A ciência já comprovou que o universo está em constante movimento e expansão. A expansão é, portanto, a ordem natural das coisas, é o sentido da vida.
Para nós, seres humanos, o desejo de progredir é instintivo e natural. É este desejo que nos faz sentir que precisamos de expandir para sermos felizes. O sentimento de felicidade é o nosso indicador de que estamos no rumo certo, que estamos a cumprir o nosso propósito.
Mas, por vezes, avançamos em sentido contrário: isto acontece quando desenvolvemos e ficamos presos nas emoções negativas decorrentes de sentimentos ligados à necessidade de afirmar uma posição ou uma ideologia, ou quando temos opiniões muito vincadas.
Com a manutenção destas opiniões vincadas, que remoemos de forma sistemática, será então maior a probabilidade de criarmos as frustrações que minam o nosso quotidiano.
Por exemplo, reparar na falta de bom senso dos outros (notem que o bom senso não é um conceito universal) e achar que deveriam pensar como nós, será motivo para criar sentimentos de revolta, indignação e frustração.
Estes sentimentos irão travar a nossa expansão, criando emoções desgastantes, e obrigando-nos a estagnar nas nossas vidas.
Só encontraremos a paz quando aceitarmos, realmente, que os outros podem ter uma visão diferente da nossa, sem a necessidade de convencê-los de que existe outra forma de lidar ou ver uma situação específica. Permitimos assim que os outros possam expandir-se por si próprios, sem travar a nossa própria expansão.
Escolher ser feliz e o processo de crescimento pessoal
Sempre que nos encontramos em situações em que devemos escolher ser felizes ou ter razão (ou seja, a teimar até vencermos e eventualmente criarmos situações conflituosas), acabamos, frequentemente, por escolher o “mata e esfola”, por ser bem mais rápido e por produzir um alívio instantâneo.
Ao saber que deveríamos ter ficado calados e que, mesmo assim, escolhemos conscientemente a atitude impulsiva que desaprovamos, a mente/ego delicia-se com o acontecimento, alimentando-se do remorso e da frustração decorrentes deste conhecimento, criando desta forma um fluxo de pensamentos discordantes que, por sua vez, irão criar emoções desgastantes.
Quando ouvimos a mente dizer “sabe tão bem”, quem acaba por pagar os frutos desta necessidade de superioridade, de ter razão, de “calar a boca”, de pôr os pontos nos “i’s”, quem cria uma vibração de baixo nível, somos nós. E lá se vai a nossa felicidade e o nosso sentimento de expansão.
Para conseguir fazer a escolha certa precisamos de desenvolver a nossa autoconsciência e sermos vigilantes quanto ao teor dos nossos pensamentos, uma vez que são estes que irão despertar as eventuais reações impulsivas, das quais nos iremos provavelmente arrepender.
Mas, conseguir estar atento à mente quando ela teima em dizer ou fazer o que lhe parece ser o mais óbvio, para se aliviar de qualquer situação desconfortável, requer esforço, força de vontade, e não é pera doce.
Uma história muito simples
A mitologia hindu conta uma história muito simples, entre Arjuna e Krishna, que mostra como saber se este desejo de responder é positivo ou negativo.
No Bhagavad-Guitá(BG), texto de carácter religioso, explica-se que qualquer decisão deve ser tomada pelo coração (não o coração romântico, mas o coração puro, isento do filtro das nossas emoções), e que uma decisão tomada pelo coração, qualquer que seja o resultado, será sempre a decisão certa. Sem arrependimento possível, pois a decisão tomada foi tomada com clareza e com os elementos disponíveis no momento para avaliar a situação.
Quando agimos desta forma, nunca poderá surgir arrependimento. Mas para nos continuarmos a expandir, devemos aprender a ouvir o nosso Eu interior (a consciência), em prol do nosso Ego (motivado por emoções, a mente). Devemos aprender a tomar decisões sem a influência das emoções.
Esta capacidade de agir sem motivação emocional é a nossa verdadeira intuição. A nossa capacidade de tomar uma decisão, rumo à ação, sem motivação emocional, é uma decisão isenta de influências.
A intuição é o “talento” (chamemos-lhe assim) que desenvolvemos ao silenciar a mente. Ouvir a nossa intuição será a chave para nos mantermos felizes e em expansão.
Jean-Pierre de Oliveira é professor de yoga, autor e um earth activist. A sua inspiradora abordagem ao yoga adapta esta sabedoria antiga à vida dos ioguis modernos como um estilo de vida além das aulas. É conhecido pelo seu estilo genuíno de ensino e instrução técnica profissional reconhecida que o tem levado a participar em diversos eventos.