O Crime do Padre Amaro, o polémico romance histórico está de regresso ao ecrã
A nova série do realizador Leonel Vieira é inspirada no romance clássico homónimo, da autoria de Eça de Queiroz. 148 anos depois da primeira publicação, o enredo continua a chocar o público português. Descubra mais sobre esta adaptação ao ecrã pequeno.
A história de amor proibido está de volta aos ecrãs portugueses, desta vez pela visão do realizador Leonel Vieira. A série, filmada em Leiria, capta o enredo da obra de um dos maiores romancistas portugueses, Eça de Queiroz, em seis episódios repletos de crítica, romances improváveis e corrupção.
Esta adaptação ao pequeno ecrã conta com a atriz Bárbara Branco, que aprendeu a tocar piano e a bordar para a minissérie, e com o seu namorado José Condessa. O casal assume os papéis principais em O Crime do Padre Amaro, e a paixão entre ambos é visível tanto na série como fora desta.
Os capítulos, cada um com cerca de 45 minutos, reúnem a cronologia de uma relação entre um pároco e uma jovem adulta, e contam com um orçamento de cerca de 1,2 milhões de euros, 200 mil destes por parte do Município de Leiria.
Para além dos dois jovens protagonistas, a série conta ainda com grandes nomes da televisão portuguesa, como José Raposo, Diogo Martins, Filomena Gonçalves e Joaquim Nicolau.
O enredo
Eça de Queiroz inspirou-se na cidade de Leiria para escrever O Crime do Padre Amaro, considerada uma das suas melhores obras de literatura. Depois de ser nomeado administrador do concelho da cidade, em 1870, aproveitou para explorar aquele que seria o cenário do seu livro.
A história foca-se no romance entre Amélia, de 23 anos, e Amaro, um pároco acabado de chegar a Leiria. A paixão proibida começa a crescer entre os dois, e a moralidade de ambos é colocada à prova. A solução? Encontros secretos.
Esta ideia surge depois de Amaro descobrir os momentos em segredo partilhados por Cónego Francisco Dias e São Joaneira, mãe de Amélia, que vivem um romance condenado.
Como não poderia deixar de acontecer, a obra termina em tragédia, deixando a leitora (e agora espectadora) a questionar o papel da fé e da religião, tão enraizada na cultura portuguesa.
As 674 páginas de crítica ao clero masculino foram publicadas em 1875, numa altura em que Deus e os seus devotos eram inquestionáveis, o que sem dúvida causou protestos por parte da Igreja Católica.
A Rota d’ O Crime do Padre Amaro
Foi anunciado pelo presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, que a Rota d’O Crime do Padre Amaro vai voltar a ser realizada.
Esta percorre os seis locais da zona histórica da cidade referidos na obra de Eça de Queiroz: Largo 5 de outubro, ruas Afonso Albuquerque, da Misericórdia, Travessa da Tipografia, Largo da Sé e Casa do Sineiro.
Este roteiro permite recuar a 1870 e mergulhar no enredo que explora os desejos humanos e o abandono dos princípios religiosos.
Pode participar nas visitas guiadas de 29 de janeiro a 26 de fevereiro, aos domingos.
Outras adaptações
Na verdade, não é a primeira vez que a obra de Eça de Queiroz é transportada para o ecrã.
Em 2005, o realizador português Carlos Coelho da Silva deu vida ao Crime do Padre Amaro com a ajuda de vários atores de renome, como Jorge Corrula no papel de Padre Amaro Vieira, Soraia Chaves como Amélia e Nicolau Breyner como Cónego Francisco Dias.
Apesar de incluir várias cenas de conteúdo sexual explícito, a longa metragem, que acentua a crítica a homens do clero, foi bem recebida pelo público português e é agora um clássico da cultura cinematográfica do País.
O Crime do Padre Amaro estreou na RTP 1, e todas as semanas poderá assistir a um novo capítulo.