Foram centenas as vítimas que sofreram com os abusos sexuais de Jeffrey Epstein e algumas delas, corajosamente, sentaram-se à frente de algumas câmaras para dar vida à série documental da Netflix, Jeffrey Epstein: Filthy Rich.
A história que conta a vida do milionário norte-americano mostra como conseguiu, ao longo de vários anos, construir uma rede de tráfico sexual de menores, ao lado da sua parceira e namorada na altura Ghislaine Maxwell, detida pelo FBI no início deste mês, mostrando-se agora disposta a colaborar e a divulgar nomes que tenham estado envolvidos no caso.
Foi nos anos 90 que Epstein começou a atrair jovens raparigas, com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos, para se deslocarem à sua mansão em Palm Beach, na Florida, para massagens a troco de 200 dólares. O esquema incluía também o recrutamento de outras raparigas que, na escola ou noutros ambientes frequentados por adolescentes, convidavam amigas e colegas e juntarem-se ao casal milionário após o horário escolar para estas supostas massagens.
O início dos abusos de Jeffrey Epstein
As irmãs Maria e Annie Farmer foram das primeiras vítimas a tentarem denunciar o caso, em 1996, ao departamento da polícia de Nova Iorque e ao FBI, mas sem qualquer desenvolvimento. Ainda contactaram a jornalista Vicky Ward, da revista Vanity Fair, para divulgar os abusos que sofreram, mas a reportagem não foi publicada à última da hora e percebe-se, implicitamente, porquê.
A razão é simples: Jeffrey Epstein era extremamente influente e poderoso nos vários meios económicos e políticos o que permitiu que tudo isto fosse abafado durante anos. Começou a sua carreira profissional como professor, mas mudou-se para a área da banca onde trabalhou como consultor e foi ainda investidor, ainda que o crescimento da sua fortuna suscite algumas dúvidas.
No documentário consegue perceber-se que tinha fortes laços com Donald Trump, Bill Clinton e até com o Príncipe André, ainda que nenhuma das vítimas tenha confirmado ter tido algum tipo de contacto sexual com o ex e atual presidente dos Estados Unidos. Já com a figura da realeza britânica, uma das vítimas, Virginia Roberts Giuffre, alega ter sido forçada a ter relações sexuais com André Windsor aos 17 anos, depois de Ghislaine Maxwell lhe dizer que teria de fazer o mesmo que já tinha feito com Jeffrey Epstein.
O milionário estava tão seguro de que nunca iria ser apanhado que convencia as vítimas a permanecerem em silêncio, sob ameaças e sob a premissa de que as suas vozes nunca iram ser ouvidas. Chegou, inclusivamente, a levá-las consigo de férias para a sua ilha privada, Little St. James, conhecida como “a ilha dos pedófilos”, onde decorreram uma série de violações.
Muitas destas mulheres foram forçadas a ter relações sexuais também com amigos do consultor financeiro, com quem chegaram a ter sessões de sexo em grupo.
A 6 de julho de 2019, o predador sexual foi detido por acusações de tráfico sexual e abuso de menores, mas quando ainda estava à espera de julgamento foi encontrado morto na cela com sinais de enforcamento, levando a tese de suicídio a ganhar força. Porém, depois de o irmão de Epstein ter requerido uma autópsia independente, o médico-legista Michael Baden afirmou à Fox, e o disse neste documentário, que o multimilionário foi assassinado.
No final, as vítimas dizem não ter tido a justiça esperada, uma vez que Jeffrey Epstein nunca chegou a pagar pelos seus crimes.
A série documental é composta por quatro episódios e está disponível na plataforma de streaming.