Os 15 melhores livros de 2020, segundo a nossa editora de bem-estar

Colson Whitehead voltou a ganhar o Pulitzer Price com o brilhante livro Os Rapazes de Nickel. Uma obra que retrata a luta pela sobrevivência num reformatório, onde a cor da pele dita a crueldade dos castigos.

A história é baseada em factos reais e tem um final surpreendente. Num ano em que a descriminação racial nos Estados Unidos esteve na ordem do dia, este é um livro obrigatório para se perceber que é um problema que tem séculos e não uma moda, como alguns tão erradamente teimam em dizer.

É o nosso melhor cronista e descreve Portugal e os portugueses como ninguém. Ao ler As 100 Melhores Crónicas de Miguel Esteves Cardoso é impossível ficar indiferente ao seu apurado sentido de humor e pensar que tanto daquilo que escreveu no passado ainda faz tanto sentido e que houve coisas que nada mudaram desde a década de 80, altura das primeiras crónicas que surgem no livro.

No fim, fica-se com vontade de ler muitas mais crónicas.

Trinta anos volvidos, a editora e escritora Vanessa Springora relatou a relação abusiva que teve com o escritor Gabriel Matzneff quando tinha apenas 14 anos e ele 50. Consentimento é um testemunho preciso de como a pedofilia pode ser aceite pela sociedade, neste caso, até a própria mãe da vítima e o seu círculo de amigos do meio intelectual, sabiam e nada fizeram para lhe pôr um ponto final.

Neste relato, percebemos que o escritor escreveu sobre as suas práticas pedófilas nos livros sempre tão aplaudidos pela crítica.

Lançado a título póstumo, A Cidade do Vapor reúne 11 contos de Carlos Ruiz de Zafón, que são também um encontro com algumas das personagens da saga O Cemitério dos Livros Esquecidos da qual fazem parte títulos como A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo, O Prisioneiro do Céu e O Labirinto dos Espíritos. O autor, um dos grandes nomes da literatura espanhola, morreu em 2020.

É mais um livro extraordinário de Elizabeth Strout e nele entra-se numa povoação costeira do Maine, nos Estados Unidos, pela mão da temida ex-professora de matemática Olive Kitteridge.

Pelo livro, pululam personagens destroçadas pela vida e com histórias que se vão entrelaçando e que nos mostram o quão importante é a empatia, algo que a personagem principal vai aprendendo com todas as outras.

Foi com Rapariga, Mulher, Outra que Bernardine Evaristo ganhou o Man Booker Prize. Neste livro, tocou em temas tão atuais como identidade de género, classes socais e emigração pela voz de 12 ricas personagens.

Não há livro de James Baldwin que dececione. O Quarto de Giovanni é uma trágica história de amor entre dois homens na Paris dos anos 50, mas a sensação é que poderia ser hoje sem grandes alterações, porque o preconceito ainda persiste.

A relutância de David, norte-americano, em assumir a relação é o princípio do fim dos seus dois relacionamentos, com Giovanni, um barman italiano, e com Hellas, a suposta namorada. Este foi o segundo romance de James Baldwin, que além de escritor e dramaturgo se destacou como ativista dos direitos civis.

O poder dos laços familiares está bem patente neste livre infantil (mas que os adultos devem ler) de Valter Hugo Mãe.

Em Serei Sempre o Teu Abrigo, os avós são descritos poeticamente pelo neto. E uma das frases que fica na memória é tão 2020: “As pessoas abrigam-se umas nas outras. Mesmo ausentes, nossos abrigos existem. Estamos debaixo da memória.”

O livro A Nossa Parte da Noite é gigante no tamanho, mas também no conteúdo. Nele, percorre-se os horrores da ditadura argentina ao ritmo de várias histórias, onde se misturam temas como a família, o poder e o sobrenatural.

Este livro de Mariana Enriquez já foi comparado com grandes obras da literatura latino-americana, como Cem Anos de Solidão, Rayule e 2666, e tem aquele misticismo de que tanto gosto nos autores da América-Latina.

O Teu Corpo É Teu é o pretexto ideal para abordar um tema nem sempre fácil: o consentimento. Rachel Brian, autora e ilustradora, consegue de uma forma leve e com muito humor ensinar como é que as crianças (dos 6 aos 12 anos) devem impor limites aos outros em relação ao seu corpo, transmitindo a mensagem que cada pessoa manda no seu.

Terra Americana é daqueles livros que não se consegue largar. Cada linha, enquanto acompanhamos a fuga de uma mãe e de um filho, após terem escapado ao assassinato de toda a família por um cartel de droga mexicano, é um doloroso murro no estômago e um alerta para o que passam os migrantes e refugiados um pouco por todo o lado sempre que arriscam a vida para fugir da miséria e, muitas vezes, de uma morte certa.

Coração Rebelde reúne seis ensaios da escritora e ativista indiana Arundhati Roy, a autora de Deus das Pequenas Coisas. As suas brilhantes palavras são uma ode à justiça, liberdade e à defesa do meio ambiente, temas tão importantes nos dias de hoje.

José Luís Peixoto regressou à poesia, 12 anos depois. Os poemas de Regresso a Casa ‘viajam’ entre a infância e aventuras pelo mundo, tendo a casa como o local onde se regressa sempre. Família, solidão, amor são alguns dos temas abordados, em forma de recordações em tempo de pandemia.

Podemos ser aquilo que queremos. Esta é grande mensagem para os mais pequenos do livro Eu Vou Ser que junta novamente André Letria e José Jorge Letria, filho e pai.

Cada página está dividida em três e as combinações possíveis permitem a criar 4096 personagens diferentes, a partir das 16 iniciais. Esta obra celebrou os 30 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança, uma parceria da Pato Lógico com a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens.

Contra Mim é o livro mais pessoal do grande Valter Hugo Mãe. O escritor leva-nos até à sua infância passada entre Angola, Paços de Ferreira e Caxinas. Escrito em tempos de pandemia, este livro mostra os passos dados pelo escritor até a escrita se ter tornado a sua profissão e até mostra como a sua vida entra também nos seus romances.