O distanciamento social tem sido uma das principais recomendações das autoridades de saúde para evitar a propagação do coronavírus. Juntando a esta medida, que nos obrigou a mudar radicalmente o nosso estilo de vida, o medo de sermos contaminados, criaram-se as condições para o desenvolvimento de transtornos que afetam a saúde mental de todos nós.
O impacto psicológico resultante do isolamento e do afastamento social durante a pandemia levou ao desenvolvimento de estados emocionais desgastantes, tal como a ansiedade, a depressão e o stresse.
Os sentimentos decorrentes mais evidentes foram o medo, a tristeza e a preocupação de doença por covid-19. Estes sentimentos levaram, com frequência, à diminuição da atividade física, a um aumento do consumo de alimentos processados e a alterações do sono e dos estados de humor.
Percebe-se que a pandemia tem contribuído largamente para a ocorrência destes desequilíbrios neurofisiológicos, por ser um fator de stresse acrescido ao estado emocional mais ligado às relações da nossa vida, tanto a nível pessoal como profissional.
Burnout e boreout: compreenda estes dois conceitos opostos
Todos já ouvimos falar em burnout, mas o conceito de boreout ainda não nos é tão familiar.
O burnout resulta da combinação da exaustão física e emocional que ocorre quando um profissional é sobrecarregado no trabalho e, por consequência, a sua saúde é prejudicada.
O boreout acontece quando o profissional sente tédio ou apatia nas suas atividades laborais, por não se sentir estimulado ou, simplesmente, por não ter o que fazer.
O conceito boreout deriva do inglês “boring“, que em português significa “entediante”. O desinteresse constante pelas tarefas laborais diárias afeta diretamente a autoestima do sujeito, que não consegue encontrar um propósito na sua atividade, por sentir que não está a ser desafiado intelectualmente.
Com o tempo, desenvolve-se um sentimento de menos-valia devido à falta de aproveitamento das suas capacidades e à sensação de que não está a aprender para evoluir.
O teletrabalho obrigatório tem-se mostrado um fator relevante no desenvolvimento de distúrbios do foro emocional, que podem levar a sentimentos de desmotivação.
O afastamento físico necessário levou à quebra de envolvimento dos profissionais nos assuntos empresariais, ao colocá-los num ambiente confortável, mas distante, criando uma desconexão evidente com as entidades laborais.
As causas são, claramente, a falta de preparação e apoio das empresas, a dificuldade em conjugar trabalho e vida pessoal, a realização de horas extras com dificuldade em desligar das tarefas profissionais nas horas de ócio, e os problemas de saúde devido ao uso de equipamentos não adaptados.
Jean-Pierre de OliveiraCuide do corpo e da mente: melhora dos sintomas
A boa notícia é que o yoga poderá agir diretamente sobre os sintomas, ao diminuir a sua intensidade e produzir um efeito de alívio imediato (não prescindindo do acompanhamento por profissionais de saúde qualificados em casos de problemas psicológicos mais agudos).
De natureza fundamentalmente emocional, estes transtornos podem ser atenuados pela prática de yoga. Com esta atividade é possível desenvolver a autoconsciência, resultando numa atitude social mais positiva em geral e, assim, permitir uma melhoria da qualidade de vida.
Os benefícios do yoga
Durante a prática, um dos elementos fundamentais é a concentração no momento presente. Não há espaço para desenvolver pensamentos ansiosos sobre o futuro, uma vez que a mente fica totalmente focada no que acontece no presente.
Só com a prática da “atenção plena” é possível cuidar da saúde mental, fortalecendo a mente para se criar uma barreira de proteção contra os pensamentos negativos, os medos e as dúvidas, através do processo de despertar a consciência para outras funções do corpo, tal como a função da respiração.
Através de exercícios posturais e respiratórios com foco no presente, o yoga promove um estado de relaxamento e tranquilidade, bem como uma agradável sensação de bem-estar geral, ao estimular diferentes partes do corpo.
O yoga ajuda no combate ao stresse e à ansiedade, ao facilitar a conexão com o nosso “interior”: a respiração lenta e profunda promovida por alguns exercícios ajuda a alcançar a serenidade mental e emocional procuradas.
A troca de pensamentos desgastantes por outros mais produtivos é favorecida, ajudando no controlo das emoções difíceis e complexas, diminuindo a irritabilidade e as sensações de desespero e apatia.
O sistema imunológico fica, por sua vez, beneficiado e reforçado.
Não precisa de métodos específicos de respiração ou meditação: uma respiração consciente, lenta e profunda faz-nos logo sentir melhor.
Para obter benefícios mais evidentes poderão ser necessários alguns meses, pois à medida que desenvolve a sua prática cresce a consciência corporal e melhora o controlo da mente. Assim, poderá levar o seu organismo a trabalhar de forma mais harmoniosa e equilibrada, suavizando os transtornos psicológicos e reencontrando o equilíbrio.
Jean-Pierre de Oliveira é professor de yoga, autor e um earth activist. A sua inspiradora abordagem ao yoga adapta esta sabedoria antiga à vida dos ioguis modernos como um estilo de vida além das aulas. É conhecido pelo seu estilo genuíno de ensino e instrução técnica profissional reconhecida que o tem levado a participar em diversos eventos.
