Cláudia Vieira tenta manter-se otimista em relação à fase menos boa que atravessamos e acredita que depois disto vamos passar a dar ainda mais valor a quem nos faz bem, aos nossos. Não esconde a atitude positiva que tem perante a vida, mas confessa que não foi fácil adaptar-se a novas rotinas, ter duas crianças em casa e continuar com os cuidados de sempre.
Mãe de duas meninas, Maria, de 10 anos, e Caetana, com um ano, a atriz admite que conseguiu reajustar-se melhor às rotinas quando esteve infetada com Covid-19 (juntamente com o companheiro e as duas filhas), devido ao tempo em que teve de estar em casa. Ainda que siga um estilo de vida saudável, não resiste a um bom croissant de chocolate, ou qualquer outra variedade deste doce.
A Saber Viver conversou com a atriz que nos conta tudo sobre os desafios que enfrentou em 2020 e as expectativas para 2021. Leia tudo em baixo.
Entrevista a Cláudia Vieira.
Como é que se pode caracterizar a alimentação da Cláudia? É cuidada?
Posso considerá-la equilibrada! Eu como de tudo, mas com uma base saudável porque não abdico de comer legumes, sopa, fruta… E quando digo de tudo é porque como realmente de tudo e isto inclui sobremesas, por exemplo. É claro que tento ir gerindo e, por isso, tenho uma base de alimentação com superalimentos.
Nos dois confinamentos, cometeu mais disparates do que o normal?
Sim, no primeiro foi o descalabre [risos]. Eu estava a amamentar e logo a vontade de comer e comer várias coisas era gigante. O maior disparate foi mesmo os croissants com chocolate. Fizemos diversas vezes cá em casa e eu nunca resisti.
Com a pandemia, tentou introduzir novos hábitos na sua rotina diária e alimentar?
Não, quer dizer, mais ou menos. Acho que é inevitável existirem novas rotinas ou uma adaptação das mesmas, porque passou a existir uma maior utilização e exploração do nosso espaço de casa, um usar e desfrutar da casa totalmente diferente. Está a acontecer isso.
Eu nunca passei muito tempo em casa e agora passo muito mais, por isso é completamente diferente. E nesse sentido, sim, há uma diferença nas minhas rotinas, mas, de forma geral, os hábitos e alimentação mantêm-se.
Como foi reorganizar rotinas com duas crianças em casa?
Não foi nada fácil, principalmente no primeiro confinamento em que todos fomos apanhados um bocadinho de surpresa e durante muito tempo. Depois, mais tarde, quando estivemos infetados, já nos reajustamos um bocadinho melhor.
Tal como está a acontecer agora, todos nós já estamos mais contextualizados, mais informados e a aceitação é mais fácil. Mas o facto de estar a trabalhar (com todas as medidas de segurança, menos equipa, máscara, todos testados à chegada, etc.) também faz toda a diferença, porque não estou num confinamento total. Além de que tenho dois cães e tenho que ir à rua com eles várias vezes ao dia. Isso ajuda porque é uma lufada de ar fresco e mesmo com máscara sabe muito bem.
Mas reorganizar as rotinas não é nada fácil. A Maria, com a escola e a adaptação à escola online, a Caetana, muito bebé, com a amamentação à mistura, foi um bocadinho stressante e angustiante em determinados momentos.
A sensação que eu tinha, no primeiro confinamento, era que tudo me escapava, ou seja, não havia um bocadinho de tempo para mim, e tudo o que eu desejava fazer ou me proponha a fazer era em vão porque o dia passava a correr, com tudo o que tinha a fazer, desde tratar das miúdas, da casa, das comidas.
Não foi nada fácil também porque não costumo estar tanto em casa, como já disse, mas lá está, é um momento em que temos de ter este cuidado todo para que em breve todos estejamos bem e mais felizes.
Sendo adepta de desporto, conseguiu manter-se motivada? Adotou alguma estratégia especial?
Tentei, depois não consegui. O tempo ia passando, o dia passava, era hoje, mas afinal ficava para amanhã, amanhã também não era e ficava para depois de amanhã. Ia empurrando e o intervalo sem fazer exercício começava a ficar maior.
Isto provocava depois uma má postura, dores nas costas, pelo facto de estar muito habituada a fazer exercício e começar a desleixar. Essa foi das coisas que mais me custou, porque ao fazermos exercício libertamos muitas tensões, deitamos fora muitas coisas que estão mais no nosso corpo e, no fundo, isso deixou de acontecer e tornou-se um bocadinho tóxico, quase.
Depois, esforcei-me mais, mais que não fosse quando passeava os cães, corria um bocadinho. Se não conseguia fazer um treino de 45 minutos, fazia 15 minutos, e depois mais uns 15 minutos.
Fui-me reeducando de forma a conseguir fazer algum exercício, pois nem sempre conseguia planear ou ser rigorosa com certos horários. O rigor dos horários é uma vantagem muito grande, ter tudo escalado por momentos do dia, embora acabe por me escapar um bocadinho também pelo resto da rotina, duas filhas, dois cães, torna tudo um bocadinho mais complicado e muitas vezes não corre como planeado.
Ao longo deste tempo fui procurando novas modalidades e novas formas de exercitar e adotei o ioga para a minha vida. Na realidade, comecei pela meditação, mas o ioga veio para ficar na minha vida.
Qual foi o maior desafio que enfrentou em 2020?
2020 foi um ano carregado de desafios, sem qualquer dúvida. Falando de desafios pessoais, foi continuar a amamentar quando a minha filha já não estava a mamar diretamente do peito, ou seja, estive mais de um mês a tirar leite com bomba e isto foi muito desgastante.
Lutei para que fosse o maior tempo possível e acabei por dar de mamar durante oito meses, o que foi muito bom, mas sempre com a condicionante de não ser diretamente.
Outro grande, grande desafio, foi cumprir este distanciamento que temos de ter uns dos outros e estar muito tempo sem ver os meus. Estar muito tempo em casa, como já referi, é também para mim um enorme desafio porque não é uma coisa que adore.
Profissionalmente, regressar à apresentação após ser mãe, no meio da pandemia e com todas as condicionantes foi, sem dúvida, um enorme desafio que tão bem me soube.
No dia a dia, quais são os alimentos que privilegia e os que exclui de imediato?
O que excluo de imediato são os fritos. Não é uma coisa que goste, inclusivamente incomoda-me. Não tenho tendência a cometer excesso de doces, tirando os croissants com chocolate da quarentena, mas normalmente sou controlada. Por isso, estes são os que excluo.
Os alimentos que privilegio, sem dúvida os legumes, fruta, depois alimentos ricos como sementes, iogurtes probióticos que ajudam muito na digestão e no nosso bem-estar geral a partir da flora intestinal e que fazem toda a diferença.
E o seu guilty pleasure? (um doce ou salgado à qual não consiga resistir)
É sem dúvida chocolate. Bolo de chocolate, bolos com cobertura de chocolate, húngaros e o próprio do chocolate, chocolate negro, bombons…
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Que mensagem positiva passaria às leitoras da Saber Viver para este 2021?
De tempos a tempos enfrentamos algo que nos tira da nossa zona de conforto, na qual não temos qualquer domínio e ficamos com a nossa vida limitada, mas passa. Tudo passa, claro que provoca muitos estragos, retira muitas vidas, exige muito sacrifício de todos, mas vai passar.
Portanto, temos de aceitar que neste momento estamos a viver e a passar por uma fase menos boa, mas que vamos dar a volta e em breve teremos as nossas vidas nas nossas mãos, para as saborear, para aproveitar, para dar valor às pessoas certas, dar valor a tudo o que temos de uma forma um bocadinho diferente daquela que dávamos antes.
Vamos valorizar mais o que temos à nossa volta, as pequenas coisas, tudo o que nos rodeia. Reforço a aceitação do momento menos bom com a esperança de que tudo vai passar rápido.
Importante é também tomarmos opções saudáveis para nos sentirmos mais fortes, resistentes, capazes, e por isso, sejam elas opções saudáveis na alimentação ou a prática de exercício físico regular, ajudar-nos-ão mais facilmente a superar momentos menos bons.
Porque as nossas opções trazem consequências, se forem opções boas também as consequências serão as melhores.