Crónica. Yoga: porquê integrar uma nova rotina na sua vida?

Estar bem consigo mesmo e com o mundo é uma meta que todos gostaríamos de alcançar. A sociedade atual dá-nos os meios para o fazer e a liberdade de poder escolher as atividades que queremos, desde que ajustadas à nossa agenda, sempre muito preenchida, e aos nossos objetivos pessoais.

Ao longo do tempo tenho recebido muitas perguntas sobre os benefícios de uma pratica regular de yoga como complemento da prática de desporto. Acredito, de facto, que as duas podem ser complementares, mas não têm de ser.

Yoga ou desporto vs. yoga e desporto

No desporto deparamo-nos com um aspeto mais ligado à competitividade, o que nos pode desmotivar quando o corpo não está preparado.

No yoga encontramos muitas vezes um contentamento ligado ao desenvolvimento da autoconsciência (que nos permite adaptar melhor a nossa prática física ao estilo de corpo que temos), ao criar novas rotinas que visam disciplinar-nos para melhorarmos a nossa condição física e, paralelamente, estabilizar nosso estado emocional.

O yoga poderá, então, ser um ótimo complemento a outras atividades, mas também poderá ser abordado como atividade principal.

Costumo dizer que o yoga não é para todos, é principalmente para quem tem o desejo de querer mudar por fora e por dentro. De qualquer forma, poderemos sempre integrá-lo na nossa rotina de bem-estar de várias formas, dependendo sempre do nosso objetivo.

Rotinas de yoga possíveis

Aqui estão as formas de incorporar o treino na sua rotina:

• Yoga como pré-treino: como alongamento e preparação mental;
• Yoga como treino: definir qual o tipo mais adequado aos seus objetivos pessoais de mudança (mais ou menos dinâmico e intenso);
• Yoga para recuperação de treinos intensos (terapêutico ou restaurativo).

Preparar o corpo

Quando chegamos à conclusão de que algo deve mudar, quando estamos decididos a subir um degrau no nosso bem-estar para obtermos mais satisfação, queremos agarrar o “touro pelos cornos” e começamos sempre pelo mais visível. Queremos mudar a nossa aparência, perder peso e/ou tonificar o corpo.

É então que decidimos atirar-nos de cabeça em atividades que prometem resultados rápidos, visíveis e em prazos reduzidos.

Mas estas atividades, que nos oferecem mudanças radicais, podem ser demasiado exigentes para nós. Podemos acreditar estar prontos mentalmente, mas fisicamente poderá não ser bem o caso.

O que é certo é que temos, muitas vezes, “os olhos maiores do que a barriga” e podemos acabar por criar lesões que irão demorar meses a curar e impossibilitar qualquer atividade física, trazendo sofrimento físico, desânimo e perda de força de vontade.

Se modalidades como o running e o cross fit não servem para nós, então o que nos resta? Nada, pensamos. E é aqui que se considera o yoga como uma possível forma de exercício físico.

O yoga como complemento ou atividade única

No fundo, o yoga é uma forma muito completa de recondicionar o corpo e a mente, e é por isso visto e utilizado como um complemento ideal a outras atividades físicas mais radicais. Nestes casos, acaba muitas vezes por se confundir com aulas de stretching, perdendo a sua componente mais espiritual e filosófica.

Pode sim ser praticado como complemento de outras práticas desportivas, mas também quando sentimos que não nos encaixamos em mais nada. E quando não sabemos onde nos enquadramos, o mais provável é encontrarmos no yoga uma solução para atingir objetivos pessoais de bem-estar.

Esta metodologia incorpora várias ferramentas e traz-nos melhorias em vários aspetos, entre a conexão do corpo e mente:

• Mobilidade articular;
• Flexibilidade;
• Tonificação muscular;
• Consciência corporal e espacial;
• Consciência respiração;
• Gestão emocional/equilíbrio.

Existem vários tipos de yoga, dos mais suaves (yin yoga e yoga restaurativo), aos mais dinâmicos e exigentes (power yoga ou hot yoga), por isso, antes de qualquer prática mais explosiva, pode-se considerar esta para ganhar estrutura muscular e mobilidade, desenvolvendo a consciência corporal, que é importante na prevenção de lesões esquelético-musculares.

Além dos benefícios físicos 

O yoga não é só uma prática física, é uma metodologia completa para se alcançar o bem-estar e está envolto de uma filosofia de princípios éticos como os yamas e nyamas, aplicáveis no nosso quotidiano.

Os yamas e nyamas são os dois primeiros passos que levam ao autoconhecimento e estão incluídos numa obra: os Yoga Sutras – aforismos do yoga de Patanjali.

Os yoga sutras mostram-nos que o yoga não é só uma prática física que fortalece e traz saúde ao corpo. É, antes de mais, uma filosofia de vida. Através dos sutras, temos um caminho que nos leva ao autoconhecimento e ao equilíbrio perfeito entre o corpo, mente e espírito.

Objetivos da prática de yoga

A vontade de praticar esta modalidade responde a necessidades essenciais do bem-estar individual, ao criar disciplina física/mental. Sendo uma prática terapêutica geral:

• Mantem a forma física;
• Mantem a mente concentrada.

Com o yoga os resultados são rapidamente visíveis a vários níveis: muda-nos, por fora e por dentro. Tanto tonifica os músculos, como acalma a mente, devolve-nos a mobilidade articular e estabiliza as emoções.

Tal como já tenho escrito em vários artigos: uma prática regular de yoga traz-lhe também mais consciência do seu corpo, produzindo uma sensação de viver melhor, de se sentir mais sintonizado. Não não se trata de ser mais flexível ou mais forte, mas de encontrar o melhor ponto de equilíbrio para a saúde interior e física.

Que tal experimentar e incorporar o yoga nas suas rotinas?

Jean-Pierre de Oliveira é professor de yoga, autor e um earth activist. A sua inspiradora abordagem ao yoga adapta esta sabedoria antiga à vida dos ioguis modernos como um estilo de vida além das aulas. É conhecido pelo seu estilo genuíno de ensino e instrução técnica profissional reconhecida que o tem levado a participar em diversos eventos.