O início da vida de casados ou de união de facto traz não só um compromisso, mas também alguns quilos extra. Pelo menos, é isto que demonstra um estudo da Western Washington University, nos Estados Unidos da América, que refere que as mulheres casadas são quem come melhor.
Mas não é só: pesam em média mais um quilo e meio do que as solteiras e o aumento de peso dá-se logo no primeiro trimestre de vida em comum.
Prazer a dois à mesa
Será esta a regra? É sim, e segundo a nutricionista Patrícia Costa, também é “a tendência”, e a razão é simples: “Provavelmente, quando solteiras, não tinham um momento de refeição, porque não cozinhavam ou não tinham o prazer de se sentar à mesa sozinhas. Muitas vezes, os momentos de refeição são os únicos que muitos casais partilham no dia a dia agitado de ambos, e isso leva a que sejam especiais e valorizados.”
A nutricionista lembra ainda que “o sentar à mesa para comer é um ato social. Não é à toa que grandes celebrações, assim como negócios, muitas vezes, se celebram à mesa. Por isso, há um prazer diferente quando não estamos sozinhos, e esse relaxamento e maior satisfação podem levar a uma menor perceção da quantidade ingerida e a comermos sempre além do nosso limiar de saciedade.”
Patrícia Costa aponta ainda uma outra razão: “É que se um dos elementos do casal até pode ficar satisfeito com uma refeição mais leve, o outro pode não ficar, fazendo com que se confecione algo sempre mais elaborado e completo.”
Contudo, casamento ou união de facto e quilos a mais, não têm de ser uma sentença. “Se parece ser verdade que a dois se engorda, também se pode dizer que a dois é mais fácil perder peso. O casal pode definir objetivos (seja perder peso, ou passar a comer mais legumes) e, em conjunto, trabalhar para os conseguir. E isso pode ser refletido não só nos momentos de refeição, como fora dela, definindo também a prática de exercício físico em conjunto. Há um apoio mútuo que resulta sempre em melhores resultados”, salienta a especialista em nutrição.
Mais magras, mas a comer pior
Um outro estudo, desta feita realizado na Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, concluiu que as mulheres solteiras, apesar de serem mais magras, alimentam-se pior, porque diversificam pouco a alimentação e comem menos vegetais do que as casadas.
Isto acontece, sobretudo, porque grande parte não gosta de cozinhar só para si. Esta é uma frase que Patrícia Costa ouve repetidamente no seu consultório, juntamente com “’como qualquer coisa e fico bem’ e, muitas vezes, comer qualquer coisa significa que o jantar é uma sopa ou leite com cereais em frente à televisão”, acrescenta.
Para contrariar esta tendência, a nutricionista aconselha a planear as refeições. “Se a ideia é não ter que cozinhar todos os dias, organizar uma série de refeições rápidas e saudáveis para a semana durante o fim de semana, pode ser uma estratégia, podendo optar pelo congelamento individualizado em porções.”
Mas, afinal, o que é melhor? Ter um pouco de peso a mais, mas comer uma variedade maior de alimentos; ou ser magro e comer de forma muito repetitiva e com poucos legumes?
Patrícia Costa não tem dúvidas, “um dos princípios da alimentação saudável assenta na diversidade e peso a mais nem sempre representa problemas para a saúde, depende obviamente do que é que representam esses quilos extra, se músculo ou gordura. Uma alimentação diversificada é sempre melhor opção, garantindo-se assim uma maior diversidade de macro e micronutrientes.”
Por isso quando cozinhar, “lembre-se da Roda dos Alimentos e dos alimentos nela presentes nas proporções representadas – é sempre uma boa estratégia para termos uma alimentação saudável”, diz a nutricionista.
Veredito final
Em jeito de conclusão, Patrícia Costa diz que “há bons e maus exemplos de hábitos alimentares saudáveis, tanto em solteiros como em casados.” É isso que tem verificado nas suas consultas.
“É notório uma crescente tomada de consciência da importância do que representam hábitos alimentares saudáveis no estado de saúde e bem-estar. Há mais procura da consulta de nutrição, não tanto para perder peso, mas para ‘aprender a comer‘ e isso vê-se não só em solteiros, mas também numa fase mais tardia enquanto casados”, conta.
Quando nas relações amorosas há filhos, a especialista diz que os pais se tornam mais exigentes com a alimentação, porque os seus hábitos alimentares são tomados como exemplo para aqueles e, por isso, acredita “que os casados comem melhor do que os solteiros nos dias de hoje.”