Cada vez mais mulheres optam pelo copo menstrual como alternativa aos tampões e pensos higiénicos. Seja pelo ambiente, para reduzir os custos associados à higiene menstrual ou por motivos de saúde, o copo menstrual é uma opção que promete fazer frente aos métodos mais tradicionais.
As críticas são mistas: há quem adore, quem não goste e quem, ainda assim, não desista. Se por um lado os benefícios podem ser muitos, por outro, a resistência em relação ao copo menstrual ainda é grande.
É difícil de colocar? É doloroso? Dura o dia todo? E o que fazer quando temos que trocar numa casa de banho pública? Para reponder a estas e a outras perguntas, a Saber Viver falou com quatro mulheres que nos contaram todos aqueles pormenores que sempre quisémos saber acerca do copo menstrual.
É um ‘sim’ inequívoco ao copo menstrual? As opiniões dividem-se
Melissa, 28 anos
Experiência de 0 a 10: 9
“Comecei a usar o copo principalmente por uma questão ambiental e económica. Já o uso há um ano e tem sido uma experiência muito positiva. A primeira vez que tentei usar foi relativamente tranquila, mas há sempre o nervoso acerca de como colocar.
Foi fácil, tinha receio de como é que o copo se iria posicionar, de como tirar, mas com a prática esses receios desaparecem. Tal como no caso dos tampões, a colocação depende muito se estamos relaxadas, portanto se estivermos muito tensas, mais demorado será.
Antes, sentia o tampão ao longo do dia, o que me incomodava, mas com o copo não acontece o mesmo, até me esqueço que o tenho! Dura todo o dia e podemos usar até 12 horas. Dizem que o seu depósito equivale a três tampões, por isso não tenho essa preocupação, mesmo com fluxo abundante. Nunca tive necessidade de o trocar num local público, o que ajuda imenso.
Mas em casa tiro, lavo e volto a colocar. Ainda utilizo pensos para dormir (também podemos utilizar o copo), no entanto, gostaria de trocá-los por uns mais ecológicos.
O meu conselho é que mesmo que a primeira colocação seja complicada, não desistam, é tudo uma questão de prática (se for o que querem mesmo). Eu uso o meu há um ano e não pretendo voltar a utilizar tampões”.
Sara, 40 anos
Experiência de 0 a 10: 4
“Decidi começar a usar o copo menstrual porque achei que seria uma opção mais saudável, para substituir os tampões, já que a possibilidade do Síndrome do Choque Tóxico assustava-me.
A primeira vez que usei não foi muito agradável, o meu maior receio era que não o colocasse de forma correta e que saísse fluido, o que acabou por acontecer. A colocação não é propriamente difícil, mas para mim não é tão prático como um tampão.
Para trocar, se estivermos numa casa de banho pública, por exemplo, não dá para passar por água, a não ser que tenha uma torneira ao lado, o que não acontece muitas vezes.
A minha experiência não foi positiva e desisti ao fim de três meses, pelo que não recomendaria. Havia quem dissesse que era um método mais natural, mais amigo do ambiente, mas a verdade é que os tampões são biodegradáveis.”
Andreia, 28 anos
Experiência de 0 a 10: 5
“Comecei a usar o copo pois pareceu-me a melhor opção face à necessidade de redução da pegada ambiental e porque, a nível orçamental, os custos são reduzidos a curto e médio prazos.
A primeira vez que usei foi estranha. A nossa fisionomia é bastante diferente de mulher para mulher, o que penso ser determinante na adaptação. A minha, não foi, de todo, a melhor. Talvez porque ainda não consegui entender qual a melhor posição para o corpo de forma a que não haja perdas e, consequentemente, a necessidade de outro tipo de método.
Honestamente, a minha experiência tem sido negativa, no sentido em que ao fim de 10 meses a usar o copo menstrual, ainda não consegui deixar totalmente de usar outros métodos como, por exemplo, o penso higiênico diário.
A troca em sítios públicos é quase impossível, é preciso algum espaço de manobra visto ser necessário um bidé ou outro tipo de fonte de água que permita a lavagem do próprio copo e a nossa higiene pessoal. Também não resulta para todos os dias do período. Nos dias em que o fluxo é mínimo, o copo quase que se “agarra” totalmente, tornando muito mais difícil retirá-lo.
Nos últimos dois meses tenho-me sentido mais preguiçosa em relação a este esforço de “fidelização”. Também porque não conseguimos prever a hora exata ou mesmo o dia em que a menstruação vai aparecer e, sendo honesta, é mais fácil andar com um tampão que está esterilizado e selado por um plástico, na mala, do que com uma estrutura com um tamanho mais considerável.
De qualquer forma, tenho recorrido a pensos diários porque, lá está, não o me consigo livrar das tais perdas. O meu conselho é ter a mente aberta, não desistir e pensar que é por objectivo legítimo: a nossa contribuição ínfima para cuidar da nossa ‘casa’.”
Joana, 32 anos
Experiência de 0 a 10: 9
“Comecei a usar o copo para proteger o meu corpo do contacto com materiais químicos e tóxicos e também para reduzir um pouco a minha pegada ecológica.
A primeira vez, por acaso, correu bem! Já tinha o copo há anos, mas só me lembrava dele quando o período aparecia e acabava sempre por arranjar desculpas para não o começar a usar de imediato. Agora adoro e já uso todos os meses!
O meu medo era o de não o conseguir colocar, só estava habituada a tampões com aplicador. Mas isto não se verificou e correu logo bem na primeira tentativa. Basta dobrá-lo e depois parece que até é sugado pelo corpo. A parte mais difícil, no meu caso, é garantir que ele se abre completamente, caso contrário vai sempre verter um pouquinho.
Entretanto, já descobri que isso pode ter a ver com a tonicidade da minha musculatura pélvica e há marcas com diferentes maleabilidades para músculos mais sensíveis ou mais desenvolvidos. Eu coloco de manhã e só retiro ao final do dia. Como não tenho muito fluxo menstrual, não preciso sequer retirar a meio do dia. Não se sente nada e quase nunca me lembro que o tenho colocado. Mesmo nos últimos dias [do período], quando o fluxo é bastante menor, uso normalmente sem qualquer desconforto, o que não me acontecia com os tampões.
Para mim [a colocação] é muito fácil, apenas convém estar perto de um sítio com água para se poder lavar e voltar a colocar. Costumo retirá-lo mesmo de pé, mas tendo o cuidado de quebrar o vácuo antes de puxar. Depois é só ir puxando e mantendo o copo vertical para que não haja nenhum derramamento acidental.
Nada como experimentar e deixar de lado todas as ideias preconcebidas, não tem nada para correr mal!”.