem uma maior eficiência”.
Atualmente, com a pandemia, o interesse pelas compras de peças de mobiliário online disparou
A exigência do consumidor também aumentou, não recentemente, mas nos últimos anos. Num documento da Direção Geral das Atividades Económicas, de 2017, está escrito: “Não menos importante neste sucesso foi a compreensão daquilo que o consumidor pretende, podendo as peças serem executadas de acordo com os desejos do consumidor, ou seja, personalizadas e solicitadas através de encomenda. Os criativos de mobiliário não param de procurar e encontrar soluções, a fim de surpreender os compradores, e apostam na prestação de um bom serviço antes e após a venda.”
O sucesso que o documento fala refere-se à introdução do digital, que veio alterar não só a forma de desenvolver um projeto de mobiliário, como também a forma de compra.
Atualmente, com a pandemia, o interesse pelas compras de peças de mobiliário online disparou. Esta foi uma das principais preocupações da Boa Safra, marca portuguesa de mobiliário, que concentrou esforços no site e nos conteúdos digitais para conseguir dar resposta ao interesse dos clientes.
“Já recuperámos os valores pré-pandémicos, mas tivemos de nos adaptar às novas circunstâncias”, diz-nos Rui Rocha, criador e diretor da marca. Depois de saírem do LxFactory em julho, a Boa Safra tem agora uma nova casa na Embaixada, no Príncipe Real, em Lisboa, e recebe clientes sem marcação, exceto se for para desenvolver projetos de maior dimensão.
Neste showroom já é possível conhecer a Colheita, a nova coleção com foco na sustentabilidade, em que o cliente pode fazer pedidos personalizados, de acordo com os seus gostos pessoais. Não só vai perceber que a Boa Safra tem uma vertente minimalista muito forte, como a escolha de matérias-primas é feita com minuciosidade e respeito pelo ambiente.
O mobiliário português é rico e cheio de história. Em baixo, mostramos-lhe algumas peças de diferentes marcas portuguesas que tem de conhecer.