Não há como argumentar e, se resistiu até hoje a favor de atividades mais intensas para queimar calorias ou tonificar os glúteos, sabe que chegou o momento de experimentar um tipo de aula diferente, porque sente que algo está realmente a mudar.
É certo que já sente que esta prática é diferente das outras, e que já ouviu falar por diversas vezes dos seus benefícios, tanto na mente como no corpo. Mas, no fundo, não há nada como experimentar e sentir no corpo.
Contudo, só depois de experimentar é que irá entender que o yoga é bem mais do que qualquer outra atividade física, por ser bem mais do que uma forma simples de exercício e por ter efeitos bem mais profundo do que os da transpiração.
As mudanças são tanto por fora como por dentro. É claro que um dos motivos para ter resistido até hoje é por ter achado, realmente, que esta não seria a melhor forma de acalmar o stresse depois de um dia “daqueles”, ou porque não iria sentir que transpirou o suficiente, pois só acredita naquilo que sempre lhe disseram, isto é, no pain no gain.
Todos gostamos de nos sentir exaustos depois de uma aula de fitness, pois assim sabemos que valeu a pena e, no yoga, não temos a certeza que isto possa acontecer.
Podem ser diversas as razões que levam uma pessoa a praticar algum tipo de exercício – perder peso, tonificar, ganhar mais energia, controlar o índice de massa corporal, ficar mais saudável ou, simplesmente, acalmar a mente – mas, em todas estas opções, os músculos são um aspeto importante na equação. Precisamos de nos desenferrujar, de sentir mais espaço no corpo, mais facilidade de movimento e flexibilidade.
Contudo, ao contrário das modalidades mais conhecidas de fitness (onde poderíamos incluir o Stretching ou o Pilates), o yoga não se baseia na execução mecânica de movimentos para a obtenção de resultados, pois os Asanas – posturas psicofísicas – são mais do que um simples conjunto de posturas aleatórias, sendo utilizadas como ancoras para consciência e para a intenção que colocamos na prática.
Outra diferença é que, na maioria dos casos, estes outros tipos de exercício são repetitivos e só acontecem, no máximo, em um ou dois planos de movimento, tal como correr ou andar de bicicleta.
Uma aula de yoga utiliza uma grande variedade de planos: movimentamos o corpo para a frente, para trás, para os lados, em torções, para cima e para baixo. E esta variedade de padrões e planos de movimento é fundamental para manter o equilíbrio funcional dos músculos e das articulações e assim promover um equilíbrio geral.
Já sabemos que o nosso corpo, ou melhor, a nossa fisiologia é afetada por más posturas, o que se traduz em tecidos (músculos) encurtados ou restringidos, e que conduz invariavelmente a desequilíbrios que podem afetar os nossos principais órgãos.
Uma prática de yoga bem organizada e construída de forma inteligente irá trabalhar o corpo nos vários planos de movimentos e de forma simétrica (lados esquerdo e direito), levando a um maior equilíbrio (músculos e articulações).
É necessário ligar o movimento corporal às flutuações da mente e ao ritmo da respiração para se distinguir o yoga do mero exercício físico. Esta conexão mente-corpo-respiração ajuda-nos a reorientar a nossa atenção para dentro e, ao cultivarmos a aptidão da auto-observação, aumenta a nossa capacidade de viver o momento presente.
Através deste processo, aparentemente simples, aprendemos a reconhecer padrões erróneos de pensamento que se foram ancorando na nossa mente e enraizando nos nossos hábitos comportamentais, sem autojulgamento. Criamos mais consciência das nossas experiências a cada momento.
É esta consciência, que vamos cultivando progressivamente, que faz com que o yoga não seja só uma repetição mecânica de tarefas. E se o nosso corpo ganhar flexibilidade neste processo, é porque a nossa mente também esteve presente.
Muitas pessoas sentem uma mudança rápida se a prática for regular; com uma prática de três vezes por semana poderá logo sentir mais “espaço” no corpo, como se todo o corpo respirasse melhor, com maior liberdade de movimentos.
Contudo, não pode simplesmente fazer uma aula de yoga por mês e dizer que cumpriu o seu objetivo, contudo não sentiu efeitos nenhuns. Como qualquer coisa que queira alterar, terá de fazer horas extra – para realmente corrigir os desequilíbrios e perceber as mudanças, precisará de ter uma prática mínima de duas vezes por semana.
Uma prática de yoga regular traz-lhe também mais consciência do seu corpo, produzindo uma sensação de melhor viver no seu corpo, de se sentir mais sintonizado. Somos um conjunto de células que vibra e o yoga é como um diapasão que nos ajuda a sintonizar, e esta sintonia é algo que podemos realmente sentir com a evolução da prática.
Benefícios do yoga nos vários aspetos do Ser
Nível físico
• Altera a nossa fisiologia (tonificação muscular);
• Melhora o funcionamento dos nossos órgãos e tecidos;
• Melhora a respiração;
• Otimiza o fluxo sanguíneo;
• Tonifica e desintoxica os nossos órgãos internos.
Nível emocional
• Traz traumas e tensões emocionais recalcadas para a consciência (Samskaras);
• Promove clareza emocional (percepção do estado emocional).
Nível mental
• Melhora o fluxo sanguíneo e de oxigénio no cérebro;
• Possibilita a presença no aqui-e-agora via auto-observação;
• Promove a clareza e estabilidade mental.
Nível energético
• Movimenta o prana (energia vital) para que esta possa fluir livremente no corpo;
• Maximiza a saúde, o bem-estar, a vitalidade e o entusiasmo, desenvolvendo uma visão mais positiva da vida.
Nível espiritual
• Desenvolve a capacidade e consciência de conexão corpo-mente-respiração;
• Possibilita e desenvolve a consciência do momento presente (permite ver sem a influência das emoções, sem julgamento);
• Permite a comunhão com o Eu interior.
Como sentir essas mudanças
Como as mudanças produzidas pelo yoga acontecem a nível celular, como poderão elas ser percetíveis? Garanto-lhe que irá aperceber-se, claramente, destas mudanças.
Jean-Pierre de Oliveira é professor de yoga, autor e um earth activist. A sua inspiradora abordagem ao yoga adapta esta sabedoria antiga à vida dos ioguis modernos como um estilo de vida além das aulas. É conhecido pelo seu estilo genuíno de ensino e instrução técnica profissional reconhecida que o tem levado a participar em diversos eventos.