Succession é como se fosse (numa comparação totalmente superficial) uma espécie de A Guerra dos Tronos dos tempos modernos, sendo que existe apenas uma família a lutar pelo lugar de topo de uma gigante empresa de media, a Waystar Royco, fundada pelo pai, Logan Roy.
Logan tem 80 anos e é CEO da empresa que ele próprio criou. Pela idade, e depois de um problema de saúde, os boatos de que deveria abandonar o cargo surgem e a linha de sucessão coloca Kendall Roy, o seu segundo filho mais velho e o que esteve sempre na linha da frente dos negócios da empresa, na lista como próximo CEO do império.
Ainda que esta fosse a narrativa óbvia, há muito mais a acompanhar o drama da HBO. Logan Roy tem mais três filhos: Connor Roy, o mais distanciado da vida profissional do pai, Roman Roy, irmão de Macaulay Culkin de O Sozinho em Casa, mais extravagante e sem filtros, e por fim Siobhan Roy, a irmã, mais ligada à vida política, mas de alguma forma tem opinião sobre os negócios familiares.
As lutas de família, as manipulações, as traições e a sede pelo poder conduz a narrativa criada Jesse Armstrong, ao mesmo tempo que liga as evidentes relações pessoais e profissionais entre os media e o governo norte-americano.
Além disto, e como é frequente nestes gigantes da indústria, conhecemos como funciona o encobrimento de casos como assédio sexual, por exemplo, e como o suborno se torna a moeda de troca mais evidente de quem tem dinheiro.
O império criado por Logan Roy tornou-o a si, e a toda a sua família, numa das famílias mais importantes dos EUA. Transportam-se em jatos privados, helicópteros, têm casas espalhadas por todo o mundo (algumas delas já esquecidas), chefs privados, acessos a todo o tipo de drogas e não lhes é imposto limites em nada.
A luta pelo cargo de CEO é transversal entre a primeira e segunda temporada e, sem revelar demais, o final de ambas deixa sempre o espetador de queixo caído.
Logo a seguir a Watchman e The Marvelous Mrs. Maisel, Succession tem agora 18 nomeações para os Emmys, incluindo a Melhor Série Dramática. O evento apresentado por Jimmy Kimmel decorre a 20 de setembro, mas sobre moldes muito diferentes, pois não haverá público e será transmitido virtualmente.
Mais do que a narrativa, a aposta da HBO merece ser vista pelo humor negro que surge tantas vezes de forma inesperada, pelos fantásticos papéis interpretados por todas as personagens, pelo visível choque de gerações nas empresas de media e pela fabulosa banda sonora que embrulha todas as cenas de forma tão harmoniosa.
Antes da cerimónia da entrega de prémios, dê uma oportunidade a Succession.