Deve-se deixar uma criança dormir no quarto dos pais? 5 dúvidas esclarecidas
Deitar as crianças pode ser uma tarefa extremamente difícil para os pais. Uma psicóloga dá-lhe alguns conselhos do que deve ou não fazer.
Dormir com luz acesa ou apagada? Devemos deixar as crianças usarem um tablet ou um telemóvel antes de dormir? As perguntas são pertinentes e Andreia Neves, cardiopneumologista especializada em sono pediátrico, responde.
5 questões a esclarecer
As rotinas podem ser a resposta certa para um sono profundo e revigorante nas crianças. Siga estas estratégias.
1. Dormir no quarto dos pais
“Não há evidência científica que mostre que a partilha de quarto ou da cama com os pais faça com que a criança seja menos autónoma ou se desenvolva pior, portanto nunca é um problema se todos estiverem felizes com isso”, diz Andreia Neves.
Contudo, quando dorme na mesma cama, geralmente, não é assim, “até porque uma criança de 2 ou 3 anos mexe-se muito durante a noite. O problema maior é os pais gerirem a cama partilhada em função do seu nível de cansaço, ou seja, se estão cansados, levam a criança ao primeiro despertar para a sua cama; quando não estão tão cansados, fazem tudo para que fique na cama dela. Isso só gera instabilidade. As recomendações dizem que as crianças deveriam permanecer no quarto dos pais até, pelo menos, aos 6 meses”.
2. Dormir com luz
Para Andreia Neves, a luz prejudica sempre a qualidade de sono, mesmo que a criança não acorde durante a noite e durma as mesmas horas. “Tão cedo quanto possível, devemos habituá-las que dormir é em escuro cerrado.”
3. Ecrãs
“Temos de ser realistas e os ecrãs fazem parte da nossa vida, mas até 1 ano, o ideal é não haver exposição ou ser o mínimo indispensável. Depois de 1 ano, a criança pode ver períodos de 30 minutos de desenhos animados, idealmente nunca depois das 17h, porque a luz do ecrã altera o nosso ciclo de melatonina.”
E alerta: “Ver vídeos no Youtube é pior do que ver um filme, porque são vídeos pequenos e os miúdos estão constantemente a fazer zapping. Há, por isso, uma hiperestimulação do cérebro, além do malefício da luz”.
4. Deixar as crianças chorar na cama
“Já ninguém deveria fazer isso”, garante Andreia Neves. “Temos de dar autonomia à criança, mas não dessa forma em que apenas tem a perceção do abandono. Até 1 ano de idade, o bebé pode adormecer ao colo ou a ser abanado ou a amamentar, mas depois esta não pode ser a única estratégia.”
Continua ainda, “Quando uma mãe ou pai me diz que um filho de 2 anos ainda acorda para beber um biberão de leite durante a noite, a frase está errada; deveria ser algo como ‘o meu filho acorda de noite e ainda lhe dou biberão’. Por que é que uma criança de 2 anos não bebe já leite num copo ou caneca? Assim, desassocia o biberão do conforto”.
5. A rotina é fundamental
“Há inúmeras evidências científicas que nos mostram que a regularidade de horários é fundamental para crianças e adultos. Em cada célula do nosso corpo, existe um gene relógio e todas as nossas funções metabólicas funcionam melhor quando temos horários regulares. Claro que não vivemos a contar os minutos e as exceções existem, mas não podem ser o fim de semana todo, por exemplo”, salienta Andreia Neves.
A especialista em sono pediátrico diz que não se deve forçar uma criança a adormecer, mas sim evitar estímulos desnecessários e ir reduzindo o nível de alerta.