Nos dias de hoje somos muitas vezes levados a olhar apenas para o interior das paredes da nossa casa e nem sempre nos lembramos de que, independentemente de termos a nossa casa no seu melhor, cerca de 70% da sua energia vai depender do exterior. Do jardim, da varanda, do bairro onde a nossa casa ou apartamento está inserido.
É um bairro com espaços verdes? É um bairro mais industrializado? É um bairro mais comercial? Estamos perto de hospitais? Cemitérios? Tribunais? Ou, pelo contrário, temos escolas, museus, centros de exposições, e espaços verdes?
A questão principal aqui é que nem sempre podemos ou conseguimos controlar, ou organizar, a energia do bairro onde estamos inseridos, pois não está nas nossas mãos e não temos poder nem meios para o fazer. Por isso, começamos por escolher um local onde, para nós, essas características já sejam equilibradas, e assim será mais fácil.
O espaço exterior do nosso lar
Depois há uma zona onde já somos capazes de modificar. O nosso jardim, a nossa varanda, o nosso canteiro da janela.
No que toca ao jardim, podemos sempre recorrer a uma equipa de especialistas de espaços verdes, mas devemos também ter voto na matéria e sermos bastantes ativos no processo. Devemos intervir usando a nossa energia para nos ligarmos ao espaço. No final, quem vai usar esse espaço vamos ser nós.
O jardim deve proporcionar ambientes de descanso e outros mais ativos. Deve também favorecer o nosso contacto com a natureza. Se tivermos sol, podemos sempre ter árvores que façam sombra ou até utilizar um toldo.
• Do lado norte devemos ter um muro alto ou barreira de árvores que nos proteja dos ventos mais frios.
• Do lado nascente podemos ter plantas mais altas e esguias, e árvores. Também nesta zona podemos ter água, um lago, uma fonte ou uma piscina. Vai refrescar o ambiente, mas a água deve estar em movimento para promover a circulação da energia.
• Do lado sul temos a zona mais ativa e dinâmica do jardim, onde surge o sol do meio-dia. Esta zona é muito indicada para ter flores de muitas cores, pois funciona como a montra do nosso jardim.
• Do lado poente evitamos plantas ou muros muito altos de forma a poder utilizar os últimos raios de sol do final do dia. Assim, preferimos arbustos e outras plantas de pequeno porte.
Deve utilizar plantas autoctones e métodos tradicionais para evitar gastos desnecessários de recursos. Por exemplo, ter pastagem natural mediterrânea em vez de relva que vai exigir muito mais água.
Estas linhas gerais já nos dão uma ajuda, mas o mais importante é que possamos desfrutar do espaço verde e que, mesmo quando estamos dentro de casa, possamos sentir a presença e a influência do nosso jardim.
É importante que estejamos envolvidos com o jardim e, para isso, proponho que tenha um canteiro onde possa ter e cuidar de uma cultura. Pode ser uma mini horta, pode ser um canteiro de flores ou pode até ser um lago com peixes. Algo que esteja em constante desenvolvimento e que nos obrigue a estar presentes e a acompanhar o processo.
Não há nada mais terapêutico do que cortar a relva ao fim de semana, arranjar um canteiro de flores ou tratar da horta. Este tipo de atividades ajuda-nos a sentir que fazemos parte da natureza.
Se não tem um jardim, pode sempre ter uma varanda ou uma floreira no interior de casa onde cria o seu mini espaço verde.
Para além disso, no dia a dia, quando vamos passear ou trabalhar, podemos sempre escolher caminhos que nos ofereçam este contacto com a natureza. Frequente jardins públicos e parques.
Aproveite a primavera para sentir a natureza, para sentir o crescimento e desenvolvimento da vida. Se sentir vontade, pode andar descalço na relva ou abraçar uma árvore. Carregue as suas baterias.
Alexandre Saldanha da Gama é consultor de Feng Shui e autor do livro ‘Feng Shui @ Lares e Costumes Portugueses’. Estudioso de pessoas e da sua energia, criou a marca Feng Shui Integrativo através da qual orienta seminários, cursos, palestras e faz consultas de astrologia do ki das 9 estrelas. Desenvolve e acompanha in loco projetos de decoração, dá consultas de Feng Shui e faz limpezas energéticas de espaços.