Há momentos de silêncio, ora em elevadores com estranhos, ora em festas com amigos, que queremos preencher com um qualquer tema, para evitar o constrangimento. Contudo, nem sempre nos conseguimos lembrar de algo mais interessante que a básica meteorologia.
Por isso, acabamos a constatar o óbvio. “Hoje, esteve tanto vento que quase voava ao lado de uma gaivota”, comentamos. “Com este calor, a praia já deve estar cheia”, atiramos ao ar.
Mas não precisamos de utilizar clichés para quebrar o gelo. Podemos lançar uma série de curiosidades sobre pinturas famosas que, certamente, deixarão quem nos rodeia curiosos.
Mona Lisa, de Leonardo da Vinci (1506)
A Mona Lisa é, indubitavelmente, uma das obras de arte mais conhecidas do mundo. Porém, é também das maiores desilusões que o público, especialmente o britânico, tem ao chegar ao Museu do Louvre, em Paris, onde está exposta.
Segundo um inquérito realizado pela EasyJet, já em janeiro de 2020, a 2 mil pessoas, esta é a atração turística “mais dececionante” para cerca de 86% dos turistas ingleses. Provavelmente, porque é um pequeno quadro de apenas 77 x 53 cm.
Porém, isso não a impediu de se tornar numa das pinturas mais célebres e alvo de vários ataques. Houve quem já lhe tenha atirado uma pedra ou ácido.
Desse modo, decidiram cobri-la com um vidro à prova de balas, que a protegeu, posteriormente, de um copo lançado na sua direção, em 2009.
Curiosamente, em 2015, foram realizados estudos que mostraram existir quatro retratos distintos na obra, três dos quais ficaram escondidos por trás da Gioconda que conhecemos, em camadas de tinta diferentes.
O grito, de Edward Munch (1893)
Não existe apenas uma teoria sobre o que terá motivado o artista a pintar este quadro. Enquanto uns especialistas defendem que a figura no centro da obra teve como inspiração uma múmia peruana patente numa exposição, em Paris, em 1850, outros referem uma passagem do seu diário.
Numa das entradas no caderno, datada de 22 de janeiro de 1892, Munch relata um episódio em que passeava com dois amigos em Oslo. Ao passar uma ponte, sentiu um misto de melancolia e ansiedade, que pode ter tentado reproduzir na tela.
Além disso, conta-se que a pintura foi roubada da Galeria Nacional de Oslo, na Noruega, em 1994. Na altura, os ladrões deixaram um bilhete no local a agradecer a falta de segurança no espaço, que lhes facilitou o trabalho. Todavia, no ano seguinte, foi recuperada e a segurança reforçada.
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A persistência da memória, de Salvador Dalí (1931)
Reza a história que o artista apenas precisou de cinco horas para dar vida a este quadro. Durante uma catarse criativa, Dalí pintou relógios a derreter, em diferentes posições, numa paisagem natural.
Isto aconteceu enquanto estava sozinho, no seu atelier, uma vez que a esposa havia saído com amigos. O pintor preferira ficar por casa, por se sentir maldisposto.
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A noite estrelada, de Van Gogh (1889)
Não poderíamos fazer uma artigo sobre pinturas famosas sem incluir A noite estrelada, de Van Gogh. Concebida durante o período em que esteve, voluntariamente, no hospital psiquiátrico de Saint-Rémy-de-Provence, em França, a obra mostra a vista da janela do seu quarto.
No entanto, diz-se que nem tudo é realidade. Além de ter sido pintada durante o dia, existem elementos vindos da sua imaginação. A igreja e a aldeia, que retratará a Holanda da sua juventude, são alguns dos exemplos.
Alguns estudos sugerem que o céu representa a posição exata dos astros naquele dia, o que salienta o seu grande conhecimento em astronomia.
Rapariga com brinco de pérola, de Johannes Vermeer
O trabalho de Vermeer esteve esquecido durante quase dois séculos, depois da sua morte, em 1675. Apenas depois das publicações de um crítico de arte francês, W. Thoré-Bürger, é que os olhares voltaram a orbitar em torno das obras do artista.
Contudo, ainda assim, em 1881, o quadro da Rapariga com brinco de pérola foi vendido num leilão por um valor bastante reduzido para o interesse histórico que veio, entretanto, a ganhar.
Já no que diz respeito ao quadro em si, o Museu Mauritshuis, nos Países Baixos, avança que “a pérola é apenas uma ilusão”, fruto das pinceladas de tinta branca, ora opacas, ora translúcidas.
Além disso, se reparar, não existem linhas a ligar esse círculo à orelha da figura central. Por isso mesmo, apenas se atribuiu este nome à obra muito depois de ter sido pintada.
E quem é a personagem aí retratada? É uma dúvida que ficará para sempre na história. Contudo, há quem aposte que seria uma empregada da família, chamada Griet, por quem o artista estava fascinado.