Cultura

I Love You, Now Die: a história de uma jovem que incentivou o namorado a suicidar-se

O documentário da HBO já chegou à plataforma para dar a conhecer o caso que (ainda) está a chocar os Estados Unidos da América. I Love You, Now Die mostra como a manipulação de uma adolescente de 17 anos acabou numa tragédia.

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I Love You, Now Die: a jovem que incentivou o namorado a matar-se
Marta Chaves
Escrito por
Jul. 18, 2019

“Pensava que era isto que querias. A hora chegou e tu estás preparado, só tens de o fazer! Não podes continuar a viver assim”. Esta foi apenas uma das dezenas de mensagens que Michelle Carter, de 17 anos na altura, enviou ao namorado, Conrad Roy, 18. O jovem quereria acabar com a própria vida, depois de ter confessado que estava deprimido e que não conseguia ser feliz.

O documentário da HBO sobre o caso que revoltou e chocou os EUA, em 2014, está a dar que falar não só pelos contornos que tomou, como pelas perturbadoras mensagens de texto que são agora mostradas ao público.

A história é contada em dois episódios, de cerca de uma hora, em que conseguimos compreender o background tanto de Conrad, como de Michelle, assim como o contexto em que o suicídio aconteceu.

A história de I Love You, Now Die

Conrad acabou com a sua própria vida dentro de um carro num parque de estacionamento em Fairhaven, Massachusetts, com monóxido de carbono, depois de receber dezenas de mensagens na namorada a incentivar a fazê-lo.

Na verdade, e como relata o documentário, o adolescente fez uma primeira tentativa de suicídio, na qual acabou por desistir e sair do carro e, logo de seguida, ligou a Michelle dizendo que não conseguia ir até ao fim. A namorada voltou a insistir para que ele voltasse a entrar no carro, e Conrad assim o fez. O jovem acabou por morrer.

Os dois adolescentes viviam a uma hora de distância um do outro e não estiveram mais do que cinco vezes juntos

O registo desta chamada não ficou feito e, por isso, ninguém sabe ao certo se a jovem, de facto, insistiu para que o namorado voltasse para o carro. Porém, Michelle já tinha enviado uma mensagem a uma das amigas do liceu, Samantha Boardman, que dizia: “Sam, a culpa da morte dele é minha, eu podia tê-la impedido. Eu estava ao telefone com ele e ele saiu do carro porque estava com medo. Eu disse-lhe para ele voltar para a m*erda do carro”.

Os dois adolescentes viviam a uma hora de distância um do outro e não estiveram mais do que cinco vezes juntos. A relação tinha como base centenas de mensagens de texto e chamadas telefónicas, que se transformaram numa ligação tóxica e dependente. Nos dois episódios do documentário, não só vemos a dor da família de Conrad, como conhecemos a história de vida solitária, e repleta de problemas, de Michelle.

Em junho de 2017, Michelle foi acusada de homicídio involuntário

A jovem já tinha um histórico de distúrbios alimentares graves, de depressão e de episódios de automutilação, consequentes de falta de atenção e solidão.

O que está implícito no documentário – e que foi relatado pela acusação em tribunal – é a necessidade constante de Michelle Carter em ter uma vida social, em receber atenção das colegas e de, principalmente, ter amigos. Porém, a história vai um pouco mais além e os advogados de defesa da adolescente apresentam um lado obscuro de Conrad que não tinha sido mostrado antes.

Em junho de 2017, Michelle foi acusada de homicídio involuntário, decisão à qual recorreu. Ficou em liberdade durante dois anos até esgotar todos os recursos. Em fevereiro deste ano iniciou a pena de 15 meses. Em julho, os advogados da jovem apresentaram uma petição ao Supremo Tribunal para rever o caso, mas ainda não obtiveram resposta.


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