Quando deixamos de responsabilizar os outros pelos nossos problemas e assumimos que, ao mudar a nossa forma de ver, podemos mudar a nossa forma de reagir, o primeiro passo será então procurar formas e técnicas de criar a vida que nos parece a mais adequada para sermos aceites, sem ter de assumir o papel de alguém que não somos realmente e que é o que nos mantém infelizes.
O mais provável é conseguir encontrar no yoga uma solução para atingir os seus objetivos pessoais de bem-estar e de realização.
De facto, quando decidimos praticar meditação ou yoga é sem dúvida o momento em que decidimos assumir a responsabilidade da nossa própria mudança e deixamos de acreditar que se o mundo mudasse estaríamos mais felizes (porque no fundo, também sabemos que isso nunca irá acontecer e que mantendo esta perspetiva, nada poderá mudar).
Cabe-nos a nós decidir a forma como pensamos
Está claro, todos queremos sentir-nos bem. Mas sem autoconsciência do Eu não é possível sair dos momentos de crise, do inferno criado pelos pensamentos (ego).
Cabe-nos a nós decidir o que fazer dos nossos pensamentos e qual o peso que terão no nosso caminho.
- Se alguém me aborrecer, quem está aborrecido? Sou eu.
- Se alguém me irritar, quem está irritado? Sou eu.
- Se algo me deixar frustrado, quem fica frustrado? Sou eu.
Para nos sentirmos realizados temos de dar mais atenção ao nosso “Eu” e não procurar responder ao que os outros esperam de nós.
Este é o segredo: a mudança tem como base o que temos e o que somos agora e não o que julgamos que deveríamos ter, fazer ou ser para nos sentirmos completos e sermos felizes.
De facto, é preciso desenvolver a maturidade de que para superar as limitações criadas pela nossa mente, ou seja, pela nossa forma de pensar, precisamos mudar esta mesma forma de pensar.
Com o tempo e uma prática regular, ganhamos esta maturidade, ganhamos novas perspetivas sobre os diferentes assuntos da vida, no quotidiano. E se o permitirmos, com a dose certa de humildade e de auto-observação, criaremos uma vida onde os motivos para sermos felizes são mais numerosos do que as frustrações encontradas quando não conseguimos superar as exigências que achamos que nos são feitas.
É então que teremos aprendido uma das mais belas lições da vida: tudo o que não gostamos deve levar-nos a procurar o que queremos e o que nos faz sentir bem, pois somos nós o principal e único interveniente para criarmos a pessoa que sempre quisemos ser.
Não podemos ficar a remoer vezes sem conta o que nos faz estagnar, criando assim mais motivos de frustração.
A consciência (ou autoconsciência), que se refere ao mecanismo de mudar os nossos pensamentos para nos colocarmos numa perspetiva de vida mais expansiva e gratificante, é o nosso mais precioso valor para vivermos com a certeza de que fizemos o melhor com os elementos e as condições do momento, independentemente do seu resultado. Sem remorsos ou arrependimentos possíveis.
Será suficientemente forte e corajosa para viver feliz?
É preciso determinação para oferecer o que temos de mais precioso: nós próprios. É preciso mantermo-nos conscientes, sermos ousados e fazermos mais escolhas, pois este é o propósito da nossa presença física.
Uma vida sem escolhas é uma vida sem rumo e sem crescimento possível. Quem não arrisca não cumpre a razão da existência.
Se não fizermos escolhas e deixarmos outros decidir por nós, nunca aprenderemos com os nossos sucessos ou insucessos, travando a nossa evolução, a nossa transformação, a nossa expansão como ser humano.
Jean-Pierre de Oliveira é professor de yoga, autor e um earth activist. A sua inspiradora abordagem ao yoga adapta esta sabedoria antiga à vida dos ioguis modernos como um estilo de vida além das aulas. É conhecido pelo seu estilo genuíno de ensino e instrução técnica profissional reconhecida que o tem levado a participar em diversos eventos.