* Na rubrica #PowerWorkGirls reunimos histórias de mulheres empreendedoras que todos os dias nos inspiram a perseguir os nossos sonhos. Mulheres que arriscaram sem medos, que trocaram o futuro por presente e o sonho por realidade, e iniciaram assim um árduo caminho em busca da felicidade, realização e reconhecimento.
Formada em design gráfico e publicidade, Vanessa Teodoro já tem no seu portefólio colaborações com as maiores marcas de moda do mundo. Da Louis Vuitton à Coach e Lacoste, o seu estilo de ilustração ousado e gráfico não passa despercebido e é sem dúvida a imagem de marca da artista visual.
Natural da África do Sul, a ilustradora começou a dedicar-se exclusivamente à sua arte em 2009. Com um gosto especial pela street art, já tem vários murais espalhados pela capital portuguesa com os seus padrões gráficos de cores fortes, como por exemplo no Lisboa Comedy Club e no Hotel 1908.
Vanessa Teodoro foi recentemente desafiada pelos Armazéns do Chiado a criar a imagem da nova campanha de comunicação institucional. O objetivo? Capturar os elementos característicos de Lisboa, como o rio, as encostas e os vales, dando-lhes vida e combinando-os com o agitado ritmo da cidade.
A Saber Viver falou com a artista que nos contou qual a fonte da sua inspiração, a rotina que segue para quando começa um novo projeto e como foi participar nesta nova campanha.
Entrevista a Vanessa Teodoro
Onde vai buscar inspiração para as suas peças?
A inspiração às vezes nem sempre vem quando queremos. Por isso, é bom ter como base as influências que me marcaram muito, como as dos locais onde vivi ou viajei.
Inspiro-me também no percurso artístico de alguns dos meus artistas favoritos como o Sol LeWitt, Ettore Sottsass, Milton Glaser, Keith Haring e Esther Mahlangu.
É natural da África do Sul. Como foi a mudança para Portugal?
Quando cheguei a Portugal tinha quase 10 anos e o choque cultural foi enorme. Senti que as coisas dos anos 90 no País eram demasiado relaxadas e até desorganizadas.
A cultura latina e a predominância do patriarcado refletia-se muito na falta da presença feminina na politica, e não só.
Quando somos mais novos achamos que podemos mudar o mundo, agora com mais uns anos em cima, e com uma visão mais clara de o que gosto realmente de fazer (criar arte), sinto-me realizada com os pequenos passos que dou, com o intuito de mudar a forma como as pessoas veem o mundo.
E de que forma os sítios que visitou ou viveu a influenciam?
Muito do meu trabalho tem então rasgos de inspiração sul africana, através dos padrões e até do preto e branco.
Gosto que o meu trabalho seja um espelho daquilo que já vivi e do que sou. Quando comecei a ir mais à China em trabalho, acabei por utilizar mais o vermelho e dourado nas minhas peças.
Como é que a experiência internacional a ajudou a progredir a nível profissional?
Tanto na ilustração, como nos meus murais, nas telas ou instalações que faço, o facto de ter um reconhecimento de marcas internacionais ajuda-me a ser mais segura do que faço, a não ter tanto medo de arriscar e experimentar coisas novas. Às vezes, num mercado mais conservador como ainda é o português, isto é visto como estranho ou arriscado.
Tem algum ritual quando começa um novo projeto?
Geralmente faço uma limpeza ao meu atelier e tiro um dia para dar uma volta, ver uma exposição, estar na Natureza e não pensar em trabalho (porque limpar a mente também é importante).
Como foi a mais recente experiência com o projeto dos Armazéns do Chiado?
A oportunidade de colaborar com marcas de todo o mundo ajuda-me a crescer cada vez mais como artista, mas é a criar para marcas nacionais tão reconhecidas como os Armazéns do Chiado que sinto um orgulho especial.
Como se inspirou para este novo desafio profissional?
Em parceria com a agência de comunicação Brandhunters, quisemos trabalhar com dualidades e contrastes. O bairro antigo e cheio de história do Chiado contrasta com uma abordagem visual mais moderna e contemporânea, tanto pela utilização gráfica e clean dos meus padrões, como pela forma disruptiva que é utilizada o preto e branco.
Esta campanha mostra a forma como os Armazéns acompanham a atualidade na arte, moda e lifestyle. Dentro dos três layouts, criei grafismos inspirados no movimento e azafama do centro da cidade e nos altos e baixos das nossas sete colinas. Estes têm ainda uma vertente mais de arte urbana, através do meu lettering as frases que descrevem tão bem os Armazéns “The (He)art of Lisbon / O coração da cidade”.
O que é para si saber viver?
Saber viver, para mim, é saber valorizar as coisas pequenas que damos como garantidas. Somos programados a querer mais e mais, vivendo a eterna busca da próxima coisa, objetivo, trabalho ou relacionamento.