Cultura

Glória: a primeira série portuguesa na Netflix é um retrato de espionagem

É em Glória, uma aldeia do Ribatejo, que tem lugar a produção portuguesa do serviço de streaming, a primeira desde sempre. Espionagem, ação e um toque de romance são os elementos que melhor caracterizam esta série acabada de chegar.

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Glória: a primeira série portuguesa na Netflix é um retrato de espionagem Glória: a primeira série portuguesa na Netflix é um retrato de espionagem
Marta Chaves
Escrito por
Nov. 24, 2021

João Vidal (interpretado por Miguel Nunes) é um jovem engenheiro que chega em 1968 ao centro norte-americano de transmissões, apelidado de RARET (“ra” de rádio e “ret” de transmissão), onde se transmitia propaganda ocidental para o bloco de leste – comandado pela CIA, embora não sendo assumido.

O que se vai descobrindo ao longo dos primeiros episódios é que João, filho do ex-diretor da PIDE e atual secretário de Estado da Defesa do governo de Salazar, lutou no Ultramar e, no seu regresso, os seus ideais políticos sofreram uma transformação absoluta.

Na chegada a Portugal, o engenheiro é recrutado pela KGB, a polícia secreta de Moscovo, não só para operar contra o Estado Novo, como para perceber o que aconteceu a Mia, uma agente também do KGB, que desapareceu sem deixar rasto.

O background de Glória

A história é fictícia, mas o pano de fundo é real. A RARET operou durante plena Guerra Fria e, tal como a Base das Lajes, era um centro estratégico para os EUA. Pedro Lopes, criador e argumentista também da série Auga Seca, a primeira produção portuguesa a chegar à HBO, em entrevista à agência Lusa, descreveu um pouco do projeto.

“Este projeto trouxe uma história original, não só para quem não é português, que fica a perceber o papel que Portugal teve como plataforma neste período da Guerra Fria; e também para os portugueses, porque a RARET, apesar de ser um complexo de 200 hectares onde trabalhavam 500 pessoas, continua a ser um segredo muito bem guardado ao longo destes anos todos”.

A série de espionagem e ação com 10 episódios disponível na Netflix mostra o destaque que uma aldeia pequena em Portugal teve durante o período da Guerra Fria. Com o objetivo de combater o comunismo, a RARET, criada durante os anos 50, focava-se em difundir notícias, músicas e discursos para lá da Cortina de Ferro, propositadamente para a Europa de Leste.

O medir forças entre americanos e soviéticos no controlo europeu resultou num desenvolvimento da região de Salvaterra de Magos, chegando até a criar-se uma escola, uma área residencial para funcionários e uma maternidade.

A coprodução da SPi e da RTP, realizada por Tiago Guedes tem um elenco português de luxo: Victoria Guerra, Afonso Pimentel, Adriano Luz, Carolina Amaral, Joana Ribeiro, Albano Jerónimo, João Arrais e Inês Castel-Branco.

Em comunicado, o protagonista partilha: “Glória começou para mim com o primeiro casting, foi aí que comecei a procurar o João, nas histórias da clandestinidade política. Tive o privilégio de ser como um anfitrião, era assim que me sentia, porque a cada dia chegavam mais e mais atores nacionais e estrangeiros, uns jovens e outros mais experientes, mas todos maravilhosos. Tenho orgulho de ter partilhado este trabalho com eles”

Ao longo dos episódios não se sabe bem o que esperar das personagens. João Vidal vai atuando na RARET como espião infiltrado ao mesmo tempo que se apaixona por Carolina, uma jovem prometida a Fernando, um recém-soldado que parte para a guerra do Ultramar.

No final, deixamos a nota: tudo muda no último episódio.

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