Cultura

Seaspiracy: Pesca Insustentável, o documentário que quer acabar com o consumo de peixe

É a mais recente produção da Netflix e está nas bocas do mundo pelas piores razões: afinal, o problema número um dos oceanos é a pesca, e não o plástico. Seaspiracy: Pesca Insustentável traz toda uma nova perspetiva sobre o consumo de animais marinhos.

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Seaspiracy: Pesca Insustentável, o documentário que quer acabar com o consumo de peixe Seaspiracy: Pesca Insustentável, o documentário que quer acabar com o consumo de peixe
© Unsplash
Marta Chaves
Escrito por
Abr. 13, 2021

A fórmula não difere muito de Cowspiracy: O Segredo da Sustentabilidade, lançado em 2014, o documentário que apontava a agropecuária intensiva como uma das principais causas da destruição e poluição do planeta. Na altura, provocou uma enorme revolta e houve até quem deixasse de consumir carne após os dados chocantes revelados pelo documentário que teve Leonardo DiCaprio como produtor executivo.

Aliás, o criador de Cowspiracy, Kip Andersen, é agora produtor-executivo do novo documentário da Netflix, enquanto Ali Tabrizi, um jovem britânico de 27 anos, é o protagonista de Seaspiracy. Apaixonado pelos oceanos, Tabrizi decide investigar a fundo a causa do deterioramento dos oceanos.

Numa primeira instância, pensamos no plástico como o inimigo primário de toda a fauna aquática, mas o que Ali Tabrizi mostra é que a pesca industrial é a responsável por matar a vida marinha indiscriminadamente, muitas vezes sem ser para consumo.

Um dos conjuntos de imagens mais chocantes do documentário mostra a morte de dezenas de golfinhos em Taiji, no Japão, apenas porque se alimentam de atum – e assim, estão a “roubar” uma espécie de peixe consumida pelos humanos, ou seja, são vistos como uma espécie de competição.

Outro facto divulgado por Seaspiracy: Pesca Insustentável é a inércia das organizações de salvação dos oceanos que nunca falam da pesca como um ataque à vida marinha. Muitas destas instituições não aceitaram dar entrevistas e outras contradizem-se em relação ao seu objetivo de ajudar o planeta.

É o caso da Dolphin Safe e da Marine Stewardship Council, que oferecem selos a cadeias de alimentação, certificando-se que não foram mortos golfinhos, nem foram postas em causa outras espécies marinhas na pesca levadas a cabo por aquelas marcas em específico. Contudo, tal não corresponde à verdade.

Numa entrevista constrangedora, Mark Palmer, responsável pela organização internacional do selo Dolphin Safe, admite que, de facto, não se consegue garantir a segurança destes animais. A distribuição destes selos torna-se assim numa gigante mentira para o consumidor, uma vez que o documentário acusa a organização de beneficiar a indústria piscatória.

Nem tudo são rosas em Seaspiracy: Pesca Insustentável

Tal como aconteceu com Cowspiracy, houve partilhas de utilizadores nas redes sociais que revelaram que iriam deixar de comer peixe, mas também houve a reação inversa.

O documentário de 90 minutos está a causar alguma indignação por apresentar factos que não são credíveis. É o caso de uma afirmação que declara que os oceanos iriam ficar vazios em 2048, retirada de um estudo de 2006, que, entretanto, já foi desmentida pelo próprio autor.

Também as próprias organizações que participaram no documentário acusam a produção de incluir frases fora do contexto. David Phillips, diretor do International Marine Mammal Project, diz que a produção da Netflix “distorce grosseiramente” a missão da instituição e que “os níveis de abate dos golfinhos foram reduzidos em 95%, evitando a matança indiscriminada de mais de 100 mil golfinhos todos os anos”.

Seaspiracy: Pesca Insustentável é, sem dúvida, um documentário controverso que nos faz pôr em causa a forma como consumimos peixe e que nos coloca à frente uma realidade ainda pouco conhecida.

Já está no top da Netflix há algumas semanas e é um must-watch para quem procura saber mais sobre a sustentabilidade da Terra.

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