Sabemos que o lema é ‘beber com moderação’, mas há sempre uma exceção. É o dia do “não me lembro”, do “fala mais baixo” e do “fecha a persiana”, também conhecido como o dia da ressaca. Costuma ser tramado – exceto para aquela minoria que diz não sofrer desse problema – e, por vezes, até doloroso.
Por norma, a noite anterior é de festa, de gargalhadas e diversão. Já não se pode dizer o mesmo do dia seguinte. Mas se quer boas notícias, saiba que há formas de contornar a situação.
A dor de cabeça é dos sintomas mais comuns, mas há outros que pode não associar a este mal-estar. Descubra como pode tratar ou até mesmo evitar a ressaca.
O que é a ressaca e que sintomas a caracteriza?
“A designação de ‘ressaca’ refere-se a um conjunto de sintomas causados pela ingestão excessiva de álcool, que acontecem 6 a 8 horas após o consumo”, explica Margarida Dias, coordenadora de medicina geral e familiar do Hospital da CUF Descobertas.
Após estas horas, é normal que o corpo comece a reagir perante o excesso que cometeu horas antes. Alguns sintomas são comuns. Outros, poderão não reconhecer de imediato. Identifique-os:
• Náuseas
• Falta de apetite
• Cansaço
• Sonolência
• Irritabilidade
• Dificuldade de concentração
• Boca seca
• Transpiração excessiva
• Tremores
Quanto ao tempo que a ressaca demora a passar, depende muito de pessoa para pessoa, mas não só.
“O tempo de eliminação do álcool pelo organismo varia com a constituição física da pessoa, a idade e o género, além do tipo e quantidade de bebida”, refere Margarida Dias.
Por exemplo, segundo a especialista, um copo de vinho pode levar três ou mais horas a ser eliminado. O que significa que, quanto maior for a quantidade de bebidas que se ingeriu, muitas mais horas demoram até saírem do organismo.
Como evitar e tratar a ressaca
Não há grandes milagres neste campo, mas há alguns passos que podemos seguir para que a ressaca seja mais tolerável (ou mesmo inexistente). A especialista partilha alguns conselhos que podem ajudam a prevenir este estado.
• Consumir álcool em menor quantidade;
• Ingerir alimentos antes de consumir bebidas alcoólicas (pelo retardamento da absorção);
• Rerfoçar o consumo de água, que contraria a desidratação pela ingestão de álcool;
• Escolher bebidas “mais claras”, pela sua composição química.
Se não tomou nenhuma destas prudências, então o que tem a fazer é beber uma boa quantidade de água durante o dia. “Após a ingestão de bebidas alcoólicas, o aumento de consumo de água, ao reidratar o organismo, ajuda a melhorar alguns sintomas, nomeadamente a dor de cabeça”, afirma Margarida Dias.
Além disso, deve ainda fazer refeições com “alimentos ricos em cisteína”, como laticínios, ovos e brócolos, que “ajudam a neutralizar as toxinas do álcool”.
A ressaca depende do género e da idade?
Sim. Na verdade, há fatores individuais que podem ter influência na ressaca. “No geral, com o passar dos anos, o nosso organismo diminui a capacidade de reagir a situações de stresse, por fatores de natureza diversa”, esclarece a médica.
“Assim, por exemplo, no idoso, a composição corporal tem maior proporção de gordura, o que faz com que o álcool ingerido permaneça mais tempo no organismo”. A especialista alerta ainda que as alterações funcionais do fígado, com a idade, atrasam a metabolização do álcool, o que faz com que o efeito tóxico dure mais tempo.
Quanto ao género, é verdade que as mulheres ficam mais facilmente embriagadas do que os homens e, consequentemente, sofrem mais com a ressaca. “Há vários estudos que já o avaliaram e demonstraram que após o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o género feminino, em qualquer idade, tende a experimentar ressacas mais intensas e toleram menor volume de álcool que os homens”, menciona.
De acordo com a especialista, isto acontece pela biologia e fisiologia, além da composição corporal , serem diferentes entre géneros.
5 mitos sobre o álcool e a ressaca
Margarida Dias ajuda-nos a desmistificar algumas ideias sem fundamento que perduram ao longo dos tempos. “Culturalmente, a tradição de consumo de álcool é muito antiga, pelo que certas crenças desenvolveram-se”. Alguns destes mitos serão:
1. O café e o banho frio ‘curam’ a ressaca. “Tal não é verdade, embora ambos funcionem como estimulantes do sistema nervoso e contribuam para alívio de alguns sintomas”;
2. A melhor cura para a ressaca é voltar a ingerir bebidas alcoólicas no dia seguinte. “Totalmente errado! O consumo adicional de álcool só irá agravar e prolongar a ressaca”;
3. Tomar analgésico após a ingestão alcoólica evita a dor de cabeça no dia seguinte. “Não só não é verdade, como a associação do álcool e medicamentos pode ter efeito tóxico adicional”;
4. Uma refeição rica em gorduras e calorias ajuda a curar a ressaca. “Acontece exatamente o oposto. Após a ingestão excessiva de álcool, é importante desintoxicar o corpo com uma dieta leve, com legumes e frutos, além da ingestão de água.”
Sabia de todos estes passos para evitar a ressaca? Saiba ainda quantas calorias têm as principais bebidas alcoólicas.